×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Uenf fortalece parceria Brasil-Alemanha em pesquisa para agricultura sustentável

Atividades científicas são financiadas pela Capes e pelo Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico

Ciência e Tecnologia
Por Redação
26 de agosto de 2025 - 7h26

Pesquisadores da Uenf e professor da Alemanhã, Marcus Wolff (centro) – Divulgação

Um projeto inovador desenvolvido na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) pode representar um avanço significativo para a agricultura sustentável e no combate ao aquecimento global. Pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Gases do Laboratório de Ciências Físicas (LCFIS), ligado ao Centro de Ciência e Tecnologia (CCT), trabalham, em parceria com cientistas da Universidade de Ciências Aplicadas de Hamburgo, na Alemanha, no desenvolvimento de fertilizantes capazes de reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

O foco do estudo é o óxido nitroso (N₂O), um gás quase 300 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO₂) no agravamento do efeito estufa, gerado principalmente pelo uso de fertilizantes nitrogenados. “As concentrações de óxido nitroso são bem menores que as de dióxido de carbono, mas vêm crescendo gradativamente em função da crescente demanda por alimentos”, explica o professor Marcelo Gomes, coordenador do Grupo de Pesquisa em Gases.

Segundo dados de 2024 do Ministério da Agricultura e Pecuária, o Brasil responde por cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, ocupando a quarta posição no ranking mundial, atrás apenas de China, Índia e Estados Unidos. Mais de 87% dos fertilizantes utilizados no país são importados.

Professor Marcelo Gomes da Uenf

A parceria com a Alemanha é viabilizada pelo Programa Brasil-Alemanha (Probral), financiado pela Capes e pelo Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD). Atualmente, três pesquisadoras da UENF desenvolvem parte de suas pesquisas em Hamburgo, enquanto a instituição fluminense já recebeu estudantes e técnicos alemães. “Estamos no segundo ano de execução do projeto, que pode ser prorrogado por mais dois anos”, diz Gomes.

Em março deste ano, a UENF recebeu o professor Marcus Wolff, da Universidade de Ciências Aplicadas de Hamburgo, para troca de experiências e acompanhamento dos trabalhos. “A presença dele permitiu que nossos alunos tivessem contato direto com o pesquisador e que ele conhecesse nossa estrutura, contribuindo com sugestões para as pesquisas”, ressalta Gomes.

Os resultados preliminares da fase inicial do projeto, voltada à preparação de equipamentos e técnicas de medição, já estão sendo publicados. A nova etapa, considerada mais desafiadora, prevê a coleta de gases diretamente no campo, com uso de sensores especiais desenvolvidos pelo grupo.

Além do impacto ambiental, a pesquisa também promete benefícios econômicos, reduzindo perdas de fertilizantes que, segundo Gomes, podem chegar a 70% no uso atual da ureia. “Quando o fertilizante é liberado de forma excessiva, a planta não consegue absorver no tempo adequado, gerando desperdício, contaminação de águas e maior emissão de gases”, explica o pesquisador.

Professor e pesquisador Marcus Wolff da Universidade de Hamburgo, Alemanha

Em cooperação com a Embrapa Solos e a Embrapa Agrobiologia, os cientistas também estudam formas de otimizar a liberação dos nutrientes no solo, melhorando a eficiência do processo agrícola.

Com o projeto consolidado, a UENF reforça sua posição como referência em pesquisas ambientais e agrícolas, destacando-se no cenário internacional. “Até mesmo as viagens no intercâmbio são planejadas para que o tempo de permanência compense o combustível gasto, garantindo que a cooperação seja sustentável em todos os sentidos”, completa Gomes.

Com informações da Ascom/Uenf