O primeiro amor a gente nunca esquece. Vão ficar sempre um carinho, uma lembrança doce das descobertas em comum, algum constrangimento ou outro e um sentimento de saudade que não sei bem dizer. Essa pessoa vai ser sempre lembrada, comparada, esbravejada ou muito querida. Geralmente estamos, na adolescência, quando passamos por esse A-CON-TE-CI-MEN-TO. Sim, o primeiro namorado é um acontecimento. O primeiro beijo então, ulalá! Uma efeméride!
Guardo lembranças muito especiais do meu primeiro amor. Um jovem bonito, atencioso, simpático, cheiroso que adorava velocidade. Cabelos meio longos, bem negros e brilhantes. Naquela época, ele tinha um fusca vermelho que era o máximo. Pouquíssimas vezes andei naquele fusca. Papai era uma “fera”.
R.B.M.C. era um encanto, um mineiro, como diz lá por aquelas bandas, um rapaz “de tirar a Chiquinha do baile.”
Ele morava na cidade grande, eu, numa vila perdida nas Gerais. Eu estudava interna em colégio de freiras, ele estudava em colégio de vanguarda na sua cidade. Eu nunca tinha namorado, ele já. Eu, mais tímida, ele menos, mas sempre muito gentil.
Nós nos conhecemos num final de semana qualquer, na década de setenta, em Volta Grande – MG. Ele era de uma família tradicional da cidade, por isso não houve objeção. Naquela época, muitas e muitas vezes, os pais tinham grande influência nos possíveis namorados das filhas. Os rapazes tinham mais liberdade de escolha.
O primeiro perfume francês que usei foi ele quem me deu. Maravilhoso!
Quando lembro dos seus beijos, sinto o cheiro desse perfume.
Em um final de semana, fomos a um baile, em época de exposição agropecuária. O clube era rodeado de varandas. Ele me chamou para irmos para lá. Por recomendação dos meus pais não aceitei o convite. Obedeci a meus pais e perdi meu primeiro namorado para sempre.
O tempo passou, ele se casou, teve filhos e estava feliz como piloto de avião.
Aos quarenta e sete anos, quando estava entre as nuvens, o piloto mais experiente da companhia em que trabalhava terminou sua jornada na terra e voou mais alto até ao céu.
Saudades de um tempo muito feliz que não volta!