A Subsecretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos, vinculada à Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania, realizará no dia 28 de agosto, na Câmara de Vereadores de Campos, o Fórum Regional Inter-religioso. Com o tema “Diálogo inter-religioso: rompendo barreiras para a estruturação de um Estado laico no Norte e Noroeste Fluminense”, o evento ocorrerá das 10h às 17h, aberto ao público, e reunirá representantes de diversas religiões, Ministério Público, OAB, Defensoria Pública, pesquisadores e sociedade civil para discutir intolerância e racismo religiosos, além de propor políticas públicas de enfrentamento.
Entre os participantes confirmados no Fórum Regional Inter-religioso estão o professor babalorixá Ivanir dos Santos, representando religiões de matrizes africanas; o vereador e pastor Anderson de Matos, pelas igrejas pentecostais; e o bispo Dom Roberto Ferrería, representando a Diocese de Campos.
O subsecretário Gilberto Totinho destacou a relevância do evento, classificando-o como essencial no processo de garantia dos direitos humanos:
“A discussão sobre a promoção da liberdade religiosa, quando ampliada para diferentes visões de fé, fortalece a busca por equidade. Quando se trata de debater a liberdade dentro da própria esfera religiosa, é algo que parte de um contexto muito específico. Mas, quando abrimos essa conversa para outras referências religiosas, ganhamos um caráter de desenvolvimento e de construção coletiva. Nunca houve em Campos uma discussão com essa dimensão. Diante das violências que diferentes religiões vêm sofrendo ao longo dos anos, nossa expectativa está altíssima. É um momento histórico, e nos sentimos lisonjeados de fazer parte dele”, afirmou.
Expectativas e diálogos
O vereador e pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, Anderson de Matos, comentou sobre sua participação no Fórum Inter-religioso, na Câmara de Campos. Ele destacou a importância de debater temas como racismo e intolerância religiosa. “Há uma grande e positiva expectativa para esse evento. Debater temas como racismo e intolerância religiosa é muito importante para a formação de uma opinião de respeito, aceitação e tolerância com as diferentes religiões”, afirmou.
Questionado sobre a ocorrência de denúncias e casos de racismo na cidade e região, o parlamentar ressaltou a necessidade de registro e documentação das situações. “Entendo que, em qualquer caso de racismo religioso, a vítima deve reunir provas, como fotos, vídeos, mensagens e testemunhas. O racismo religioso é um crime que pode resultar em prisão. Porém, em muitos casos, a vítima, por não reunir as provas necessárias para comprovação do crime, não consegue proteger a liberdade religiosa e a sua própria crença”, explicou.
O bispo católico Dom Roberto Ferrería Paz também comentou sobre o fórum: “A minha expectativa é crescer no amor, respeito e tolerância, criando dispositivos e canais de diálogo e de proteção da liberdade religiosa, além do respeito às liturgias e expressões de culto das diversas religiões”, afirmou.
Dom Roberto alertou para o aumento da intolerância religiosa no país. Segundo ele, esse cenário tem relação com “o crescimento das tendências fundamentalistas associadas à teologia do domínio e do poder religioso, ligado à política e às suas manifestações agressivas e intimidatórias. A laicidade é positiva no sentido de estar aberta ao transcendente e respeitar o sentido religioso do povo, mas exige a neutralidade do Estado e a rejeição de qualquer privilégio ou favorecimento”, pontuou.
Ele defendeu ainda que o poder público assuma um papel mais ativo na garantia da liberdade de culto.