O mês de setembro é marcado pela campanha Setembro Amarelo, uma iniciativa voltada para a prevenção ao suicídio e a promoção da saúde mental. A psiquiatra Gabriela Dal Molin e a psicóloga Liana França destacam a necessidade urgente de conscientizar a população sobre os transtornos mentais, suas consequências e a importância de buscar ajuda.
Gabriela Dal Molin, que atua como médica psiquiatra há 10 anos, recentemente realizou uma palestra no auditório do Hospital Dr. Beda, em Campos dos Goytacazes, onde dezenas de pessoas puderam refletir sobre depressão, transtornos mentais e suicídio. Ela ressaltou que o adoecimento mental tem se intensificado nos últimos anos, com um aumento significativo de transtornos como ansiedade, depressão e burnout. Apesar da maior visibilidade da saúde mental, ainda há muitos tabus em torno do tema.
“As pessoas falam muito em empatia, mas, na prática, vemos muito preconceito quanto aos que sofrem de transtornos mentais”, afirmou. Para ela, a informação é a principal ferramenta para combater esses estigmas. “Acredito que a principal questão de combater o tabu é a informação. Falar sobre tratamento, quanto à informação pode quebrar esse tabu e fazer com que as pessoas busquem ajuda”, completou.
Além de destacar o aumento da prevalência dos transtornos mentais, Gabriela sublinhou a importância de identificar mudanças de comportamento como sinais de alerta. Ela mencionou que sintomas como noites sem dormir, desconforto e ansiedade recorrente são indicadores de que algo está errado. “Tratar é a melhor forma de prevenir. Oferecer ajuda a quem está sofrendo é essencial”, aconselhou, enfatizando que o acompanhamento psiquiátrico é fundamental e que o uso de medicações modernas têm gerado resultados positivos.
Já a psicóloga Liana França, com 20 anos de profissão e que atua no Hospital Dr. Beda, levou sua palestra recentemente a uma grande empresa de Campos dos Goytacazes. Assim como na exposição de Gabriela, dezenas de pessoas participaram do evento e puderam refletir sobre saúde mental. Liana reforçou a urgência de desmistificar o tema. Segundo ela, muitos ainda associam transtornos mentais à incapacidade ou fraqueza, o que agrava o preconceito. “É preciso trabalhar continuamente o assunto, para que a sociedade entenda que saúde mental não é doença, e que transtorno mental é diferente”, explicou.
Liana destacou que é necessário estar atento a mudanças na rotina e nos hábitos que comprometem a qualidade de vida e as relações. Para ela, a terapia tem um papel crucial no processo de entender como o sofrimento afeta o cotidiano e as relações das pessoas. “Há casos em que as pessoas chegam ao consultório com mais de um diagnóstico de doença mental”, revelou. Ela alertou que cerca de 70% a 80% das pessoas no mundo com problemas de saúde mental não buscam ajuda por medo do preconceito.
As especialistas reforçam que o foco da campanha Setembro Amarelo deve ser a prevenção. O caminho para quebrar os estigmas e salvar vidas passa, inevitavelmente, pela disseminação de informação correta e pelo incentivo à busca por tratamento. Afinal, cuidar da saúde mental não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem e autocuidado.