O Parlamento japonês elegeu nesta terça-feira (21) Sanae Takaichi como a nova primeira-ministra do país, tornando-a a primeira mulher a assumir o comando do governo na história do Japão. A decisão encerra um período de três meses de indefinição política após a renúncia de Shigeru Ishiba, enfraquecido por derrotas eleitorais do Partido Liberal Democrata (PLD) em julho.
Aos 64 anos, Takaichi é uma figura de destaque do PLD e foi escolhida no início de outubro para liderar a legenda, consolidando apoio interno suficiente para vencer a votação nas duas casas do Parlamento — 237 votos na Câmara Baixa e 125 na Câmara Alta. Sua vitória foi garantida após o partido firmar uma coalizão com o Partido Inovação do Japão (Ishin), de orientação conservadora.
Ex-ministra dos Assuntos Internos e da Segurança Econômica, Takaichi defende uma política fiscal mais expansiva e terá como principais desafios a recuperação do crescimento econômico e o combate à inflação, que pressiona a quinta maior economia do mundo.
Discípula do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado em 2022, ela compartilha da mesma linha política do mentor, priorizando o fortalecimento das Forças Armadas, o estímulo à economia e a revisão da constituição pacifista do país.
Conhecida por posições conservadoras, a nova premiê se opõe à ampliação de direitos civis, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a igualdade de sobrenomes entre casais. Também defende que a sucessão imperial continue restrita a herdeiros homens.
Takaichi costuma se autodefinir como a “dama de ferro japonesa”, em referência à ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, de quem se diz admiradora. Sua liderança, porém, começa sob pressão: até o fim do ano, ela deverá apresentar um pacote de estímulos capaz de conter a inflação e recuperar a confiança da população japonesa.