Apresentar-se durante turnê musical em Portugal no ano de 2013 foi como um sonho para Antônio Cruz, de 23 anos. Ele aprendeu a tocar viola na organização não governamental “Orquestrando a Vida” quando tinha 15 anos. Nesse período, seus dias passaram a ter novo sentido e propósito. O adolescente que se ocupava apenas em assistir televisão jogado no sofá de casa, ao ser apresentado à música clássica deu um salto em termos de desenvolvimentos cultural e social. Nem ele sabia que tinha tanto talento para a música até que o aprendiz de viola acabou se tornando maestro de uma orquestra infantil.
Antônio Cruz era um típico garoto de periferia no bairro Eldorado, sem maiores preocupações ou ambições. Quando não estava na escola, ele conta que ficava em casa o dia todo diante da tevê. Conheceu o projeto Orquestrando a Vida durante a visita de professores de violino ao colégio em que estudava. O objetivo era apresentar a música, e convidar os adolescentes para participarem. Antônio conta que sempre gostou de música instrumental presente nas trilhas sonoras de desenhos animados que assistia. Ali, surgiu uma oportunidade que ele não deixou passar. Inscreveu-se na ong campista, e há mais de oito anos não se separa das atividades musicais.
Além de música, o jovem maestro diz que na Orquestrando a Vida aprendeu como é trabalhar em equipe. “Descobri que é possível acreditar no futuro e lutar por ele. Aprendi que quando nos unimos e acreditamos, podemos mudar qualquer realidade”, diz. Atualmente, Antônio é maestro de uma das cinco orquestras da ong, além de professor. “Continuo morando no Eldorado, mas passo mais tempo na ong do que em casa. Sua rotina é acordar cedo, estudar viola, dar aulas e ensaiar até tarde. “Às vezes dou aulas à noite também”, relata.
Quando falam sobre o apoio oferecido por empresários e por voluntários ao projeto Orquestrando a Vida, Antônio Cruz considera a iniciativa tremendamente importante. “Para mim, isto representa que eles estão cuidando do nosso futuro, da nossa cidade, das crianças e adolescentes. Eles ajudam sonhos tornarem-se realidade, como é o meu caso que vim de uma vida bem diferente na periferia, e graças à música pude conhecer cidades e países lindos durantes nossos concertos sinfônicos. “, diz.
Graças ao projeto da organização não governamental em Campos, Antonio Cruz tem a oportunidade de viajar pelo Brasil e para o exterior nos concertos sinfônicos que participa. Segundo ele, dificilmente viveria essas experiências culturais se não integrasse a orquestra Mariuccia Iacovino. “Conheci lugares lindos. Minha vida hoje não seria a mesma sem a Orquestrando a Vida. Amo o que faço e guardo com muito carinho a memória de nossa ida a Portugal. Sonhos podem virar realidade, tenho certeza”, conclui.