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Afroprotagonismo e promoção da equidade racial em Campos

Integrante do projeto Elevador Social, a cientista social Simone Pedro analisa ações no Mês da Consciência Negra

Comportamento
Por Ocinei Trindade
24 de novembro de 2025 - 9h31

Simone Pedro é cientista social e integrante do projeto Elevador Social (Arquivo)

O Mês da Consciência Negra vem sendo marcado, em Campos dos Goytacazes, por debates e iniciativas que buscam fortalecer a luta histórica por direitos e ampliar a presença da população negra em espaços de decisão. No evento “Afroprotagonismo”, realizado em novembro, a cientista social Simone Pedro destacou a importância de reunir não apenas coletivos e lideranças tradicionais da causa, mas também empresas e instituições privadas, que, segundo ela, têm papel central na transformação social.

“O evento foi pensado para novembro porque este é o mês em que o tema ganha visibilidade. Queríamos reunir a comunidade que já há muito tempo luta pelos direitos das pessoas negras e, ao mesmo tempo, trazer uma vertente ainda pouco comum nessas discussões: o mercado corporativo”, afirmou.

Simone destacou que a presença negra nas lideranças organizacionais ainda está longe de refletir a realidade do país. Segundo ela, apenas 8% das posições de comando nas empresas brasileiras são ocupadas por pessoas negras, embora esse grupo represente mais de 50% da população nacional. “As organizações não estão conectadas com a nossa realidade quando a maior parte das decisões é tomada sem a presença de pessoas negras nos cargos mais altos. Queremos protagonismo não só na execução, mas na direção e na tomada de decisões.”

Integrante da Associação Elevador Social, Simone Pedro ressalta que o trabalho desenvolvido não se limita ao combate simbólico ao racismo: também envolve demonstrar ao setor produtivo que a desigualdade tem impacto direto no desenvolvimento econômico. “Pode parecer glamouroso estar na associação, mas é um grande desafio traduzir para o mercado os impactos financeiros que o racismo provoca dentro das empresas. Reproduzir desigualdades só traz prejuízos, inclusive para o crescimento da própria região”, observou.

Segundo a cientista social, isso exige articulação, mudança de cultura organizacional e compreensão de que o desenvolvimento econômico depende de organizações mais inclusivas, diversas e sensíveis às relações raciais. “Estamos falando de modificar comportamentos, estruturas e processos, seja em empresas privadas, órgãos públicos ou no terceiro setor.”

Simone Pedro também reforçou que a população negra precisa acompanhar e se engajar em iniciativas desse tipo, que buscam garantir melhores condições de vida, trabalho e realização profissional. “Projetos como o Elevador Social querem que as organizações se tornem espaços seguros e abertos para reconhecer talentos negros, criando mais oportunidades, melhores condições e a possibilidade real de sonhar com posições de destaque.”

Para a ativista, promover equidade racial não é apenas enfrentar o racismo. “É criar caminhos para que a população negra avance, se desenvolva e ocupe espaços que historicamente lhe foram negados”, finaliza.