Além da rotina estressante dos profissionais da Saúde imposta pela pandemia do novo coronavírus, os que trabalham no Hospital da Beneficência Portuguesa em Campos, onde funciona o Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCCC), precisam lidar com uma série de outros problemas, como atraso de salário (mês de fevereiro e 13º), falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e de insumos, entre outros. Eles também denunciam que não recebem adicional de periculosidade e nem adicional noturno para atuar no CCCC.
Os funcionários que entraram em contato com o Jornal Terceira Via fizeram as denúncias, mas preferiram não se identificar temendo represálias. Eles alegam falta de pagamento por atraso de repasses da Prefeitura de Campos, já que a Beneficência Portuguesa é uma unidade contratualizada que recebe verba municipal para prestar atendimento à população.
“Muitos já não têm dinheiro para chegar ao trabalho, mas o hospital tem ameaçado com demissão. Não há diálogo. Estamos organizando vaquinha para ajudar os que mais precisam”, disse um servidor do hospital.
Além disso, profissionais concursados da Prefeitura questionam que estão há um ano trabalhando no CCCC e não conseguem transferência para outras instituições de saúde do município.
“Estamos sobrecarregados, sem receber salários e sem previsão de revezamento ou algo do tipo com outros profissionais de saúde, em especial médicos, concursados que não se apresentaram para trabalhar no local no início da pandemia e nem atualmente, com a pandemia instalada há um ano. Servidores concursados da saúde apresentaram atestados médicos ao Previcampos, alegando problemas de ordem psiquiátrica para não atuarem no CCCC, mas continuam trabalhando em outros lugares, inclusive, em consultórios particulares”, disse um servidor da Beneficência.
Os funcionários do setor ainda alegam que faltam insumos e EPIs para trabalhar e que também que há inconsistência no contrato entre a Beneficência e a Prefeitura, já que o município estaria pagando valores altos à Beneficência para incluir o pagamento dos profissionais. Porém, os profissionais utilizados já são concursados e já entram na folha de pagamento do poder público.
“Com a prerrogativa da pandemia, o contrato e decretos municipais não permitem que nós peçamos licença, férias ou exoneração dos cargos. Pedimos que haja, pelo menos, um revezamento entre os profissionais lotados atualmente na unidade e os que estão espalhados em outros setores da Saúde”, argumentou outro.
Por fim, os servidores que procuraram o Jornal Terceira Via denunciam, também, que não recebem periculosidade ou adicional noturno para trabalhar no CCCC. “Além disso, alguns profissionais foram removidos, mesmo com o número de casos de Covid-19 aumentando, o que está sobrecarregando quem permaneceu no CCCC atualmente”, disse o denunciante.
A equipe de reportagem fez contato com a Prefeitura de Campos e questionou cada ponto da denúncia dos funcionários. Em nota, o órgão respondeu apenas que “a nova gestão está em dia com o repasse. O município realizou no último dia (26/02) o repasse no valor de R$ 4,8 milhões a 13 instituições contratualizadas, entre hospitais, clínicas e laboratórios”. A prefeitura não falou sobre a possibilidade de pagamento dos repasses atrasados referentes à gestão anterior.
O Jornal também fez contato com a Beneficência Portuguesa e aguarda resposta.
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