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Uenf mais próxima das comunidades

Instituição tem mais de 150 pesquisas em diversas áreas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da sociedade

Ciência e Tecnologia
Por Redação
23 de outubro de 2022 - 0h05
Meteorologia | Planejar e promover conhecimentos
científicos começando pelas crianças

Indicadores de excelência colocam a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) como a oitava melhor universidade pública do Brasil e segunda do Estado do Rio (segundo o Índice Geral de Cursos (IGC) do Ministério da Educação (MEC). Há 29 anos — completados no dia 16 de agosto —, a instituição é uma fábrica de pesquisas que conectam o mundo acadêmico com a sociedade. De acordo com a reitora em exercício, Rosana Rodrigues, atualmente, mais de 150 projetos estão sendo executados e parte desta produção se tornou conhecida na XIV Mostra de Pesquisa e Extensão, que movimentou o Centro de Convenções da Uenf semana passada. “Buscamos unir o ensino, a ciência e a sociedade de diversas formas, oferecendo o estudo e também aplicando os resultados na vida das pessoas”, afirma.

Experimentos nas áreas de saúde, agricultura, educação, direitos humanos, políticas sociais, esporte, meio ambiente, meteorologia e de diversas outras áreas do conhecimento contribuem para a informação pública e resolução de questões do dia a dia, além de agregar parcerias com escolas de níveis fundamental e médio.

Clima | Equipamentos meteorológicos instalados em escolas públicas

Meteorologia
Planejar uma rotina, prevenir estragos de acordo com a previsão do tempo, promover o conhecimento científico e difundir a meteorologia. Esta é a proposta da pesquisa de pós-graduação de Jonatha Egidio, de 27 anos. Aluno do campus Carlos Alberto Dias, em Macaé, Jonatha ajudou a instalar em escolas públicas de Macaé, Cabo Frio, Rio das Ostras e Campos equipamentos tecnológicos que detectam em tempo real a observação meteorológica, cujos resultados são direcionados a um servidor em nuvem e acessados no mundo inteiro.

“A ideia é pegar o produto das pesquisas, que são as previsões meteorológicas, e utilizá-las no dia a dia para saber, por exemplo, se ‘vai dar praia’ ou se vai chover além do esperado. Os equipamentos são instalados nas escolas, os alunos e professores baixam o aplicativo para acompanhar essas análises em tempo real e tomar decisões na vida pessoal. Trata-se de ciência recente e, por isso, também queremos atrair interesse de novas pessoas nesta área. Ainda na prática, os professores recebem capacitação para operar e calibrar esses equipamentos e os alunos usam o aplicativo. Esses resultados são usados dentro da escola de forma interdisciplinar”, explica Jonatha.

A pesquisa é orientada pela meteorologista, professora e chefe do Laboratório de Meteorologia da Uenf, Maria Gertrudes Justi. “O objetivo do projeto é mobilizar a população, começando pelas crianças, por intermédio dos professores. Começamos com os informativos, compartilhando o conhecimento da meteorologia, das ciências atmosféricas, do tempo e do clima com os professores”, afirma.

Resultados | Nayara Gomes e a reitora em exercício, Rosana Rodrigues

Agricultura Familiar
Nayara Gomes da Silva, aos 27 anos, é uma intermediadora entre a comunidade científica e a localidade em que vive, no distrito de Batatal, em Itaocara, no Noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Depois de ser formar em Biologia pelo Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cederj), iniciou, na Uenf, um projeto de pesquisa que desenvolve junto a produtores rurais de sua comunidade e de outros dois municípios: Porciúncula e Varre-sai, também no Noroeste. A matéria-prima da pesquisa é o feijão cultivado naquela região.

“Definimos seis variedades de feijão especial que não encontramos em gôndolas de supermercados, temos apenas na agricultura familiar. Neste experimento, a mistura entre o feijão especial e o feijão verde, encontrado em Porciúncula, se sobressaiu no quesito de resistência climática. No início do experimento, este ano, uma massa de ar frio acometeu os municípios e resultou em perda de plantações diversas. Apesar disso, os feijões se mostraram resistentes. Apresentamos esses resultados e agora vamos repetir os experimentos em estações diferentes do ano para ver até onde o produto resiste. Estamos focando nesta questão adaptativa neste momento”, explicou a pesquisadora.

O resultado da pesquisa agregou valor à agricultura familiar. “Transformou-se numa oportunidade de o produtor conseguir produzir e comercializar o feijão, apesar da condição climática desfavorável. Isso evita prejuízos financeiros e outros tipos de perdas. Além disso, o produtor pode investir em marketing e publicidade para valorizar ainda mais a marca e seu produto. Este é o resultado da nossa pesquisa, na prática”, afirma.

Beleza | Orquídeas também são foco de pesquisa na universidade

Manejo das Orquídeas
A beleza e variedade das orquídeas costumam atrair amantes e colecionadores. Mas o manejo da planta não é fácil de ser compreendido. É preciso muito estudo para identificar o gênero e a capacidade adaptativa de cada uma delas fora de seu habitat natural, à medida que são cultivadas em jardins e hortos particulares. Sem conhecer o manejo e as peculiaridades de cada planta, o dono acaba perdendo a tão almejada flor decorativa. A pesquisa da professora Virgínia Carvalho e de seus alunos aplica técnicas para produção em grande escala de um tipo de orquídea adaptada às condições climáticas de Campos. Cada muda é vendida a R$ 5 e, junto com a flor, o proprietário recebe um manual sobre como cuidar da planta.

Pesquisadora | Virgínia Carvalho

“Com 14 anos, nosso projeto de extensão já foi premiado duas vezes, uma em 2015 e a outra em 2018. Orquídeas são estudadas no mundo inteiro e eu participo de vários tipos de pesquisa, nos encontramos em congressos e trocamos informações. Tudo isso chega à casa das pessoas para que cada um aplique estes conhecimentos e cuide de suas orquídeas da melhor forma. Em muitos casos, este manejo correto se transforma em comércio e na multiplicação da informação durante a venda”, afirma Virgínia.

Combate à Covid-19
Durante o ápice da pandemia da Covid-19, equipes da Uenf trabalharam para desenvolver uma substância capaz de eliminar o Sars-Cov2 (nome científico do coronavírus) do ar em ambientes fechados. A pesquisa foi liderada por Maria Cristina Canela, doutora em Ciências pela Unicamp e professora titular do curso de Química Ambiental da Uenf, e foi utilizada em um reator construído por um grupo de pesquisadores do grupo Fotoair, do Centro de Investigaciones Energéticas, Medioambientales y Tecnológicas (Ciemat), da Espanha. Atualmente já é vendido pela empresa Aire Limpio, que o instalou no Hospital 12 de Octubre, referência no enfrentamento à Covid-19 em Madrid.

Pesquisadores do Brasil e da Espanha se encontraram na edição do Hackathon de 2020, quando o tema da maratona tecnológica, que chega a durar 48 horas, foi “Vença o Vírus”. O grupo Fotoair já tinha um reator para purificador de ar com baixo custo energético, mas ainda não tinha um catalisador eficaz para eliminar o vírus. A professora Maria Cristina já havia trabalhado com a equipe e tinha uma pesquisa para desenvolver materiais para degradar compostos da atmosfera e, com o grupo de alunos, desenvolveu a substância eficaz contra o vírus.

Então, o material foi levado para a Espanha e testado no Centro de Vigilância em Saúde Veterinária (Visavet) da Universidade Complutense de Madrid. “O projeto foi finalizado no ano passado, em novembro, quando conseguimos fazer os testes com o vírus atenuado, no laboratório P3 da Medicina Veterinária da Universidade Complutense. Funcionou bem, atestando a eliminação do vírus, no meio do reator e nas suas paredes. Foi um sucesso”, comemorou Maria Cristina.

Qualidade
Em julho deste ano, a revista Times Higher Education divulgou a lista das melhores universidades da América Latina e a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) ocupa a 89ª posição no ranking da América Latina, que é liderado pela Pontificia Universidad Católica do Chile.

Com base no Índice Geral de Cursos (IGC) do MEC, atualmente, a Uenf é a oitava melhor universidade pública do Brasil e a segunda do Estado do Rio. O IGC é fruto da compilação de uma série de parâmetros de qualidade de todos os cursos de graduação e de pós-graduação da instituição. No IGC/2011, divulgado em 2012, a UENF chegou a ser considerada a melhor universidade do Rio.

A Uenf se destacou no Ranking das Universidades Empreendedoras 2021 (RUE), organizado pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores (Brasil Júnior). No Estado, a instituição obteve o segundo lugar no quesito Inovação, que avalia o desenvolvimento de conhecimentos e tecnologias. Ao todo, foram avaliadas 126 instituições de todo o país.

A Uenf possui 20 cursos de graduação (17 presenciais e três semipresenciais), 14 programas de pós-graduação stricto sensu, além dos programas de residência veterinária e pós-doutorado. São mais de seis mil alunos ativos.