A pré-eclâmpsia é uma das complicações mais preocupantes da gestação, podendo evoluir para eclâmpsia e representar riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. A médica ginecologista e obstetra Iara Ourofino atua na Maternidade Lilia Neves, integrante do Grupo IMNE. Ela explica que a condição é caracterizada pelo aumento da pressão arterial durante a gravidez ou logo após o parto, resultado de um defeito na implantação da placenta. Esse problema desencadeia uma série de processos inflamatórios, afetando o funcionamento do organismo materno e podendo comprometer o desenvolvimento fetal.
Segundo a especialista, a pré-eclâmpsia costuma surgir a partir da 20ª semana de gestação. “Para a mãe, a principal manifestação é a hipertensão arterial. Já para o feto, pode haver restrição de crescimento, o que, em casos mais graves, pode levar à antecipação do parto. O procedimento pode ser realizado por via vaginal ou cesariana, dependendo do histórico da paciente e da gravidade do caso. Exemplos extremos, como o da cantora Lexa, chamam a atenção para a prematuridade associada à condição, mas há casos em que o parto ocorre dentro do tempo gestacional esperado”, explica a médica.
Diferente do que muitos imaginam, a pré-eclâmpsia não está diretamente relacionada a hábitos alimentares ou fatores emocionais. “O problema não pode ser evitado apenas com mudanças no estilo de vida. Mulheres fisicamente ativas também podem desenvolvê-lo, e o consumo de sal, por exemplo, não interfere na sua ocorrência”, destaca a doutora Iara. Em casos de risco aumentado, algumas medicações podem ser indicadas para minimizar o problema.
A condição de pré-eclâmpsia é um dos principais fatores de mortalidade materna e neonatal no Brasil e no mundo. Quando evolui para eclâmpsia, há o risco de convulsões, tornando o quadro ainda mais grave. Além disso, a hipertensão gestacional aumenta a possibilidade de hemorragia pós-parto, complicação que pode ser fatal. A especialista alerta ainda para o risco de desenvolvimento de hipertensão crônica na vida adulta em mulheres que tiveram pré-eclâmpsia.
“Para evitar complicações, é importante o acompanhamento pré-natal rigoroso. Medir a pressão regularmente, mesmo fora do consultório, é essencial. Se a pressão estiver acima de 14×9, a paciente deve informar o obstetra ou buscar atendimento de emergência. Outros sintomas que exigem atenção incluem dor de cabeça intensa e persistente, dor abdominal forte, alterações visuais e inchaço excessivo nas pernas”, diz Iara Ourofino.
Outro ponto importante é que muitas mulheres não apresentam sintomas evidentes da pré-eclâmpsia no início do quadro. Por isso, exames laboratoriais frequentes são essenciais para identificar precocemente alterações nos rins e no fígado, órgãos frequentemente comprometidos pela condição. “Os exames laboratoriais complementam a aferição da pressão arterial, ajudando a detectar precocemente qualquer alteração”, explica a médica.
No caso de diagnóstico confirmado, o tratamento varia de acordo com a gravidade do quadro. Em casos mais leves, o controle da pressão arterial pode ser feito com repouso e medicamentos anti-hipertensivos seguros para a gestação. Já em quadros graves, a internação pode ser necessária para monitoramento contínuo da mãe e do bebê. Em algumas situações, a única solução é a antecipação do parto para preservar a vida da mãe e da criança.
A ginecologista e obstetra também ressalta a importância do suporte psicológico para gestantes diagnosticadas com pré-eclâmpsia. “O impacto emocional de receber um diagnóstico de alto risco pode ser grande, e o acompanhamento psicológico ajuda a lidar melhor com a ansiedade e o medo relacionados à gravidez”, afirma.
Por fim, a doutora Iara reforça que, apesar dos riscos, um pré-natal bem conduzido e o acompanhamento adequado podem garantir uma gestação segura, reduzindo significativamente os perigos da pré-eclâmpsia. “A conscientização sobre os sinais de alerta e a busca imediata por atendimento médico em caso de suspeita são fundamentais para evitar complicações e garantir um desfecho positivo para mãe e bebê”, conclui.