Todo o espectro que norteia o polêmico mês de agosto – que em algumas pessoas provoca arrepios, em outras passa totalmente despercebido –, atrai para seus 31 dias variadas percepções. De todo jeito, o mês é diferenciado. Quando nada, ao menos entre os supersticiosos de plantão. Para estes, agosto está sempre à espreita e riscar um ‘X’ no último dia é um alívio.
Ao decidir escrever sobre o 8º mês do calendário, a página levou em conta tanto o leque de episódios macabros que deixaram marcas em agosto, bem como os que não deixaram – estes, aliás, em número muito maior e ‘desmistificando’ o mês de ser azarado.
Para discorrer sobre conteúdo tão vasto – catástrofes, tragédias e mortes suspeitas que recaem sobre seus ombros e, ao contrário, as que não recaem – foi preciso três publicações para abordar resumida e superficialmente infortúnios do Brasil e do mundo.
Grandes fatalidades, conflitos armados, acidentes naturais e não-naturais, distúrbios políticos, assassinatos de figuras proeminentes e de celebridades, enfim… quantitativamente não mais que migalhas – mas que recuam até Pompeia, no ano 79 d.C., até nossos dias.
Num primeiro exame, sem compromisso em retratar verdade absoluta, afigura-se que agosto não merece a pecha de agourento. Ao contrário, acidentes, desastres e mortes suspeitas estão distribuídos pelos 11 demais. Arrisca-se inferir, inclusive, que sobre alguns pesa nuvem mais pesada do que agosto. (Ao leitor que eventualmente não leu as duas matérias anteriores, ou deseja revê-las, basta conferir neste Site, no arquivo ‘Guilherme Belido Escreve’)
Apolinho, Antero Grego e Silvio Luiz
Salvo pelos que cismam com o mês e, sem qualquer fundamento, vão passando à frente o bastão do ‘azarento’, é curioso observar como a crendice se forma sem um porquê que a justifique e acima de fatos angustiantes que ‘pertencem’ a outros meses.
Exemplo: em maio deste ano, em menos de 24 horas, morreram três dos principais nomes do jornalismo esportivo brasileiro: o radialista e narrador Washington Rodrigues, o “Apolinho” – figura que marcou época pelo estilo único –; o jornalista e apresentador Antero Grego, um dos mais conceituados comunicadores, reconhecido pelas análises técnicas e equilibradas; e o locutor Silvio Luiz, com sua voz inigualável, que fez história no rádio brasileiro cumprindo carreira ímpar – “Olho no lance!”.
Pergunto ao leitor: se essas três perdas que comoveram o País e tivessem morrido em agosto, o que não teriam dito?
Considerações
Por fim e sem repetir as grandes catástrofes que aconteceram fora de agosto – as quais foram relacionadas na edição passada –, cabe registrar que afora o devastador acidente aéreo de 09 de agosto passado, que levou 62 vidas, salvo engano, nenhum dos demais outros e igualmente piores acidentes, de meados do século passado até os dias atuais, aconteceu em agosto. Mas a dor e o sofrimento de dezenas de famílias é avassalador, não importa o mês.
Fora de agosto
Além das tragédias já citadas nas edições passados, recuando no tempo, em 17/12/1961, o Gran Circus foi alvo de incêndio criminoso em Niterói, deixando mais de 500 mortos. Em Fev/74, o fogo no Ed. Joelma (SP) tirou 191 vidas. Em abril de 2010, o deslizamento do Morro do Bumba, em Niterói, mataria 267 pessoas. Um ano depois, em janeiro, 270 pessoas morreram soterradas na região serrana do RJ. Em janeiro de 2013, o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), faria 242 vítimas fatais.
Alguns dos que partiram em agosto de forma natural e sem suspeitas
Num rápido apanhado e singelo apanhado, sem obediência cronológica e sem citar, necessariamente, os personagens mais importantes – apenas alguns poucos, por óbvio – neste agosto de 2024 nos deixaram o músico Caçulinha, o ídolo flamenguista Adílio, o ex-ministro Delfin Netto e o apresentador Silvio Santos.
Jô Soares (2022), Cláudia Jimenez (2022), Araci Balabanian (2023), e o criador de 007, Ian Fleming (1964). Oscarito – um dos mais populares humoristas brasileiros (1970), Jerry Lewis (2017), Robin Williams (2014), Rodolfo Valentino (1926) e a bela Anne Heche, (2022).
Olivia Newton-John (2022), Robert Shaw (1978), Elvis Presley (1977). E ainda: Ingrid Bergman (1982), Lauren Bacall (2014), Henry Fonda (1982), Charles Bronson (2003) e o lendário Alec Guinness, de ‘A Ponte do Rio Kwai’.
Dalva de Oliveira (1972), Lupicínio Rodrigues (1974), Dorival Caymmi (2008), Aretha Franklin (2018), e Caruso (1921).
O Marechal Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil (1892), Enzo Ferrari (1988), Antônio Ermírio de Moraes (2014), Roberto Marinho (2003), Paulo VI (1978), e o presidente russo Mikhail Gorbatchov (2022).
Friedrich Engels (1895), Friedrich Nietzsche (1900), Trotski (1940)…