Ela vai ajudar a dar o tom do Arraiá Solidário do J3News na Casa de Cultura Villa Maria, no dia 19 de julho, às 16h. Larice Barreto, que buscou no estilo sertanejo a identidade de sua voz, pretende servir durante a festa um repertório que irá passear também por outros estilos musicais.
A moça, que em 2018 fez Ivete Sangalo virar a cadeira para ela no The Voice, na Globo, prepara um show ímpar, no qual tudo está sendo ensaiado, inclusive o improviso que pretende fazer com Igor Saliência, outra fera que vem para cantar na festa.
Larice, que tem uma agenda que vai de quarta-feira à domingo, é conhecida pelo seu comprometimento profissional. Cuida da voz como se ela fosse um violino soviético e evita até falar ao celular.
Faz uma distinção bastante interessante entre o que é “fama” e o que é “reconhecimento”. Reconhece que a estrada já lhe trouxe uma significativa fama, mas garante que ser reconhecida é o mais importante.
Nesta entrevista, a sertaneja fala um pouco da carreira e da estrada e destaca a nobreza das coisas como a que motiva a festa do J3News.
Essa arte de cantar começou quando na sua vida?
Tudo começou na Igreja Batista. Eu tinha nove anos e participava de tudo que se relacionava à música e ao teatro na igreja. Participava do coral e as pessoas contavam que eu era afinada. Desta forma, fui descobrindo que tinha algum talento. Era afinada e não precisei fazer aula de canto, nem nada disso no início. Meus irmãos mais velhos também se envolveram com música, sendo um produtor musical e o outro tocava bateria. Então, eu fazia parte de uma família de musicistas, de galera que gosta de música. No início eu comecei com um rockzinho na igreja, coisa de adolescente. Fui então procurando um estilo musical. Me lembro de ter feito back vocal para uma banda de axé, no Carnaval, em Quissamã. Assim começou tudo.
Percorreu outros estilos da música?
Sim. Cantei com outras bandas e outros estilos como um pagode. Foi nesse contexto que acordei para uma carreira solo e cantar o estilo que mais gostava, ou seja, o sertanejo, influenciada com toda certeza pelos irmãos Sandy e Júnior. Comecei a cantar sertanejo na época quando surgiu Luan Santana, outra influência.
Então no sertanejo você encontrou sua identidade musical?
Sim. Totalmente. Achei que minha voz modulava bem com esse estilo e já tinha passeado pelo rock, pelo samba, pagode, axé e MPB. Mas isso que você falou sobre uma identidade musical é exatamente isso. Não tenho preconceito algum em cantar outros estilos, mas em uma carreira solo na qual que apostei minhas fichas, era importante ter uma identidade musical.
Parece bem confortável você com sua identidade musical. Mas parece que tem mais coisas, como uma influência baiana nisso ou não?
Sim. Então, além do sertanejo, quando eu comecei a fazer um barzinho, eu consegui ampliar mais o meu repertório, porque querendo ou não, quando eu tinha só shows com banda, tinha que seguir aquele repertório ali, não dá para mudar muito quando você divide o espaço. Tem muito de axé nisso e do rock nacional também, assim como MPB. Você está me remetendo ao The Voice, da Globo, e ver a Ivete virando a cadeira para mim. Ver a Ivete Sangalo ali foi tudo e vou carregar isso para sempre.
Vocês até se parecem. Conta como foi isso?
Ah, obrigada. Sinal é que eu sou bonita, né? Então, foi em 2018. Eu participei do The Voice. Eu cheguei a fazer uma participação antes, tentar entrar no The Voice antes. Acho que dois anos antes… em 2016, mais ou menos. E aí não passei. Em 2018 eu voltei novamente e aí consegui entrar no programa. Quando a Ivete virou a cadeira, eu fiquei muito surpresa. Por eu ser sertaneja, eu ia querer muito que fosse o Michel Teló, ainda mais pela música que escolhi, que foi Boate Azul. No fundo estava realmente torcendo para que fosse a Ivete Sangalo, porque ela sempre foi uma inspiração. Sempre admirei a voz dela, o jeito dela, carismático de ser, tipo assim, molecona. Ela tem uma humildade rara. Então, foi muito bom. Foi uma surpresa muito boa quando ela virou a cadeira pra mim.
Algumas experiências com instrumento?
Eu cheguei a tocar violino quando era mais nova. Fiquei dois anos fazendo aulas de violino e aí parei, não fiz mais. Fiz algumas aulas de violão, mas nada que me deixasse segura para tocar e cantar ao mesmo tempo. Então, não toco nada, nenhum instrumento. Eu só canto mesmo.
E trata a sua voz como instrumento?
Sim, com certeza. Ninguém suporta fazer dois shows em um dia só, ou cantar muitas vezes de quarta-feira a domingo. É bem pesado. Então, muitas vezes eu evito até falar no celular. Tenho que tratá-la como um músico faz com seu instrumento. Isso é vital e é profissional. Isso significa que tenho cuidados gerais e pontuais quando o assunto é minha voz. Tenho trabalhado muito isso na minha cabeça. Isso tem que ficar muito fixado na gente. Não é uma estrada qualquer, e sim a estrada da nova vida onde eu vivo. Impossível fazer diferente.
Como é sua agenda?
De quarta a domingo. Geralmente, quando são dias de semana em bares, faço voz e violão, mas quando chegam os fins de semana, tem que ser banda completa. São festas particulares, aniversários. É uma agenda bem corrida.
E a coisa da carreira nacional?
Já tive mais vontade sobre isso. Hoje eu deixo tudo fluir. De certa forma, posso afirmar que tenho o reconhecimento e poder continuar trabalhando naquilo que eu gosto, ganhando meu dinheiro é algo para agradecer. Não tenho mais aquela expectativa de fama. Hoje eu não faço nada disso com expectativa de fama. Estou na estrada com minha música. Faço mais no foco de ter qualidade de trabalho, de poder trabalhar e de ser reconhecida apenas. Reconhecimento é uma coisa e fama é outra.
Mas você é bem famosa pelo que se percebe em suas redes sociais. E aí?
Vamos fechar assim: tenho o reconhecimento do meu público em minha cidade e no seu entorno, digo região. Isso me levou a ser muito conhecida. Mas, assim, eu não sou famosa, eu sou reconhecida.
Com quem você gostaria de dividir o palco, cantar junto, fazer um dueto?
Uma pergunta que eu nunca me fiz. Acho que gostaria de dividir o palco hoje com Simone Mendes, uma cantora que eu admiro muito, gosto muito do trabalho dela.
Voltando um pouco. Você acha o reconhecimento mais importante que a fama?
Eu acho assim… a fama é muito importante, é bom, mas às vezes ela não vem de uma forma certa, desejada. Muita gente que entra na fama tem que manter ali sempre o auge, músicas sempre atualizadas, músicas sendo ouvidas, porque não adianta nada você fazer uma música e só aquela música estourar e daqui a pouco você sumir. Agora o reconhecimento é tudo, principalmente em um país múltiplo como o Brasil, com muitas culturas. Mas primeiro você tem que fazer o dever de casa. E é o que estou fazendo.
Você vai animar o Arraiá J3 Solidário. O que as pessoas podem esperar?
Muita animação e muita música boa. Tô preparando um repertório diferente para essa festa. Vou misturar alguns estilos. Quero uma alegria infinita.
E se o público pedir para você e o Igor Saliência darem uma canja juntos?
Ah, com certeza, vamos fazer juntos. Igor e eu somos parceiros. A gente se encontra no palco sempre. O Igor é um excelente cantor. Admiro demais o trabalho dele, a voz dele, o jeito dele cantar, a animação, a presença de palco que ele tem. Então, com certeza vai ser uma honra. Tenho certeza de que será uma grande festa e em um lugar lindo como a Villa Maria, sem falar da nobreza dos motivos. Então, a festa será perfeita.