O Hospital Público Municipal Dr. Fernando Pereira da Silva, de Macaé, mais conhecido como HPM, é referência para a maioria da população que precisa de atendimento gratuito pelo Sistema Único de Saúde. Entretanto, há alguns problemas estruturais na unidade e no atendimento da área de saúde na cidade. Isto vem incomodando e provocando transtornos para pacientes. Alguns alegam que podem esperar meses para uma consulta com especialista, ou até mesmo pela realização de simples exames médicos. A reportagem esteve no HPM e constatou algumas irregularidades.
Um servidor, que preferiu não se identificar, informou que o HPM tem enfrentado nos últimos meses uma série de infiltrações e goteiras no telhado. Isto estaria afetando parte do atendimento a pacientes em determinados setores. “A direção até começou reparos nos locais onde há vazamentos, mas ainda não concluiu. A situação já esteve pior, porém é preciso resolver essa questão que traz bastante incômodo”, diz. Por estar em dia sem chuva (segunda, dia 25), a reportagem não constatou o vazamento. No entanto, algumas irregularidades puderam ser flagradas, como a falta de segurança.
A repórter fotográfica Silvana Rust entrou nas dependências do HPM sem nenhum tipo de abordagem ou impedimento. Desde a guarita de entrada até a portaria do hospital, não havia sequer um funcionário uniformizado para dar informações ou segurança. Com um telefone celular, foram flagradas situações atípicas. Cachorros circulam livremente no pátio e no acesso de entrada dos pacientes ao hospital. Outro flagrante registrado foi o despejo de restos de comida em uma das calçadas na parte dos fundos da unidade. A falta de limpeza aponta para o risco de atrair animais, roedores ou insetos.
Ainda em uma das alas externas do Hospital Publico de Macaé, próximo a uma das entradas da unidade, a reportagem verificou uma grande quantidade de camas e macas abandonadas a céu aberto. O material sucateado não foi descartado nem recuperado. A grande quantidade de objetos expostos pode acumular água de chuva, por exemplo.
Queixas da saúde em Macaé
Na entrada do HPM, a reportagem conversou com alguns usuários da saúde pública em Macaé. Muitos não quiseram falar, temendo represálias, pois há parentes internados na unidade. Alguns elogiaram o serviço hospitalar, apesar de algumas falhas, segundo eles. Três pessoas que utilizam o serviço público de saúde fizeram algumas reclamações quanto à demora para marcar consultas, exames e cirurgias.
O aposentado Otoniel Souza Filho saía do HPM após a retirada de uma sonda. Há algumas semanas, ele fez cirurgia na uretra. Diz que levou mais de dois meses para conseguir o procedimento que pedia urgente devido à sua idade avançada.
“Eu esperei dois meses para poder fazer a cirurgia. Creio que pela minha idade e urgência, poderia ser mais rápido. O mesmo acontece com a minha esposa. Ela está há quatro meses aguardando para fazer uma cirurgia de catarata. A gente que é idoso e tem problemas de saúde não pode esperar tanto. Outro problema são os exames demorados. Muita gente reclama. Sei que há cidades com situação pior, mas a saúde de Macaé precisa melhorar”, diz.
O carpinteiro João Gonçalves Encarnação precisou de uma consulta cardiológica urgente e conseguiu. Entretanto, ele diz que necessita de uma avaliação geral de um clínico e especialista. Há um mês fez solicitação de atendimento no Centro de Atendimento Alba e diz não saber quando será atendido.
“Disseram que iam me telefonar para avisar quando a consulta estiver liberada. Isso já faz um mês. Eu não sei quando vou ser chamado e quando irão me telefonar. No Centro de Atendimento Alba, onde fiz o pedido, vi gente reclamando que espera há dois anos por consultas e exames específicos. Saúde e segurança, infelizmente, não têm prioridade. Isto não devia acontecer. A saúde de Macaé precisa melhorar”, considera.
O aposentado Ely Pereira também costuma usar o serviço de saúde pública de Macaé. Para ele, o atendimento deixa desejar e precisa melhorar muito. “Eu até considero razoável o nosso serviço de saúde, mas falta muito para ficar perfeito. Aqui, no HPM, por exemplo, só presta atendimento a quem chega de ambulância ou encaminhamento. Uma vez, meu sobrinho passou mal e eu o trouxe para cá. Ele não foi atendido. Me mandaram procurar o setor de emergência do Pronto Socorro do bairro Imbetiba. Acho isso errado, pois dificultou e atrasou o atendimento”, revela.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde e da Prefeitura de Macaé. Até esta publicação, não houve resposta.
