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Desigualdade salarial de gênero: impacto econômico e social

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Economia
Por Sandro Figueredo
29 de abril de 2024 - 17h31
Foto: Ilustração

A desigualdade salarial de gênero é uma questão persistente que afeta milhões de mulheres em todo o mundo. Apesar dos avanços nas últimas décadas em direção à igualdade de gênero, a disparidade nos salários entre homens e mulheres ainda é uma realidade em muitas partes do mundo, refletindo profundas disparidades sociais e estruturais.

Em todo o mundo, as mulheres continuam a enfrentar salários inferiores em comparação com seus colegas homens, independentemente do nível de escolaridade ou experiência profissional. De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres ganham em média cerca de 20% menos que os homens globalmente. Esse fosso salarial persistente reflete uma série de fatores complexos, incluindo discriminação de gênero, segregação ocupacional, e desigualdade de oportunidades de carreira e progressão.

No Brasil, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, as mulheres recebem em média 19,4% a menos que os homens, com variações significativas no tipo de ocupação. Em posições de liderança e gerência, por exemplo, essa diferença de remuneração chega a 25,2%.

As mulheres negras enfrentam uma situação ainda mais desafiadora no mercado de trabalho, além de estarem em menor número, apresentam os menosres salários. A renda média das mulheres negras é de R$ 3.040,89, o que corresponde a apenas 68% da renda média dos homens não-negros, avaliada em R$ 5.718,40. No caso das mulheres não negras, essa proporção é ligeiramente melhor, com 66,7% da remuneração dos homens não negros

A discriminação de gênero desempenha um papel significativo na perpetuação da desigualdade salarial. Muitas mulheres continuam a enfrentar preconceito e estereótipos de gênero no local de trabalho, o que pode influenciar decisões de contratação, promoção e remuneração. Estudos mostram que mesmo quando mulheres e homens têm o mesmo nível de qualificação e experiência, as mulheres ainda recebem salários mais baixos.

A segregação ocupacional, onde mulheres são concentradas em setores e ocupações de baixa remuneração, é outra causa importante da disparidade salarial de gênero. Profissões historicamente femininas, como cuidados de saúde, educação e serviços domésticos, tendem a ser subvalorizadas e mal remuneradas em comparação com ocupações dominadas por homens, como engenharia, tecnologia e finanças.

A falta de políticas de conciliem trabalho e família também contribui para a desigualdade salarial de gênero. Muitas mulheres enfrentam dificuldades em equilibrar suas responsabilidades profissionais com as demandas do cuidado de crianças e familiares, o que pode limitar suas oportunidades de avanço na carreira e resultar em salários mais baixos.

A desigualdade salarial de gênero tem amplo impacto econômico e social. Além de privar as mulheres de rendimentos justos e oportunidades de progresso na carreira, ela também contribui para a perpetuação da pobreza feminina e dependência econômica, o que não ajuda a reduzir os casos de violência doméstica. Violência essa, que em muitos casos não é deixada de ser vivida por conta da dependência econômico-financeira da mulher em relação ao conjuje. Além disso, a disparidade salarial tem efeitos de longo prazo na aposentadoria e segurança financeira das mulheres, aumentando ainda mais as desigualdades de gênero ao longo da vida.

Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo na conscientização através de políticas públicas afirmativas por meio dos governos Municipal, Estadual e Federal, movimentos sociais, entidades classe e a adoção da política de contratação de mulheres por empresas privadas. No entanto, mudanças significativas exigirão não apenas políticas e legislações mais abrangentes, mas também uma mudança cultural e estrutural mais ampla em relação às normas de gênero e ao valor do trabalho feminino.

O reflexo da disparidade de salários e da falta de políticas que apoiem a mulher a conciliar a relação trabalho-família, obriga-as a se tornarem mais empreendedoras. Segundo a Rede Mulher Empreendedora (RME), 87% das mulheres empresárias, empreendem em busca de independência financeira para terem mais tempo no cuidado dos filhos e da família. Segundo o Sebrae, mais de 10,1 milhões de empreendimentos são comandados por mulheres no Brasil e que 52% delas são mães. Mas este será um assunto para outro artigo.

A desigualdade salarial de gênero é um problema complexo que exige uma resposta abrangente e coordenada em nível global. Ao abordar as causas das disparidade salarial e promover políticas e práticas que promovam a igualdade de remuneração, podemos trabalhar para criar um mundo onde homens e mulheres sejam valorizados igualmente por seu trabalho e contribuições para a sociedade.Somente através de esforços colaborativos e contínuos podemos alcançar verdadeira igualdade de remuneração e justiça para todas as pessoas, independentemente do gênero, uma questão urgente que demanda atenção e ação imediata por parte de governos, empregadores e sociedade em geral.

Sandro Figueredo
Economista – Corecon-RJ 27528

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