Não foi por falta de aviso. Nos últimos 30/40 anos – e sempre de forma mais enfática – ambientalistas, cientistas e estudiosos têm chamado atenção para a questão climática e o famigerado aquecimento global. O calor desses anos mais recentes comprova a grave advertência. Na semana passada, por exemplo, em nossa região, os termômetros registraram 42º, com sensação térmica alcançando 55º – temperatura de sauna.
A despeito de a natureza não deixar de ser uma caixinha de surpresa – reservando parte de sua integralidade, digamos assim, ao desconhecido – é possível perceber que a ação predatória do homem para com o meio ambiente está chegando em suas últimas fases.
Em outras palavras, sem uma reversão gigantesca deste quadro avassalador, fica fácil antever que a elevação constante da temperatura fará com que o calor extremo, mais hoje, mais amanhã, mostre-se insuportável ao ser humano.
Mudança – O que há meio século era visto com ceticismo pela grande maioria – espécie de alarmismo de “fanáticos”, mas que, já-já, se resolveria – hoje bate à porta e se mostra a olhos vistos nas pessoas que andam pela rua com a boca aberta tentando puxar o ar, com a camisa colada nas costas de tanto suor e o braço queimando sob o sol implacável. Os protetores solares, caros e de qualidade, são necessários e ajudam. Mas que não se engane: com o passar do tempo, não passam de atenuantes.
O ataque sistêmico ao planeta vai chegar a seu termo: a terra não servirá mais para o homem. Discutir as queimadas, o desmatamento, o degelo que aumenta ano após ano, na cara de todo mundo, sem que se faça rigorosamente nada. As construções irregulares em áreas ribeirinhas, os combustíveis fósseis, a degradação das florestas. Os processos de produção onde são usados cimento, ferro, aço, alumínio e tantos outros, em qualquer lugar e sem nenhuma fiscalização, a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, enfim tudo que todos já sabemos, mas nada é feito. É só esperar que a conta vai chegar.
“Nós não precisamos deles. Todos precisam de nós” – Presidente Trump
Lembrando que durante a ‘coroação’ de Trump muitas de suas falas imperiais vão ficar por ali mesmo e não vão à frente – a julgar que durante o primeiro mandato, o presidente dava ordens absurdas, ninguém cumpria, e ele nem as cobrava – o governo do presidente Lula fez bem ao amenizar as declarações de Trump sobre não precisar do Brasil.
Num comentário sutil, o Brasil disse que “aguarda o desenrolar dos fatos, para então discutir eventuais mudanças de rumo”. Ainda mais sóbrio e responsável, o Ministério das Relações Exteriores citou que “o lado brasileiro dará prioridade para trabalhar as convergências entre os países”.
Vídeo de Lula relembrado na hora certa
O PT resgatou um vídeo gravado em 2019 e publicado semana passada pelo Globo, em que o Lula da Silva alerta sobre a modus operandi dos Estados Unidos em relação aos demais países. De clareza solar, é a pura verdade. Disse Lula:
— Americano pensa em americano em 1º, 2º, 3º, 4º e 5º lugar. E, se sobrar tempo, pensa em americano.
O que a história nos conta, salvo, talvez, em períodos excepcionais, é que os Estados Unidos tratam de seus interesses – de seus valores e vontades – sem levar em conta os demais. Logo, não há que pensar agora, logo agora, com um presidente de perfil totalitário e reacionário como o de Donald Trump, que fala como se fosse o dono do mundo, que as coisas vão mudar.
Não. Muito do que disse na posse não vai a lugar algum porque, no verso da moeda, os EUA têm instituições fortes e população politizada.
Mas que não se espere, em especial na fase inicial do governo, vida fácil pra ninguém. Tampouco para o Brasil.