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Tudo pela ordem dos advogados

Cristiano Miller foi eleito presidente da OAB em uma das mais disputadas eleições da entidade e fala de seus projetos e desafios

Entrevista
Por Redação
10 de dezembro de 2018 - 17h01

Crtistiano Miller é um dos mais influentes advogados de sua geração em Campos e responde por um escritório que é uma grife e que leva o nome da família. É filho do juiz aposentado Fernando Miller que como professor formou várias gerações de advogados em Campos. Cristiano venceu uma das mais acirradas campanhas para a presidência da 12a Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil. Quatro candidatos disputavam as eleições e Cristiano embora favorito, exerceu a prudência dos sábios e dos teus lábios nenhuma declaração pública sobre o pleito. Fe\ uma campanha de bastidores em alto nível. Eleição ganha, Cristiano agora decidiu falar e falou de tudo um pouco, desde de os seus planos para a OAB até sobre o super Ministério da Justiça que terá à frente um juiz. Sobre segurança pública em Campos ele considera o quadro “lamentável”, mas disse que não é diferente da maioria das cidades brasileiras.

Você venceu uma das eleições mais disputadas a 12a Subseção da OAB, com outros três candidatos. Foi uma eleição difícil?

Tradicionalmente, as eleições aqui na 12a Subseção da OAB/RJ são muito difíceis. Neste ano, foram ainda mais intensas, principalmente porque 4 chapas estavam na disputa, algo inédito na nossa Subseção. Além disso, é uma eleição difícil em razões de suas peculiaridades, envolvendo quase 2.000 advogados em 5 municípios. Mas estivemos presentes em todos os locais, dialogamos intensamente com inúmeros advogados e, ao final, tudo deu certo.

E agora? Quais seus planos? Algum projeto em especial para sua gestão?

Temos vários desafios e planos pela frente. Sabemos que a OAB precisa atuar em múltiplas
frentes, para que seja colocada no patamar que merece. Por evidente, daremos uma atenção especial à defesa das prerrogativas dos advogados, para que seja assegurado a todos o
exercício digno da advocacia. Essa será uma luta diária e incessante. Além disso, investiremos na capacitação dos advogados, seja através de cursos práticos (mais voltados aos advogados em início de carreira), seja por meio de cursos de permanente atualização. Essa capacitação, em última análise, é um instrumento fundamental para que se consiga resgatar a credibilidade da advocacia junto à sociedade como um todo.

Você assume a OAB em um momento onde essa entidade, que goza de histórico prestigio nacional, está sempre sendo chamada a influir em demandas difusas. Está pronto para esse desafio?

Sim. Sinto-me preparado para esse desafio. A OAB precisa se fazer presente nos debates que envolvam os interesses da sociedade. Esse é um dos papéis fundamentais que cabem à OAB, e ela não pode se omitir. Sei da responsabilidade que é estar à frente de uma instituição como a OAB. Mas, claro, a preparação não é apenas minha. O nosso grupo está preparado, unido e ciente de que
todos teremos que nos dedicar, para que, com isso, a categoria se sinta bem representada.

Segurança Pública é um tema que sempre esteve na pauta da OAB. Como o senhor analisa a situação em Campos?

A situação de Campos, lamentavelmente, não é diferente da maioria das cidades brasileiras de porte s e m e l h a n t e . A escalada da violência é algo extremamente preocupante e deve estar permanentemente na agenda de discussões da OAB. Contudo, esse é um tema complexo e interdisciplinar, de modo que precisa envolver diversos agentes, com discussões frequentes, em
prol de soluções efetivas para o problema.

O senhor estaria elaborando uma agenda didática, trazendo no curso do seu mandato
grandes nomes da advocacia do país?

Por evidente, é importante que tenhamos contato com profissionais da advocacia de todo
o país, até para que nos seja possível o diálogo e a troca de experiências, algo sempre enriquecedor. Mas, não podemos nos esquecer de que temos grandes nomes na advocacia local. Eles merecem
ser prestigiado se podem contribuir em muito para que consigamos cumprir a agenda de capacitação, que é um dos nossos objetivos principais.

O senhor é filho de um renomado juiz aposentado e grande mestre de várias gerações de advogados. Seu pai foi um entusiasta de sua campanha. Foi um bom cabo eleitoral?

Meu pai é um grande exemplo para mim. É minha grande inspiração profissional. Tenho a honra e o prazer de poder compartilhar com ele um convívio diário no escritório. Isso não tem preço. Especificamente quanto à minha campanha, ele inicialmente se mostrou resistente. Tinha receio de que todo o processo (eleição e posterior gestão) viesse a provocar o meu afastamento do escritório. Mas, depois, entendeu o propósito do grupo e vestiu a camisa da nossa chapa e nos
apoiou intensamente, a ponto de, no dia da eleição, ter ficado mais nervoso do que eu (risos).

O Brasil agora tem um juiz de 1º grau que foi nomeado ministro da Justiça. Nunca o ministério da Justiça teve tanto destaque em um governo. Como o senhor avalia isso?

Entendo que a nomeação do Sergio Moro como ministro da Justiça joga luzes ainda mais fortes sobre esse ministério. Apesar de a aceitação da nomeação merecer ser debatida (mormente pelo momento em que ocorreu), não restam dúvidas de que, do ponto de vista técnico, criou-se uma considerável expectativa sobre a pasta. Aparentemente o foco será no combate a corrupção, que,
de fato, é algo que merece ser enfrentado com todas as forças. Contudo, esse ministério é muito mais amplo do que isso e, claro, precisa haver a especial atenção com a questão da segurança pública, que é um clamor nacional.

Voltando a violência em Campos, o senhor não acha que já seria hora de um grande debate sobre esse tema?

Com toda certeza. Como coloquei anteriormente, a segurança pública é tema que merece
ser dialogado entre os mais diversos agentes da sociedade. Não se trata de um problema apenas jurídico. E esse debate, que já se iniciou em algumas oportunidades, precisa ser frequente e evoluir sempre.

Para terminar, a OAB sempre tem participa juntamente com outras entidades da discussão sobre o futuro de Campos em todos os níveis. Sua gestão vai agir desta forma?

A OAB precisa retomar o seu papel institucional, como umdos grandes defensores da sociedade. E isso somente será possível se a OAB efetivamente participar das discussões que envolvam os interesses da coletividade. Como ponto de partida, a OAB precisa, com urgência, retomar o seu assento nos mais diversos conselhos municipais. E, além disso, sem jamais perder a sua independência, a instituição precisa acompanhar de perto e efetivamente opinar sobre temas que
reflitam os interesses da sociedade, não apenas de Campos, mas também de todas os municípios abrangidos pela 12ª Subseção da OAB/RJ.