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Hospital Dr. Beda entra na era da cirurgia robótica

Grupo IMNE mantém pioneirismo, investe em tecnologia com Da Vinci, primeiro robô para procedimentos do tipo no Norte Fluminense e Região dos Lagos

Ciência e Tecnologia
Por Ocinei Trindade
9 de abril de 2023 - 0h05
Tecnologia: Dr.Gustavo Araújo, Martha Henriques e equipe receberam o equipamento de última geração (Fotos: Carlos Grevi)

O Hospital Geral Dr. Beda inaugura, a partir desta semana, uma nova fase em sua história. Definitivamente, a cirurgia robótica estará em prática na instituição. A direção do Grupo IMNE adquiriu o robô cirúrgico Da Vinci, da fabricante americana Strattner, que passa por últimos testes e ajustes. Cirurgias já estão marcadas com o uso do equipamento. O investimento em alta tecnologia já é tradição do IMNE, em Campos dos Goytacazes. O uso do robô cirúrgico marca, também, o pioneirismo em unidades hospitalares do Norte Fluminense e Região dos Lagos. O empreendimento é celebrado pela direção da instituição e por profissionais treinados e capacitados para utilização do robô cirúrgico.

A cirurgia robótica no Hospital Geral Dr.Beda poderá ser aplicada em diferentes especialidades médicas, como cirurgia-geral, de cabeça e pescoço, ginecológica, urológica, bariátrica e torácica. O Grupo IMNE investiu especificamente em treinamento de sua equipe. Inicialmente, são 30 profissionais entre cirurgiões-médicos e enfermeiros capacitados. Um equipamento simulador de robô foi adquirido pela instituição nos últimos meses e usado para o treinamento dos profissionais que atuam em procedimentos cirúrgicos.

Da Vinci é da fabricante americana Strattner

Para o diretor-clínico do hospital, Diogo Neves, a aquisição do robô cirúrgico representa uma revolução na medicina regional. “A cirurgia robótica dentro de algum tempo vai tomar o espaço da cirurgia convencional.  Sabemos que, para determinados tipos de cirurgia, a robótica tem resultados melhores e mais eficazes. São vários os benefícios que a cirurgia robótica traz. No Beda, atingimos um grau de maturidade cirúrgica com equipes extremamente qualificadas e capazes para fazer o investimento. Estamos na vanguarda para exercer medicina de primeiro mundo”, cita.

Ainda de acordo com Diogo Neves, a decisão em investir em cirurgia robótica só aumentou após o último Simpósio de Oncologia, em Campos, quando se enfatizou uma série de benefícios com uso do robô em cirurgias oncológicas.

Dr.Diogo Neves: diretor clínico do IMNE destaca pioneirismo do grupo

“Para ser reconhecido como centro de referência, precisamos acompanhar o desenvolvimento da medicina. É uma tecnologia extremamente cara. Estamos em um momento muito difícil no país em termos cambiais. O equipamento é totalmente importado, produzido completamente fora do Brasil. O investimento também é considerável em treinamento e capacitação, com certificação de mais de 20 médicos dentro do Hospital Dr. Beda. Em breve, teremos um corpo clínico totalmente capaz de operar essa plataforma robótica”, explica o diretor-clínico.

O robô cirúrgico faz parte de um conjunto de três componentes que integram a plataforma. Há o console do médico onde este faz a cirurgia e transfere seus movimentos para o “carro” onde fica o paciente e o robô propriamente dito; o terceiro elemento é o carro de visão, onde toda equipe que está na sala de cirurgia acompanha em 3D o procedimento feito pelo médico-cirurgião.

Tecnologia e protocolos

A cirurgia robótica exige integração de profissionais capacitados. O Grupo IMNE formou o Comitê de Robótica composto por representantes da direção administrativa, direção médica, médicos e enfermeiros. O urologista Gustavo Araújo preside o comitê e coordena o Programa de Cirurgia Robótica do Hospital Dr. Beda. O protocolo tecnológico é padronizado universalmente, seguido, por exemplo, por instituições renomadas como Albert Einstein, Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz, CopaStar e Hospital das Américas.

Nova era: profissionais comemoram a chegada do Da Vinci
no Centro Cirúrgico do Dr. Beda

“Sem dúvida, a aquisição da plataforma robótica trará grandes benefícios aos pacientes da região. Na urologia, quando precisamos retirar a próstata de um paciente doente, os principais medos são as complicações inerentes aos procedimentos. Ao usar essa plataforma, nós minimizamos os riscos dessas complicações. A recuperação também é mais rápida. Em 2018, me especializei em cirurgia robótica. Em 2019 retornei a Campos para ingressar no programa. E, agora, veio a concretização intra-hospitalar com toda a equipe sendo treinada e certificada”, comenta Gustavo Araújo.

Visão 3D auxilia médico durante procedimento cirúrgico em aparelho simulador adquirido para treinamento de equipe do Hospital Dr. Beda

Entre as diferenças da cirurgia robótica e convencional está a aplicação em imagem 3D ampliada, com muito mais nitidez e melhor visão para o cirurgião. “Usamos a tecnologia dos braços robóticos que nos dão mais destreza cirúrgica, com mais delicadeza no procedimento. Isso traz o menor dano ao paciente, minimizamos danos aos tecidos quando operamos. O Beda também adquiriu a tecnologia em Ultrassom BK, único da região, para uso intra-operatório. Nós completamos as tecnologias com o ultrassom robótico BK. Em uma cirurgia de tumor renal, a gente retira apenas a área afetada, preservando o rim do paciente. Poucas instituições do Estado possuem essa tecnologia de ultrassom, o que eleva o patamar do Beda também nesse aspecto”, diz o coordenador do Programa de Robótica. 

Tradição e pioneirismo em Campos

Desde 1976, o IMNE é referência em tecnologia moderna para a área de saúde. A instituição foi pioneira em Campos em Medicina Nuclear. Instalou a primeira bomba de cobalto no tratamento do câncer, além do primeiro acelerador e da primeira braquiterapia. Agora, investe no primeiro robô cirúrgico das regiões Norte Fluminense e Lagos. Para a diretora-administrativa do Grupo IMNE, Martha Henriques, o investimento em cirurgia robótica em Campos, coloca a empresa mais uma vez em posição de destaque, graças à visão empreendedora do diretor-presidente do IMNE, Herbert Sidney Neves:

Diretora administrativa Martha Henriques destaca o empreendedorismo do diretor-presidente do Grupo IMNE, Herbert Sidney Neves

“Nosso diretor-presidente sempre tem o olhar voltado para a inovação. Está em nosso DNA. Colocamos Campos novamente no cenário nacional na área da saúde. Para a instalação da plataforma robótica no centro cirúrgico o ambiente recebe todo o aparato especial necessário com ar-condicionado controlado, termostato, além de um centro de material específico e compatível com todos os componentes do robô que requer esterilização de baixa temperatura. O Beda investiu em autoclaves e em um centro de material específico só para o robô”, explica.

Dr.Gustavo Araújo coordena Programa de Robótica do Hospital Beda

De acordo com a diretora-administrativa, os profissionais que integram o Comitê de Robótica continuarão tendo treinamentos. “São médicos, enfermeiros e técnicos voltados exclusivamente para este serviço. A empresa muito nos orgulha com essa nova era. O robô é uma virada de chave em nossa história, lembrando que há muito a ser explorado em Inteligência Artificial. As pessoas precisam saber que estão tendo acesso a um serviço de grandes centros. Em termos de medicina, somos também um grande centro e referência em favor dos pacientes.

Cirurgias previstas

De acordo com o coordenador do Programa de Robótica do Hospital Dr. Beda, alguns pacientes se encontram em estágios pré-operatórios para serem submetidos a procedimentos com o uso do robô cirúrgico. No primeiro mês, 15 cirurgias estão agendadas. “A robótica é utilizada em momentos específicos, quando é determinado que o ganho é melhor para tratar o paciente, dependendo de cada caso”, resume Gustavo Araújo. Segundo ele, o futuro da medicina está associado ao ingresso na cirurgia robótica. Cada vez mais tecnologia vai surgindo. Em breve, em um futuro bem próximo, se poderá operar em longa distância com grande segurança. O conhecimento humano é necessário, ao investir em pessoas, capacitação e certificação, além de tecnologia. Este é o diferencial do Beda”.

Os médicos Gustavo Araújo, Diogo Neves e André Porto

O diretor-clínico Diogo Neves acrescenta que o robô melhora a técnica do cirurgião, permitindo-o chegar a regiões onde não poderia sem o equipamento. “Os benefícios são enormes. Na minha visão, dentro de algum tempo, um dia, a robótica vai permitir cirurgias feitas de outras cidades ou de outros países, à distância. Este é um momento de celebração. A gente continua conquistando ao longo do aprendizado. Vamos trabalhar duro e mostrar que estamos capacitados, com pessoas aptas a realizar essa cirurgia com extrema segurança e destreza. Temos excelentes cirurgiões no corpo clínico do hospital e eles devem seguir evoluindo na técnica. Seguimos com muitas coisas a conquistar”, conclui.