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Consumidores relatam suspeita de golpe praticado em nome da Enel

Supostos funcionários da concessionária de energia oferecem parcelamento de conta com máquina de cartão de crédito

Serviços
Por Redação
16 de julho de 2020 - 16h33

Sede da Enel, área central de Campos (Foto: Arquivo/ Silvana Rust)

No bairro do IPS, em Campos dos Goytacazes, um carro com adesivo igual ao da concessionária de energia Enel estaciona em frente a residências. Um homem uniformizado oferece serviço de parcelamento de contas atrasadas no cartão de crédito. A prática tem acontecido em Campos desde o mês de junho. Ao ser abordada em uma dessas ações, uma mulher respondeu que não tinha o cartão em mãos, mas pediu o contato telefônico para marcar outro horário e efetuar o serviço. O homem desconversou e disse que voltaria depois. Desconfiada, a consumidora resolveu procurar a loja da Enel. Uma funcionária informou que ela poderia ter caído em um golpe, apesar de a companhia oferecer essa possibilidade de pagamento e parcelamento de débitos.

A consumidora preferiu não se identificar. Ela contou à reportagem do Jornal Terceira Via que sua irmã também foi abordada por um suposto funcionário da Enel, e que chegou a parcelar conta atrasada meses atrás negociando por meio do atendimento telefônico. “Usei o 0800 da Enel e depois o WhatsApp. Os números são informados no site da empresa. Só que o parcelamento da dívida veio na conta impressa no mês seguinte. Eu não sabia que funcionários podem ir à residência para fazer cobrança e parcelar conta atrasada em máquina de cartão de crédito. Ainda estou insegura. Não sei como identificar se a pessoa é mesmo funcionária da Enel, e temo expor meu cartão de crédito, ter dados e dinheiro roubados”.

A incerteza da mulher em relação ao serviço é compreensível, pois segundo funcionária da agência da Enel há pessoas que se apresentam como contratados pela companhia, mas não são. “Essa funcionária disse que em caso de dúvida, eu deveria ligar para empresa e confirmar dados do empregado que se apresenta para parcelar a dívida, mas isso não me pareceu suficiente”.

Delegado Bruno Cleuder, da 134ª Delegacia de Polícia Civil (Foto: Arquivo/ JTV)

A reportagem procurou a Delegacia de Polícia Civil para saber se há registros desse tipo de golpe na cidade. De acordo com o delegado Bruno Cleuder, da 134ª DP, ele ainda não tomou conhecimento sobre denúncias registradas de golpes. Entretanto, alertou os consumidores em caso de suspeita.

“Não tenho conhecimento sobre isso ainda. De qualquer  forma, a orientação é no sentido de tentar identificar essas pessoas suspeitas, de modo a auxiliar a polícia no reconhecimento delas em momento oportuno. Além disso, obviamente, recomendo não efetuar nenhuma transação do tipo sem antes entrar em contato diretamente com a concessionária de serviço público”, disse o delegado.

Corte de luz – Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foi prorrogada até 31 de julho a resolução 878 que proíbe o corte de fornecimento de energia elétrica de quem não conseguiu pagar a conta de luz durante o período da pandemia do novo coronavírus. “O objetivo é garantir a segurança na distribuição de energia por conta da pandemia. A resolução, aprovada em 24 de março, venceria em 23 de junho. A medida vale para residências urbanas e rurais, incluindo baixa renda, e também locais onde funcionam serviços e atividades consideradas essenciais, como unidades hospitalares e centros de hemodiálise”, informa o site da agência reguladora do governo federal.

Nota da Enel

O Terceira Via fez contato com a assessoria de imprensa da Concessionária Enel por meio de correio eletrônico. De acordo com a companhia, “a Enel Distribuição Rio informa que iniciou, no mês de junho, um projeto piloto nos municípios de Campos e Itaperuna para clientes residenciais, comerciais e industriais. O projeto realiza uma abordagem presencial em que um colaborador da companhia oferece opções ao cliente para a negociação de débitos com a distribuidora. Entre as opções de pagamento estão o parcelamento da dívida no cartão de crédito ou o pagamento à vista, no crédito ou débito. A distribuidora acrescenta que, assim como ocorre em outros serviços de campo, os funcionários realizam esta função uniformizados, possuem um crachá de identificação e usam veículo com identificação da companhia. Além disso, os profissionais possuem em mãos documentos com os dados cadastrais e as faturas de cada cliente”.