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Alerj na mira de Fátima Pacheco

De Quissamã à Embratur, a política fala sobre sua atuação nos municípios do interior e o projeto para a Assembleia Legislativa.

Entrevista
Por Aloysio Balbi
30 de junho de 2025 - 0h01
Foto: Secom

Com uma vasta experiência na vida pública, Fátima Pacheco trabalha para atingir novos desafios na política. Prefeita de Quissamã por oito anos, vereadora por dois mandatos e presidente do Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento do Norte e Noroeste Fluminense (Cidennf) por quatro anos, a assistente social revela que prepara a sua candidatura para deputada estadual no ano que vem.

Em entrevista ao J3News, ela conta que o sonho de uma vaga na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) é para continuar trabalhando para o fortalecimento da política regional, valorizando as potencialidades dos municípios. Neste sentido, ela já vem desenvolvendo esse tipo de ações em seu novo cargo, desde fevereiro, quando foi nomeada Coordenadora de Parcerias Regionais da Embratur. Ao lado do presidente Marcelo Freixo, ela percorre as cidades expandindo o Turismo para atrair cada vez mais visitantes.

Você sempre foi conhecida por ser uma prefeita atuante, que participava de praticamente todas as ações de Quissamã. Hoje, seis meses depois da finalização do seu mandato de oito anos, quais são os seus principais desafios? Há uma saudade da correria do executivo?
Sou a primeira mulher eleita e reeleita prefeita de Quissamã e sempre agradeci aos quissamaenses a oportunidade de ter liderado a cidade por oito anos. Foi um período especial, de avanços em políticas públicas importantes em diversas áreas, como na Saúde, Educação, Assistência e outros. Deixei o cargo no último dia de 2024 com a consciência tranquila de que todas as horas de trabalho foram essenciais para essa caminhada. Me preparei para esse momento de deixar a cadeira de prefeita, assim como também fiz quando deixei de ser vereadora e secretária municipal. Ainda é muito recente, a experiência e as histórias ficam na memória e são lembradas com muito carinho. E nas ruas até hoje sinto esse carinho da população. Continuo olhando por Quissamã, sendo moradora e defendendo a minha cidade em todas as situações, mas hoje de uma forma diferente. Sou assistente social concursada da Prefeitura há mais de 30 anos, mas hoje estou cedida para a Embratur, onde sou Coordenadora de Parcerias Regionais. Ao lado do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, realizamos um trabalho de expansão do Turismo do Estado do Rio para atrair cada vez mais visitantes, com desenvolvimento garantido. Por isso, esses projetos também abraçam Quissamã, que tem um vasto repertório turístico para garantir renda e trabalho para a população.

Como tem sido o desenvolvimento do trabalho na Embratur?
Tem sido uma experiência muito interessante visitar as cidades e conferir de perto o potencial do Turismo do nosso estado. Em muitos casos, o Turismo ainda é uma riqueza que precisa ser explorada de uma forma mais profissional, para atrair os visitantes e se consolidar como fonte de desenvolvimento econômico. Com um trabalho muito bem conduzido pelo presidente Marcelo Freixo, a Embratur está se aproximando de quem atua na ponta, estabelecendo diálogo direto e promovendo parcerias com todos os municípios, sem distinção de área geográfica ou número de habitantes. Estamos investindo muito na capacitação de agentes públicos e privados em turismo, uma das áreas de maior sucesso do governo federal. Na última semana, por exemplo, participei de um encontro, intermediado pelo Freixo, com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que contou com uma caravana de mais de 20 prefeitos. Foi a primeira vez que o BNDES recebeu uma comitiva de prefeitos de diversas regiões do estado, com o presidente Mercadante apresentando as inúmeras possibilidades de parceria para além do turismo nas nossas cidades. Tivemos inúmeros representantes do Norte e Noroeste Fluminense, o Léo Pelanca, presidente do Cidennf e prefeito de Italva, apresentando suas propostas, e a ideia de um ‘BNDES perto de você’, com representação em regiões mais para o interior.

A sua experiência como presidente do Cidennf te ajuda nessas visitas pela Embratur?
Com certeza. Nos quatro anos como presidente do Cidennf, os municípios iniciaram o desenvolvimento do projeto “Rota Caminhos do Açúcar”, que é um roteiro turístico que abrange cidades do Norte e Noroeste Fluminense, para promover o turismo rural, cultural e religioso, visando fortalecer a identidade cultural, o sentimento de pertencimento e impulsionar o desenvolvimento econômico local. O projeto avançou muito, com cursos profissionalizantes, orientações e um festival que apresentou os municípios para um grande público. No ano passado, o presidente Marcelo Freixo conheceu o Caminhos do Açúcar e ficou bastante entusiasmado com o projeto e participou até de um evento na Fazenda Machadinha, em Quissamã. Desse contato, surgiu o convite para eu integrar a equipe da Embratur. Essa experiência de ouvir cada município, de medir as potencialidades e encontrar soluções me ajuda muito nesse diálogo com os prefeitos das outras regiões do estado. É acompanhar os projetos, como as vinícolas de Areal, o desenvolvimento de Miguel Pereira e região, por exemplo.

O Turismo pode se estabelecer com um caminho de desenvolvimento econômico em todo o estado?
Sem dúvidas, e isso só será possível com apoio. Por isso, um exemplo é esse trabalho que vem sendo realizado pela Embratur, de visitar os municípios, verificar as potencialidades e também as carências estruturais. Fizemos isso com o Cidennf, com os 21 municípios, depois levamos o Festival Caminhos do Açúcar para as cidades. Mostramos que o interior tem potencial e que o Turismo Fluminense não é só na capital. Trazendo para uma forma geral, a Embratur promove o Brasil no exterior, apresentando as potencialidades regionais. Prova disso foram os mais de US$ 7 bilhões que os turistas estrangeiros gastaram no país em 2024. Porém, o desenvolvimento só é possível com capacitações e participação do setor privado.

Essa atividade está te preparando para novos desafios na política?
Tenho uma vida política movida a trabalho. Se for nessa linha, com certeza (risos). Cheguei a Quissamã há mais de 30 anos para trabalhar como assistente social e nem sonhava me tornar prefeita um dia. Com dedicação, as portas foram se abrindo, primeiro como secretária municipal de Assistência. Depois, tive duas eleições para vereadora, até ser prefeita por oito anos. Com a minha experiência na política, quero ser candidata a deputada estadual no próximo ano.

Já está conversando com algum partido?
Há algumas conversas, mas ainda não sem definição. Acredito que ainda há tempo para uma escolha. 

Como a sua experiência como prefeita, vereadora e secretária municipal te prepararam para se candidatar à Alerj?
Vivi o dia a dia da política em cargos diferentes, do legislativo ao executivo municipal, passando pela Secretaria de Assistência de Quissamã e de Trabalho e Emprego de Maricá. Nos últimos anos, participei do Cidennf, que realizou um trabalho articulado entre os municípios e as regiões do Norte e Noroeste Fluminense. Construí uma trajetória que me garante experiência para buscar uma vaga na Alerj e ser uma representante da nossa região.

Apesar do seu novo trabalho, você ainda reside em Quissamã. Tem vontade de voltar a ser prefeita?
Eu e minha família moramos em Quissamã, uma cidade que sempre nos acolheu bem. Hoje, passo a semana na estrada ou no Rio. Porém, minha base é em Quissamã. Hoje eu não tenho essa vontade de voltar a ser prefeita. Quero que a cidade continue andando para frente, com desenvolvimento e oportunidade para todos os quissamaenses. Acho que já dei a minha contribuição enquanto prefeita. Trabalhei o desapego, não fico pensando hoje na prefeitura de Quissamã. Penso na cidade e como posso ajudar de outra forma, como deputada no futuro (risos).

Na última semana, a Prefeitura de Quissamã inaugurou a galeria dos ex-prefeitos. E, nas redes, vimos que você foi muito aplaudida. Isso te orgulha, mostra que o trabalho foi bem desenvolvido?
Emociona de verdade, mostra que nosso trabalho valeu a pena. Em uma cidade pequena, conhecemos praticamente todo mundo, as crianças, adolescentes, a família toda. É uma relação muito próxima, diferente de um município maior, de uma capital. Assumi a prefeitura em 2017, com o menor orçamento comparado a década anterior, apenas mais de R$ 185 milhões e mais de 100 milhões em dívidas, com os serviços públicos precarizados e a cidade desamparada e sem perspectiva naquele período. Com nossa equipe, trabalhamos para que a credibilidade da cidade voltasse. E, depois de oito anos, deixamos um legado em todos os setores, da educação com a maior nota do Ideb da História; com uma saúde que é referência, e que até no período mais desafiador da pandemia recebemos prêmios, na área social realizamos transformações extraordinárias, priorizando a inclusão desde o bebê até a terceira idade. Com o Programa do Primeiro Emprego oportunizamos aos nossos jovens tornarem sonhos em realidade, com trabalhodigno e bolsa de estudo para faculdade. Essa é a Quissamã que quero ver para sempre, de cabeça erguida e sendo referência nacional.

Sempre acompanhamos, em suas redes sociais, que tem mantido contato com os prefeitos do Norte e Noroeste Fluminense. Você se considera uma liderança política estabelecida nessas regiões?
Sou uma pessoa que gosta de trabalhar e que deseja o desenvolvimento para Quissamã e todos os municípios da nossa região. Os prefeitos são amigos que a política me deu e a convivência é sempre muito agradável, principalmente com esse trabalho realizado pela Embratur. Temos uma safra muito boa de prefeitos e prefeitas, políticos que pensam no futuro dos seus municípios.

Desde o seu início na política, as mulheres conquistaram mais espaço na política? Como está o cenário atual?
Em Quissamã, por exemplo, fiz dois mandatos muito atuantes na questão da mulher, o que influenciou outras meninas a conquistar seu espaço. Não digo na política, mas no cenário geral. Para estudar, ocupar cargo de chefia, enfrentar desafios. No Brasil, ainda há muito o que avançar, metade das mulheres brasileiras chefiam seus lares, mas o número de mulheres que ocupam cargos de liderança no setor público e privado ainda é muito tímido. Já avançamos, mas ainda há muito trabalho a fazer e seguiremos fazendo, encorajando outras mulheres e cobrando os nossos direitos.