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Revitalização do Centro Histórico de Campos entre ações e especulações

A prefeitura fez limpeza e destaca iluminação; arquitetos e urbanistas opinam sobre área degradada

Campos
Por Ocinei Trindade
6 de maio de 2024 - 0h03
Projeto|Limpeza e iluminação ganharam atenção (Fotos: Josh)

O Centro Histórico de Campos dos Goytacazes nos últimos anos enfrenta desgastes e abandono, prédios e monumentos deteriorados, estabelecimentos comerciais fechados, insegurança e aumento da população em situação de rua. O interesse pela recuperação da área existe entre comerciantes ligados à Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), por exemplo, além de moradores. No último dia 24 de abril, a Prefeitura Municipal, representada por diferentes secretarias, iniciou um processo de limpeza e planos de nova iluminação para a área central. A reportagem questionou o prazo de conclusão e os valores previstos para o projeto, mas não obteve respostas detalhadas sobre a ação. 

De acordo com nota da Secretaria de Comunicação Social da PMCG, as ações de revitalização do Centro Histórico têm como primeira etapa a limpeza de canaletas do Calçadão do Boulevard Francisco de Paula Carneiro; reconstrução da calçada na região do Chá Chá Chá e lavagem das praças do Santíssimo Salvador e Quatro Jornadas.

“Esta é uma ação conjunta, que envolve diversos órgãos, coordenada pela secretaria de Turismo, em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Integrada, ainda, pelas secretarias de Serviços Públicos e Obras e Infraestrutura; subsecretaria de Iluminação; Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. O cronograma das ações é dividido em três etapas. A primeira estará concentrada na parte estrutural do quadrilátero histórico, que vai da Praça Quatro Jornadas, passando pela Praça do Santíssimo Salvador, até o Calçadão, com a recolocação das pedras portuguesas. Em seguida, irá avançar para as demais ruas adjacentes e finalizado com ocupação cultural, para que o Centro seja um lugar turístico”, informa a nota. 

Opinião de arquitetos e urbanistas
Esta não é a primeira vez, nos últimos anos, que poder público e iniciativa privada tentam revitalizar o Centro Histórico. A região passou por um processo de transformação durante a gestão da ex-prefeita Rosinha Garotinho (2009/2016) com diversas alterações urbanas. Uma delas, a instalação subterrânea de fiação elétrica dos postes de energia, até hoje não foi concluída. Esta é uma das críticas e sugestões de arquitetos e urbanistas entrevistados pelo J3News.

Para José Luis Puglia o local deveria passar por mudanças. “O termo correto atualmente é requalificação do Centro Histórico. Não conheço o projeto da prefeitura, mas na minha avaliação deveria passar por uma total mudança no seu uso, começando por uma política pública para atrair moradores para a área. Criar uma legislação de incentivo às iniciativas de instalações para o lazer, como restaurantes, bares e outras do gênero. Ter uma estrutura de transporte eficiente que permita o trânsito das pessoas,  uma vez que estacionar é difícil e caro”, pontua.

A arquiteta Viviane Daher fala em centro vivo. “Além de todas as ações e infraestrutura, deve haver um plano para tornar o centro ‘vivo’, através de incentivo para o comércio e atividades noturnas. Assim foi feito no Rio, São Paulo e Recife. É de suma importância um incentivo para que os proprietários se interessem e consigam manter seus imóveis preservados, e isso vai além da isenção do IPTU”, afirma.

Já Fabrício Escáfura lembra pontos importantes. “Os principais fatores para iniciar a revitalização são segurança ativa e consistente;  transporte público eficaz. A partir destes, uma equipe multifuncional em várias frentes de trabalho. Cito as de cunho social, pois atualmente há um problema com moradores em situação de rua. Quanto ao conjunto arquitetônico e o patrimônio histórico, é preciso rever construções e suas reais condições de uso com projetos de conservação, manutenção, revitalização, além de infraestrutura referente aos cabos aéreos de energia elétrica. O Centro não deve ficar restrito ao comércio. Eventos culturais devem ser implantados no calendário municipal”, sugere.