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Eleição para o Governo do Rio de Janeiro é analisada pelo colunista Rodrigo Lira

Professor e pesquisador da Ucam e doutor em sociologia política pela Uenf, ele observa as pesquisas mais recentes a um ano do pleito

Política
Por Ocinei Trindade
11 de setembro de 2025 - 7h55
Rodrigo Lira é pesquisador da Universidade Candido Mendes e doutor em sociologia política pela Uenf (Foto: Silvana Rust)

A reportagem especial do J3News desta semana, “Eleições já movimentam tabuleiro político do Rio” (leia aqui), analisa alguns resultados divulgados por institutos de pesquisas, quanto às eleições de 2026 para o Governo do Rio de Janeiro. Nomes como Eduardo Paes, Rodrigo Bacellar, Washington Reis, Wladimir Garotinho e Mônica Benício, entre outros, são cogitados para a sucessão de Cláudio Castro.

De acordo com as pesquisas, Eduardo Paes aparece como favorito até o momento. O pesquisador, doutor em sociologia política e colunista Rodrigo Lira, faz análises deste cenário atual e traz algumas possibilidades do que pode ocorrer no pleito do ano que vem no Rio de Janeiro.

O que esperar dessa sucessão ao Governo do RJ?

Uma possível virada de chave na situação caótica em que vive o estado do Rio de Janeiro depende, necessariamente, do perfil do político que chegar ao cargo de governador. O estado acumula um histórico negativo, com vários ex-governadores presos, o que desgastou a confiança do eleitor e aprofundou a crise institucional. Enquanto isso, o Rio definha diante do avanço do crime organizado, que impacta diretamente o desenvolvimento socioeconômico e faz o estado patinar em indicadores de emprego, renda e qualidade de vida.

Nesse cenário, há candidaturas que sinalizam continuidade da política tradicional e outras que despertam expectativa de mudança. O eleitor fluminense tende a buscar uma renovação real, mas ainda é cedo para saber se haverá nomes capazes de materializar essa expectativa.

Nomes cogitados para o Governo do Rio de Janeiro, de acordo com pesquisas feitas por alguns institutos do país (Reprodução)

Pelos nomes que se apresentam, como pode ser essa disputa eleitoral para o Palácio Guanabara?

Eduardo Paes, atual prefeito do Rio, é um nome consolidado, com alta popularidade especialmente na capital, o que explica seu bom desempenho nas pesquisas. No entanto, as eleições estaduais no Rio são historicamente voláteis – basta lembrar da vitória inesperada de Wilson Witzel surfando na onda bolsonarista em 2018.

Outro fator relevante será a definição da família Bolsonaro, que ainda mantém forte influência no estado. Caso o senador Flávio Bolsonaro dispute o governo, a eleição tende a ser mais acirrada.

Com Washington Reis inelegível e Rodrigo Bacellar com dificuldades de viabilizar sua candidatura, ainda não está claro quem será o principal opositor de Paes em 2026. Nesse vácuo, o nome de Wladimir Garotinho, quando testado em pesquisa, mostrou potencial justamente pela associação com o pai e pela força política no interior, região onde Paes é menos competitivo. Isso o credencia como um player importante na dinâmica eleitoral.

No momento, Eduardo Paes venceria até Flávio Bolsonaro, segundo pesquisa. Isso demonstra o enfraquecimento do bolsonarismo fluminense?

As pesquisas recentes sugerem algum desgaste do bolsonarismo no estado, especialmente após episódios como a defesa de sanções contra o Brasil feita por Eduardo Bolsonaro e os desdobramentos do julgamento do ex-presidente no STF. Esses fatores causaram certo abalo na imagem do grupo.
Entretanto, é precipitado falar em enfraquecimento definitivo. O bolsonarismo ainda é muito forte no Rio de Janeiro, com estrutura política consolidada e condições reais de eleger não apenas deputados e senadores, mas até mesmo o próximo governador.

O PT e outros partidos de esquerda como o PSOL de Monica Benício devem ter fôlego e interesse do eleitorado com os nomes que se apresentam?

A esquerda no Rio de Janeiro historicamente constrói boas bancadas legislativas, mas enfrenta grandes dificuldades nas eleições majoritárias. O cenário atual aponta para o apoio do PT a Eduardo Paes, o que deve robustecer sua candidatura, especialmente com o presidente Lula atuando como cabo eleitoral. Esse apoio pode ser decisivo para ampliar o alcance de Paes junto a segmentos do eleitorado que a esquerda tradicionalmente mobiliza. Já candidaturas como a de Monica Benício têm mais força simbólica e programática, mas pouca viabilidade para disputar de igual para igual o Palácio Guanabara.

Quais as suas perspectivas?
A perspectiva é de uma eleição que pode se tornar bastante acirrada, a depender do nome que a direita e o bolsonarismo apresentarem. Hoje, o cenário favorece Eduardo Paes, que aparece como franco favorito. Mas é importante destacar que ainda há muitas variáveis em aberto: definição de candidaturas, alianças regionais, conjuntura econômica e o papel das lideranças nacionais. É cedo para cravar um desfecho, mas tudo indica que será um pleito marcado por disputas intensas e rearranjos estratégicos até o último momento.

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