Divulgada nesta quarta-feira (19/03) pelo PoderData, a desaprovação do governo Lula subiu para 53%, contra 41% de aprovação. A diferença em desfavor do presidente é de 12 pontos — a maior já captada em seus três mandatos.
Em fevereiro (14), levantamento do Datafolha, com números diferentes, também apurou percentuais devastadores, divulgando que 41% dos eleitores brasileiros reprovavam a gestão Lula 3, enquanto apenas 24% dos entrevistavam aprovavam. À luz das pesquisas, trata-se de um panorama devastador para qualquer governo.
O Palácio do Planalto tem cerca de nove meses para fazer o que não fez em mais dois anos e conter a inflação, equilibrar as contas públicas e reverter a baixa popularidade e a reprovação do presidente Lula da Silva. E por que 9 meses? Porque no final de 2025 o mandato Lula-3 terá apenas mais um ano pela frente — ano eleitoral — quando a administração pública costuma ser relegada a segundo plano e o mundo político se volta para as eleições.
O trabalho que se impõe à frente, mesmo sendo o básico, não é pouca coisa, mas precisa ser feito. Não para que Lula vença ou perca a eleição, caso seja candidato. Nem para que o PT tenha ou não um bom desempenho. O mesmo valendo para quaisquer que sejam os postulantes e partidos.
Mas porque o Brasil tem que vencer as adversidades para disponibilizar à população estrutura de vida minimamente satisfatória e as pessoas de baixa renda parem de comprar carcaça de frango no supermercado porque até o ovo está custando o ‘olho da cara’.
Confrontado
Em mais um gol contra para quem já está perdendo de goleada, com as pesquisas apontando percentuais de reprovação acima da aprovação, semana passada, durante evento em Betim, Minas Gerais, o presidente demostrou que sua habilidade política e a capacidade de neutralizar embates já não são mais como antes. Ao contrário, o mandatário petista, quando confrontado, passou a acirrar, ao invés de amortecer, como fazia no passado.
A troca de farpas com governador mineiro, Romeu Zema, em duas oportunidades seguidas, mostra que Lula-3, por assim dizer, perdeu a mão. No encontro, Zema alfinetou sem disfarces, afirmando que reduziu o tamanho de sua equipe em relação a períodos anteriores e que não tem “mordomias” como chefe do Executivo de MG.
Ainda mais contundente, lembrou que “apesar de sermos o segundo estado mais populoso do Brasil, somos o que tem o menor número de secretarias: 14″. A observação tinha alvo certo: o número de ministérios do governo federal e os custos que os acompanham.
Reação e tropeço — Em dias de mais sorte, Lula teria tirado de letra. Por mais diretas que fossem as alfinetadas, certamente sairia pela tangente, talvez cumprimentasse Zema pela performance, ou daria como troco um deboche que deixaria Zema numa saia curta. Lula é Lula. Zema é Zema. A diferença, com todo respeito, é grande. E Lula da Silva não se esqueceria disso num bate-boca que só teria a perder, enquanto o outro a ganhar. Mas o presidente aceitou a provocação e reagiu sem maiores argumentos.
Mais farpas — Numa segunda agenda também em Minas Gerais, na cidade de Ouro Branco, o presidente e o governador seguiram no embate que nem pode ser chamado de camuflado. Novamente Lula poderia ter desviado e, principalmente, não ter colocado Bolsonaro na discussão — seu verdadeiro calcanhar de Aquiles. Mas, ao contrário, em meio a autoelogios, mais uma vez citou Bolsonaro, tentando desviar os comentários de Zema.
O porquê
Não se está aqui dando notícia velha, de fatos ocorridos semana passada. Diferente disso, o objetivo é mostrar — salvo melhor entendimento — que nem durante o escândalo do Mensalão o presidente Lula bateu tanta boca, debateu e discutiu. Ao contrário, saiu do círculo central do problema e passou a viajar pelo Brasil inaugurando obras inacabadas. Evidente que não foi o certo. Foi uma fuga. Mas, naquele momento, foi o que deu para fazer. Foi o certo para ele.
Hoje, o presidente deveria desviar-se de provocações ou acusações que, certas ou erradas, não irão levar a nada, e inovar. É necessário ao Brasil que o presidente Lula direcione o País às necessidades do povo. Se a equipe de 38 ministérios não funciona, que a troque.
Quanto ao Congresso, que saia das cordas e, se necessário, venha a público dizer as barreiras que os parlamentares estão erguendo e também desses cobrar responsabilidade. E o mais difícil: que Lula inove e entenda que não estamos em 2002 e que o aprimoramento de gestão se impõe.
O bate-boca não leva a nada. Ele, Lula, não está com a popularidade que lhe permita perder tempo em discussões inócuas. E nem se estivesse, caberia. Tampouco está em campanha. Precisa descer do palanque e tomar ciência que 2022 já foi.