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Vigilância Sanitária interdita sede do Projeto Pillar, alvo de inquérito do MP sobre desvio de R$ 9,9 milhões

Ong que presta serviço de fisioterapia ao Hospital Álvaro Alvim está envolvida em inquérito que apura uma série de irregularidades

Saúde Pública
Por Redação
17 de junho de 2025 - 10h25
Vigilância Sanitária interditou a ONG nesta terça-feira (17) – Divulgação

A Vigilância Sanitária de Campos interditou na manhã desta terça-feira (17) a sede do Projeto Pillar, que presta serviços de fisioterapia ao Hospital Álvaro Alvim. A interdição ocorreu por falta de documentação necessária para a atividade de saúde. A ação foi realizada um dia após o recebimento da denúncia, considerada procedente.

De acordo com a assessora chefe da Visa, Vera Cardoso de Melo, o CNPJ da unidade não possui Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) vinculado à área de saúde, o que torna o funcionamento irregular.

“O CNPJ referente ao projeto não tem CNES nenhum da saúde, inclusive o específico de atividades de fisioterapia. Então, nesse caso, tivemos que interditar, porque não tem licença da Vigilância Sanitária”, disse a assessora chefe da Visa, Vera Cardoso de Melo.

Uma simples consulta ao CNPJ da Associação Filantrópica Pillar mostra como principal atividade econômica o seguinte segmento: “atividades de associações de defesa de direitos sociais”. Como atividade secundária, outra área distinta: “atividades de organizações associativas ligadas à cultura e à arte”. O que diverge com o registro da Pillar no CNES, onde a instituição aparece como prestadora de serviço de fisioterapia, atenção ao pré-natal, parto e nascimento. Também chama atenção o fato de que em seu registro no CNES, a instituição apresenta os serviços como privados, não da rede SUS. Ao mesmo tempo, presta serviços vinculados ao SUS.

Foto: J3News

Segundo Vera, em nenhum momento da atual gestão houve solicitação de licença sanitária por parte do Projeto Pillar. Para que a unidade seja desinterditada, será necessário atualizar o CNPJ e incluir a atividade de fisioterapia para que, só então, se dê entrada no processo de licenciamento.

“Precisa inserir o CNES para fazer a mudança, a modificação do alvará. Isso pode ser feito, inclusive, de forma on-line por um profissional da área através do Redesim (Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios). Do jeito que está hoje, o alvará e o CNPJ deles não tem nada que necessite da Vigilância Sanitária, sendo que na prática, o que eles estavam fazendo é de Vigilância Sanitária, que é a atividade de fisioterapia”, completou Vera.

Além da irregularidade documental, o J3News obteve com exclusivida de acesso ao inquérito civil instaurado pela 3ª Promotoria de Justiça do Ministério Público de Campos, que investiga supostos atos de improbidade administrativa envolvendo a destinação de verbas públicas para serviços de fisioterapia no município. O Hospital Álvaro Alvim e a associação filantrópica Pillar estão no centro das denúncias.

O inquérito revela que trata-se de uma instituição não contratualizada pelo município e que presta serviços à Fundação Benedito Pereira Nunes (FBPN), mantenedora do hospital. O documento cita possíveis irregularidades nos faturamentos apresentados, o que pode configurar enriquecimento ilícito da Fundação e da associação Pillar.

Ainda de acordo com apuração exclusiva do J3News, uma auditoria interna finalizada em setembro de 2024, conduzida pelo Núcleo de Regulação, Contratualização e Auditoria da Secretaria Municipal de Saúde, apontou que, entre 2018 e 2024, pode ter havido desvio de R$ 4,9 milhões em recursos municipais, além de R$ 5 milhões em verbas federais, totalizando R$ 9,9 milhões em recursos públicos desviados.

A auditoria foi citada em reunião aberta do Conselho Municipal de Saúde no último dia 3 de julho, reforçando a gravidade das suspeitas que agora estão sob investigação formal do Ministério Público.

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