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Declínio e o 1º de maio

QUALQUER COMPARAÇÃO COM GETÚLIO VARGAS É UM ATENTADO À HISTÓRIA DO BRASIL

Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
7 de maio de 2024 - 18h48

Em 2005, quando estourou o escândalo de compra de votos de deputados pelo governo, apelidado por Roberto Jefferson de mensalão, o presidente Lula da Silva embarcou no ‘caminhãozinho do PT’ e saiu Brasil afora enfatizando sua condição de ‘retirante nordestino’ que estava sendo perseguido pelas elites brasileiras.

Em seus discursos Lula se comparava a Getúlio Vargas, na velha frase de que “nunca na história deste país…” blá-blá-blá etc. O denunciante da rede de corrupção foi o deputado Roberto Jefferson, numa espécie de vingança. Mas que também foi alcançado por punições.

Na ocasião o presidente – como de costume – disse que não sabia de nada. O mentor e arquiteto do esquema, então Ministro-Chefe da Casa Civil, José Dirceu, cuja sala ficava coladinha ao gabinete de Lula, deixou o governo face as evidências irrefutáveis de seu comprometimento no mensalão e voltou à Câmara. Ato contínuo, foi cassado por quebra de decoro parlamentar.

Campanha e 1º de Maio

 O que chama a atenção – que de certa forma justifica este texto – é que durante a campanha eleitoral de 2022 para presidente, Lula não mais se comparou a Vargas, mas colocou-se acima, autoproclamando-se ter sido ele (Lula) o maior presidente da História do Brasil. A fala só não patética posto que ridícula.

Contudo, como os números não mentem, Lula reclamou das centrais sindicais pelo trabalho de mobilização do ato, reclamando que a convocação para o evento comemorativo do ‘Dia do Trabalhador’ foi mal elaborado e ele falou para menos gente do que o esperado.  

Foto: Divulgação

Discrepância  

Na Era Vargas, que governou o Brasil por 19 anos durante a ditadura progressista e, depois, democraticamente pelo voto popular, o Catete não precisava fazer campanha para convocar a população para os eventos do 1º de Maio.

Muito pelo contrário, o povo aguardava ansioso pela festa, porque sabia que Getúlio iria anunciar o novo Salário Mínimo, os hospitais, escolas, habitação e obras de infraestrutura que estavam sendo construídas. Além disso – e mais importante – Vargas divulgava novos avanços sociais em todas as áreas com benefícios relevantes para toda a gente.

São Januário

Vargas falava direto para o público presente no Estádio de São Januário e seu discurso era erradicado para todo Brasil através de cadeia nacional de rádio. As pessoas chegavam à porta do estádio um/dois dias antes para garantir lugar que pudessem ver de perto Getúlio.

Era uma festa. O trabalhador tinha orgulho de seu governo, apesar dos percalços de uma época em que os recursos eram curtos e o país atrasado tecnologicamente. Mas o povo era feliz. Confiava no seu presidente porque sabia que ele estava fazendo o melhor.

Sem igual

Getúlio Dornelles Vargas era querido, amado e ovacionado fosse onde fosse. O criador da Petrobras deixou um legado extraordinário e as hostilizações, hoje tão comuns, não fizeram parte de sua vida de homem público, salvo por episódios isolados comuns em qualquer o país do mundo.

Em um trecho da carta testamento, o último ato do grande brasileiro:

“(…) Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.” Seu enterro foi o maior da História política do país.

Se o governo é apático – como de fato é – não precisava aumentar a rejeição com comparações infelizes.