×
Copyright 2024 - Desenvolvido por Hesea Tecnologia e Sistemas

Dia de celebrar o amor em forma de mãe

Sete mulheres de diferentes profissões revelam os desafios de conciliar a maternidade e o trabalho

Geral
Por Redação
14 de maio de 2023 - 0h01
(Foto: Divulgação/Governo do Ceará)

No Brasil, o segundo domingo de maio é lembrado como o Dia das Mães.
A data foi escolhida para ajudar a movimentar as atividades comerciais. O decreto nº 21.366, assinado em 5 de maio de 1932, oficializou a prática. Entretanto, o primeiro registro de comemoração do Dia das Mães que se tem conhecimento é de 1918, de modo informal.

Há quem defenda que todos os dias são de mães e filhos. Contudo, celebrar o reencontro no almoço familiar de domingo tem sabor especial neste dia 14.

A reportagem do J3News conversou com sete mulheres que se dividem entre as carreiras profissionais, a luta pela sobrevivência e a ascensão no mercado de trabalho com a criação dos filhos. A dentista Maria Lucia Barbosa, a engenheira e empresária Milena Lyrio, a arquiteta Dayane Santana, a fisioterapeuta Ellen Schmid, a empresária e cabeleireira Noélia Alves, e a artesã Viviane Pedra Rueles revelam um pouco de suas rotinas e o significado que tem o Dia das Mães para elas.

Dayane Santana – Arquiteta

(Foto: Hellen Souza)

A arquiteta Dayane Santana se formou em 2012 e, em 2015, se especializou em Design de Interiores. Com mais de 10 anos de carreira, ela conta que costuma trabalhar por até 10 horas por dia. Neste domingo ela celebra o Dia das Mães e, no 19 de maio, também comemora os quatro anos da única filha, Felícia Santana Pessanha. Para a arquiteta, o melhor no exercício materno são “os prazeres diários da afetividade desta relação criada entre mãe e filha”, revela.

Antes de ser mãe, Dayane Santana dedicava-se apenas ao empreendedorismo. “Me alegra a satisfação do cliente por uma entrega técnica bem-feita, um pleno atendimento ao serviço que envolve Arquitetura, os constantes acompanhamentos de obra e a conclusão do ciclo de um sonho. A competitividade de mercado e a quantidade de profissionais de boa qualidade impõem entendimento completo do que é o serviço de Arquitetura. O principal desafio é identificar as fragilidades e carências dentro do processo de atendimento aos clientes”.

Vida profissional e maternidade são exercícios que se misturam propositalmente no cotidiano, segundo Dayane. “Isto permite uma compreensão da naturalidade que a vida pessoal e a atividade profissional se interconectam na vida de qualquer um, principalmente de uma mulher. Na maternidade, o que mais desafia é a capacidade de discernimento. Nesta era de evolução digital, do que, de fato, afeta positiva ou negativamente a formação de personalidade desta nova geração”, diz.

O Dia das Mães é importante para Dayane Santana. “É um momento de valorização. A vida de uma mulher é repleta de desafios, e o maior ensinamento é pelo exemplo. Por isso, sugiro que as mães influenciem seus filhos para a formação de um mundo mais justo e sem preconceitos. Nossos filhos são as únicas heranças que deixaremos para o mundo”, conclui.

Maria Lúcia Barbosa Freire – Cirurgiã-dentista

Dentista, especialista e mestre em radiologia odontológica, Maria Lúcia Barbosa tem 40 anos de formada e, há 35 anos, permanece à frente da clínica Cero Imagem Digital, da qual é sócia e gestora. Para ela, a maternidade chegou após já ter iniciado a vida profissional. “Sempre mantive meu foco no aprimoramento científico continuado e fiz isso de forma compartilhada com toda a família. Como meu marido também era da mesma área, as conversas sobre o trabalho faziam parte da rotina dos nossos filhos. Desde novos, eles participavam de nossa vida profissional e iam conosco a congressos e eventos. Inclusive, às vezes, como é normal, éramos cobrados pelo tempo disponível, mas optamos sempre pela qualidade dos momentos em família”, conta a dentista.

Segundo Maria Lúcia, essa convivência fez com que, mais tarde, os dois filhos acabassem, eles próprios, optando por carreiras na área de saúde: Guilherme, de 33 anos, é médico radio-oncologista, enquanto Bernardo, de 30, é dentista, especialista em radiologia odontológica e atua como diretor clínico da Cero Imagem Digital.

“Desde que me formei como especialista, vislumbrei a radiologia odontológica como uma área muito promissora devido à possibilidade de se trabalhar com diagnóstico oral e, assim, auxiliar colegas dentistas no planejamento do tratamento e na otimização de seus resultados. A radiologia cresceu com a evolução tecnológica e tornou-se indispensável sua participação no âmbito multidisciplinar na odontologia. Isso me dá muito orgulho”, confessa.

Hoje, Maria Lúcia resgata com os netos o tempo que não foi possível desfrutar com os filhos, o que é possível graças ao horário mais flexível oportunizado pela função de gestão. O sentimento não é de culpa, mas de “puro prazer”, afirma, deixando uma reflexão:

“Uma mãe realizada profissionalmente sempre consegue dar mais qualidade de tempo aos seus filhos. Toda mãe, em uma fase da vida, se cobra muito. Mas, o importante é manter o foco e acreditar que mais do que palavras, o exemplo arrasta”, encerra.

Ellen Schmid – Fisioterapeuta

Fisioterapeuta há 22 anos, Ellen Schmid dedica seu tempo ao trabalho, entre oito e dez horas diariamente. Segundo ela, o que mais lhe satisfaz no ofício profissional é promover saúde e bem-estar para as suas clientes e ver a satisfação delas com os resultados. “Isso não tem preço”, resume. Os principais desafios na profissão e as dificuldades do mercado de trabalho são encarados com os desafios da maternidade. Ellen é mãe de Heitor (12 anos) e Mateus (9 anos).

“Por buscar sempre me atualizar e fazer um trabalho de qualidade, acredito que os desafios e as dificuldades da profissão são amenizados. Conciliar a vida profissional e a maternidade exige gerenciar o tempo entre profissão e filhos. Tenho em mente a qualidade desse tempo com os meus filhos”, cita.
Ellen Schmid é objetiva quando questionada acerca do que há de melhor no exercício materno: “Ver o desenvolvimento e realização dos meus filhos. Não tem como descrever a emoção de receber um beijo e um abraço de um filho”, conta.

Para a fisioterapeuta, não é fácil apontar o que há de mais desafiador na maternidade. “Os desafios surgem no dia a dia, e temos que ter sabedoria para orientar da forma correta, além de muita oração pelos filhos”, diz.
Sobre o Dia das Mães, Ellen faz sua avaliação. “Eu acho que acaba sendo um dia especial, apesar de o dia das mães ser todos os dias. Mas o carinho especial e as comemorações deste dia nos marcam como mães. Eu adoro. Ser mãe é um aprendizado constante. A gente ensina e aprende o tempo todo. É minha melhor realização”, conclui.

Noélia Alves – Empresária e cabeleireira

Noélia Alves é profissional da beleza há mais de 25 anos. Trabalha até 12 horas por dia. Ela é mãe de Ester, 15 anos; Lara, 8 anos; e Stella, de 2. “Os filhos são nossa motivação diária. Após um dia cansativo de trabalho, quando se chega à casa e vê o rostinho do filho; quando ele vem te contar uma novidade; vem te abraçar na porta; esse carinho é o nosso combustível. Até quando se tem uma dificuldade na vida, no trabalho, em tudo, é neles que a gente pensa para poder continuar. Eles nos dão força. Conciliar o trabalho e a maternidade é o maior desafio”, diz.

A maior satisfação de Noélia é trabalhar com a autoestima das pessoas. “Como profissional da beleza, eu não só cuido do cabelo das mulheres. Cuido também da estima. As pessoas estão precisando de carinho, de atenção. E essa é uma marca nossa, a questão do acolhimento também. Além de estar sempre ligada nas tendências, busco trazer as técnicas mais modernas para as nossas clientes. A gente não tem férias, precisa estar bem disposta todos os dias com pessoas”, cita.

Sobre maternidade e trabalho, Noélia busca equilíbrio de tarefas. “Preciso estar presente no trabalho e ligada no crescimento dos filhos, dar atenção, pegar na escola, levar às festinhas. Na agenda da criança não tem como você terceirizar tudo. Acontece de inserir também a criança no ambiente de trabalho, uma maneira de mantê-la por perto. Há o grande desafio de educar com gama de informações que o mundo dá, sobretudo com filhas em idades diferentes”, comenta.

O Dia das Mães é extremamente importante para Noélia. “É uma data linda, eu amo. Ser mãe é um dom divino, algo maravilhoso. Aprendi a ser mãe com a melhor, que é a minha mãe. Tenho a preocupação de deixar um legado para as minhas filhas. Ser mãe é perdoar, doar amor sem limites, sem esperar nada em troca. Tenho muita gratidão”.

Viviane Pedra Rueles – Artesã

Viviane Pedra Rueles é formada em Enfermagem, porém é apaixonada por artesanato há 12 anos. Atua no e-commerce do mercado de acessórios infantis, do básico ao luxo, peças que marcam eventos, aniversários, batizados, casamentos, universo infantil feminino. Ela é mãe de Lorenzo, 5 anos; e de Liz, 2 anos. Diz que a maternidade não lhe permite horário regular. “O empreendedorismo e a maternidade se entrelaçam, acontecem 24 horas, sejam em atendimentos online, ou atender um filho.

Normalmente, o horário mais dedicado é no período escolar deles”, conta Viviane diz que a profissão lhe realiza. “Quando vejo peças feitas 100% artesanalmente, fazendo parte de momentos lindos na vida de uma princesa, o reconhecimento do cliente é o melhor retorno. Atualmente, a maior dificuldade é conciliar a maternidade com a profissão, mas acredito que a base dos dois é o amor. Para ‘maternar’ ou ser empresária, há autocobrança com a grande demanda. O mercado é vasto de possibilidades e profissionais, mas executar uma marca com diferencial é o desafio”.

De acordo com Viviane Rueles, a vida profissional e a maternidade são dois pilares para uma realização pessoal. “Foi a maternidade que me trouxe ao empreendedorismo. Se em algum momento eu falhar como mãe presente na vida deles, a partir disso a profissão perde o sentido para mim”, confessa. Apresento o amor de Deus para eles, valores e princípios. Tanto o pai quanto a mãe são responsáveis pela criação dos filhos. Cada um cumprindo com suas funções, facilita a maternidade”.

Viviane complementa: “Essa data me faz entender a minha mãe. Hoje eu sei o que ela passou. Valorizar a mãe e exercer a maternidade dão sentido a este dia. Se está dando “trabalho” ser mãe, estamos no caminho certo. Nós chegamos ao mundo através de uma mulher. Eu tenho a minha para abraçar, mas quem não tem, ore por ela e agradeça a Deus enquanto esteve aqui”.

Milena Lyrio – Engenheira e empresária

Milena Lyrio é formada em Engenharia Elétrica, mas diz que o empreendedorismo sempre tocou seu coração. Em julho de 2022 ela inaugurou sua loja de roupas L’ FAM. Segundo a empresária, com o mundo digital é relativo contar as horas de trabalho. “A todo tempo, estamos envolvidos”, conta. Este mês ela também está envolvida com o aniversário de sua única filha, Clara, que completará 7 anos. O Mês das Mães tem mais um motivo para celebração junto à sua menina.

Para Milena, poder levar a autoestima e a realização para cada cliente e estar mais presente na vida da sua filha são seus maiores desafios e prazeres. “Acredito que conciliar tudo do dia a dia, trabalho, maternidade, casa, marido, é desafiador. Quanto ao trabalho, procuramos sempre inovar. O mercado cobra isso da gente e ficar na zona de conforto nunca foi meu forte. Não é fácil. A gente tenta fazer o melhor, e acredito que o importante seja isso: proporcionar sempre o máximo que pudermos”, revela.

Sobre o que há de melhor na maternidade, Milena não hesita. “Acredito que é o carinho dela, poder acompanhar o crescimento e cada conquista. Acredito que a educação é um tema que aflige muitas mães. A gente se cobra demais, a pressão da sociedade também mexe muitas vezes com o psicológico de uma mãe. Mas o importante é termos a consciência que cada criança é de um jeito, cada mãe faz o melhor para seu filho, e tá tudo bem”, avalia.

Sobre sua relação com Clara e a própria mãe, a empresária é objetiva sobre o Dia das Mães. “Acima de tudo, é importante porque é um dia que estou mais próxima da minha filha e da minha mãe. Além disso, é um dia muito especial para nós mães, de lembrarmos o quanto somos fortes e essenciais na vida do nosso filho. É a mensagem que deixo para todas as mães. É um dos trabalhos mais importantes e gratificantes do mundo, cuidar sem esperar nada em troca, ser forte e capaz de amar mais a eles do que a nós mesmas. Feliz dia para todas as mamães vitoriosas do mundo”, finaliza.

Priscila Monken – Professora

Formada em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Priscila Monken atua há mais de 20 anos como professora. Entre sala de aula e estudos, são mais de 10 horas diárias dedicadas à educação. Mas, mesmo com tanto a fazer, a sensação ao entrar na sala de aula é de felicidade, garante.

“Me sinto feliz ao entrar na sala de aula. A satisfação não existe apenas nos resultados obtidos, ela está no abraço do aluno, no café que tomamos juntos, no carinho que alimentamos diariamente”, explica.

Priscila afirma que a profissão não é livre de desafios. Muitas vezes pouco valorizados, os profissionais enfrentam dificuldade em se destacar no mercado em função do que avalia como “poucas capacitações na área e uma formação acadêmica ainda bem precária”. A falta de tempo para se dedicar aos estudos é outro problema, diz.

“Nem saberia explicar como concilio. É um malabarismo. Por vezes, há a sensação de fracasso, seja na vida pessoal, seja na vida profissional. Acredito que não haja fórmula para isso. Temos que aceitar os limites e fazer o melhor que podemos”, conta.

Mãe de Júlia, de 16 anos, e de Lara, de 10, a professora garante que não há regras pré-estabelecidas para a maternidade. “O melhor de ser mãe é viver o amor que parece só existir em plenitude nesta relação entre mãe e filha. O desafio na maternidade é acertar. Não há manual, sentimos muita culpa”, pondera.

Refletindo sobre a maternidade, Priscila olha para a própria experiência e para a de outras mães. “Fomos as mães que pudemos ser no passado, com o conhecimento que tínhamos. Somos, hoje, quem podemos ser com nossos limites e incertezas. Devemos olhar nossas mães como seres incríveis, porém reais. Devemos amá-las como são! Por isso, também devemos aceitar que ser mãe não cabe em um conceito. Devemos ser o melhor que pudermos”, encerra.