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Os planos para a cultura nos próximos quatro anos

Nova presidente da Fundação Jornalista Oswaldo Lima, Auxiliadora Freitas, fala de prioridades e afirma: “o Palácio da Cultura será da cultura"

Cultura
Por Redação
11 de janeiro de 2021 - 0h02

Palácio da Cultura

O tratamento da cultura em Campos dos Goytacazes recebe críticas há anos. No Governo Rosinha, o fechamento do Teatro de Bolso Procópio Ferreira, espaço dedicado aos artistas locais, em 2016, foi o estopim de movimentos que denunciavam a desvalorização da arte no município. O teatro foi reaberto no Governo Rafael Diniz, contudo, essa administração também foi criticada ao defender um projeto que transformaria o Palácio da Cultura, fechado para obras desde 2014, em um centro de inovação e empreendedorismo, o que o faria perder sua função característica. Agora, no início de uma nova gestão municipal e após a conclusão do Plano Municipal de Cultura, documento norteador de ações culturais no município, a questão volta à tona: a cultura receberá a devida atenção nos próximos quatro anos?

Segundo a nova presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Auxiliadora Freitas, a meta é reposicionar a cultura em seu lugar de destaque em Campos dos Goytacazes, município que abriga uma “classe artística vigorosa e potente”.

Contudo, a presidente afirmou que, em recente visita a 80% dos equipamentos culturais do município, sua equipe técnica constatou “o descaso e o desrespeito com nosso patrimônio histórico, cultural e artístico”.

Em entrevista, Auxiliadora pontuou quais serão as prioridades do atual governo nesse quesito.

Teatro de Bolso

Teatro de Bolso

A casa do artista local que, antes da pandemia da Covid-19, revivia seus dias de glória, com espetáculos constantes e plateias lotadas, estaria com estrutura comprometida e necessitaria de reformas físicas “urgentes”, de acordo com a presidente da FCJOL. Ela afirmou ainda que o teatro estaria sem a sua mesa de som, equipamento essencial para o funcionamento efetivo dos espetáculos. “Daremos prioridade à resolução dessas questões e, logo que pudermos reabri-lo, o faremos. Este é o compromisso do Prefeito Wladimir com os artistas de Campos que têm o Teatro de Bolso como sua casa”, declarou.

Palácio da Cultura

O espaço está fechado desde 2014, quando foram iniciadas obras de restauração. Em 2019, a prefeitura anunciou que o monumento, construído na década 1970, passaria a exercer a função de Centro Municipal de Inovação, com salas de trabalho, consultoria e treinamento voltadas aos estudantes e empreendedores da cidade. A descaracterização do prédio foi duramente criticada pela classe artística e pela sociedade civil organizada que clamaram pela manutenção do reduto cultural. Sobre essa polêmica, Auxiliadora Freitas declarou que “ouviu o clamor do setor artístico” e “faz coro”. “Nesta administração, o Palácio da Cultura, como seu próprio nome diz, será o Palácio da Cultura”, afirmou. Contudo, o prédio ainda não estaria em condições de uso e, segundo a presidente, “a população terá que aguardar um pouco mais para ter de volta o Palácio da Cultura”. Após a reabertura, no entanto, a prioridade deve ser a Biblioteca Municipal Nilo Peçanha, situada no Palácio, com recuperação, informatização e atualização do acervo.

Arquivo Público

Arquivo Público Municipal e museus

Situado no Solar do Colégio dos Jesuítas, em Tocos, o Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho, o segundo maior do estado do Rio, que recebe estudantes e pesquisadores interessados na história de Campos dos Goytacazes, também deve ser tratado com atenção, de acordo com Auxiliadora Freitas. Ela promete reabri-lo o quanto antes, “se estiver em condições sanitárias”, e manter o trabalho de restauração e a disponibilização de documentos históricos. O mesmo vale para o Museu Histórico de Campos, que deve voltar a receber visitantes após a pandemia. Quanto ao Museu Olavo Cardoso, recentemente arrombado e depredado, Auxiliadora afirmou que fará auditoria dos bens roubados e danificados e buscará apoio parlamentar, em Brasília, para sua reforma.

Bienal do Livro

A manutenção da tradicional Bienal do Livro de Campos também está entre as pautas prioritárias do Governo Wladimir, segundo a presidente da FCJOL. A última edição, realizada em 2018, aconteceu em parceria com o Sesc Rio, que trouxe artistas e escritores renomados para a cidade. Agora, o objetivo dessa administração é manter o evento nos moldes da VI Bienal que aconteceu na Praça do Santíssimo Salvador e aproximou a população da cultura e da literatura.

Festas Tradicionais

A criação de um calendário municipal permanente é um dos objetivos do governo no que tange à cultura. Festas como a do Santíssimo Salvador, Santo Antônio, São João Batista (Fundão), Santo Amaro, São Sebastião, Nossa Senhora dos Navegantes, Morro do Coco, Santa Maria e Santo Eduardo devem ser apoiadas pelo Governo Municipal.

Auxiliadora Freitas (Foto: divulgação)

Patrimônio Histórico de Campos dos Goytacazes

Campos possui a segunda maior arquitetura eclética do país. Preservar esse patrimônio também está entre as ações prioritárias da gestão atual. Consta no plano de governo, por exemplo, a promoção do diálogo entre o poder público municipal e a sociedade civil, o Instituto Histórico e Geográfico de Campos e os órgãos competentes em níveis estadual e federal (INEPAC e IPHAN).

Plano Municipal de Cultura

Também questionado sobre as prioridades para essa pauta, o presidente do Conselho Municipal de Cultura de Campos, Marcelo Sampaio, reiterou a importância da aprovação do Plano Municipal de Cultura pela Câmara de Vereadores. Segundo ele, a elaboração desse Plano é um sonho “acalentado desde o século passado” que já está pronto e foi encaminhado ao Legislativo desde o ano passado, mas, por falta de tempo hábil, ainda não foi votado.

O Plano, construído a partir de dezenas de reuniões abertas com a participação da classe artística de Campos, traça uma série de ações a ser implementada entre os anos de 2021 e 2031. De acordo com o presidente do Conselho, munido desse documento, o prefeito Wladimir Garotinho tem “a faca e o queijo na mão”.

“Todas as demandas das áreas artística e cultural estão ali. O novo prefeito tem um norteador das políticas culturais do município e, agora, seu papel é garantir que o plano seja aprovado para, assim, iniciar as ações ali dispostas”, explicou Marcelo.

Outro ponto destacado pelo presidente é a necessidade de se manter o diálogo entre o Governo Municipal e o Conselho de Cultura: “Esse diálogo sempre foi muito difícil. No Governo Rafael, ele se tornou um pouco mais fácil, ao ponto de conseguirmos alterar o regimento interno de modo que, agora, nossa presidência é paritária, composta por membros do governo e da sociedade civil. Para se ter uma ideia, eu sou o primeiro presidente do Conselho eleito que não tem ligação com o governo. Essa é uma vitória da democracia que deve ser mantida”, concluiu. A próxima conferência que vai eleger os novos representantes do Conselho de Cultura nos anos 2021 e 2022 acontecerá em março.