Muito se fala do contrato da Odebrecht com a Prefeitura de Campos para o programa Morar Feliz que construiu e entregou quase 10 mil casas populares nos dois governos da prefeita Rosinha Garotinho, entre 2009 e 2016. Os dois custos juntos foram 833 milhões. Mas a Odebrecht também é uma das empresas responsáveis pelo contrato de R$166 milhões para a construção do Complexo Logístico Farol-Barra do Furado, localizado entre os municípios de Campos e Quissamã, sem mencionar termos de compromisso firmados em anos anteriores para a construção de estaleiros, por exemplo ao custo de R$ 1 bilhão.
No dia 28 de setembro de 2010 – no auge das negociações tornadas públicas somente agora em 2017 – uma reportagem publicada no site da Odebrecht revelou o contrato e o investimento. Por meio do consórcio Terra e Mar formado pela Odebrecht, OAs e Queiroz Galvão – todas envolvidas em escândalos de corrupção e propina pelo país e que são alvos da Justiça – a reportagem afirma que as empresas venceram a licitação e que o complexo seria uma área estratégica para a instalação de empresas ligadas aos setores naval, de petróleo e gás.
“Serão investidos R$ 166 milhões de recursos públicos – sendo 70% de Campos e 30% de Quissamã – para a dragagem, viabilização do sistema by-pass (transpasse de sedimentos) e estabilização da embocadura”, afirmava a reportagem institucional.
A matéria revela que o contrato foi assinado no dia 13 de setembro de 2010, entre Leandro Andrade, diretor de contrato da Odebrecht e os prefeitos de Campos e de Quissamã, na época, Nelson Nahim e Armando Carneiro, respectivamente.
Na ocasião, os prefeitos ratificaram termos de compromisso, assinados em 2006 com quatro empresas, “para a construção de bases de apoio à indústria de petróleo e para a implantação de dois estaleiros especializados em construir embarcações de apoio à indústria offshore no Complexo de Barra do Furado. Os investimentos serão de cerca de R$ 1 bilhão”, consta na reportagem.
No entanto, as obras estão paralisadas desde meados de 2014 e não se sabe quanto foi pago. Em nota, o secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico de Campos, Victor de Aquino, informou que está viabilizando recursos, junto às empresas, para a retomada e conclusão das obras. “Independente do convênio, que deve ser renovado, o dinheiro pode não sair nesse momento devido à crise nacional e vamos então buscar as PPPs ou, até mesmo, criar um Companhia Portuária reunindo Campos e Quissamã para administrar o Complexo. Mas, o importante nesse momento, é conversar com os atores envolvidos e retomar o projeto”, concluiu Victor de Aquino.
E nota publicada no site, a Odebrecht afirma que “está fazendo a sua parte. Já adotou um novo modelo de governança e está implantando normas rígidas de combate à corrupção, com vigilância permanente para que todas as suas ações, principalmente na relação com agentes públicos, ocorram sempre dentro da ética, da integridade e da transparência. Este novo modelo de empresa está sendo monitorado desde o mês passado por especialistas em Conformidade indicados pelo Ministério Público do Brasil e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. É o nosso compromisso com o futuro. É o caminho que escolhemos para voltar a merecer a confiança da sociedade”.