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Após polêmica, MP investiga mostra no Museu de Arte Moderna de São Paulo

Segundo o museu, as reações à mostra são "resultado de desinformação, deturpação do contexto e do significado da obra"

País
Por Redação
30 de setembro de 2017 - 15h44
Artista nu fez performance interpretativa da obra "Bicho" Foto: - ATRAVES\\

Artista nu fez performance interpretativa da obra “Bicho” Foto: – ATRAVES\\

O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) abriu nessa sexta-feira (29), um inquérito civil para investigar denúncias feitas sobre a performance de Wagner Schwartz na abertura do 35º Panorama de Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. Um vídeo da intervenção do artista gerou polêmica na última terça-feira (26), no qual uma criança, acompanhada da mãe, tocava os pés de Schwartz, que se apresentava nu. A performance, batizada de “La bête”, é uma releitura da obra “Bicho”, da pintora e escultora Lygia Clark.

Em nota publicada em seu site oficial, o MP-SP diz: “De acordo com as denúncias recebidas, como consta na portaria de instauração do inquérito, o museu ‘estaria expondo crianças e adolescentes a conteúdo impróprio, uma vez que um homem estaria pousando totalmente sem roupa e o público seria convidado a tocá-lo, inclusive crianças’. A investigação foi instaurada pelo promotor de justiça Eduardo Dias, que solicitou que o Youtube e o Facebook retirassem do ar imagens de crianças e adolescentes na exposição.

Ainda segundo o texto, o MP-SP “solicita que o Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça elabore parecer sobre a classificação indicativa. Ao MAM, solicita informações sobre a referida mostra e pede esclarecimentos sobre o critério de classificação etária.”

Na noite de quinta-feira (28), o MAM divulgou uma nota negando erotismo na performance: “É importante ressaltar que o material apresentado nas plataformas digitais omite a informação de que a criança que aparece no vídeo estava acompanhada de sua mãe durante a abertura da exposição”, afirma trecho da declaração.

No dia seguinte (sexta), o museu voltou a emitir um texto sobre o assunto, dizendo que as reações causadas pela performance eram “resultado de desinformação, deturpação do contexto e do significado da obra”. Em relação à revolta de muitos utilizadores das redes sociais, o MAM afirmou que se tratam de “manifestações de ódio e de intimidação à liberdade de expressão”.

O debate sobre liberdade de expressão, censura e a relação entre arte e sexualidade volta à tona depois da polêmica causada recentemente pelo Santander Cultural de Porto alegre, que cancelou a exposição “Queermuseu — Cartografias da diferença da arte brasileira” após protestos nas redes sociais.

Fonte: O Globo