O escritor peruano Mario Vargas Llosa, um dos maiores nomes da literatura contemporânea e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2010, morreu neste domingo (13), aos 89 anos, em Lima, no Peru. A notícia foi confirmada por seu filho, Álvaro Vargas Llosa. A causa da morte não foi divulgada.
“É com profundo pesar que anunciamos que nosso pai, Mario Vargas Llosa, faleceu hoje em Lima, cercado pacificamente por sua família”, escreveu Álvaro nas redes sociais. “Sua partida entristece seus parentes, amigos e leitores ao redor do mundo, mas nos consola saber que ele teve uma vida longa, múltipla e frutífera, e deixa atrás de si uma obra que o sobreviverá.”
A família agradeceu as manifestações de carinho e informou que não haverá cerimônia pública. Conforme sua vontade, os restos mortais do escritor serão cremados.
Nascido em Arequipa, no sul do Peru, em 28 de março de 1936, Vargas Llosa cresceu entre a Bolívia e o Peru, educado pela mãe e pelos avós maternos. Estudou na Academia Militar de Lima e formou-se em Letras. Ainda jovem, iniciou a carreira no jornalismo, caminho que acompanharia toda a sua vida ao lado da literatura.
Em 1959, mudou-se para Paris, onde viveu como tradutor, professor de espanhol e jornalista da agência France-Presse. Lá se casou com Julia Urquidi, sua tia dez anos mais velha — união que inspiraria o romance Tia Júlia e o Escrevinhador. Após o divórcio, casou-se com Patricia Llosa, sua prima-irmã, com quem teve três filhos e viveu por cinco décadas. Nos últimos anos, ganhou os holofotes também por seu relacionamento com Isabel Preysler, figura pública do jet set madrilenho e ex-mulher de Julio Iglesias.
Protagonista do chamado “boom latino-americano”, Vargas Llosa integrou, ao lado de Gabriel García Márquez, Julio Cortázar e Carlos Fuentes, o grupo de autores que revolucionou a literatura da região nas décadas de 1960 e 1970.
Sua carreira literária começou a ganhar projeção com Os Chefes (1959), mas foi com A Cidade e os Cachorros (1963) que alcançou reconhecimento internacional, seguido por títulos como A Casa Verde (1966) e Conversa no Catedral (1969). Admirado por sua prosa densa e por retratar de forma crua e elegante as complexidades sociais e políticas da América Latina, teve suas obras traduzidas para mais de 30 idiomas.
Ao longo da trajetória, acumulou premiações de prestígio: além do Nobel, recebeu os prêmios Cervantes, Príncipe de Astúrias das Letras, Biblioteca Breve, Crítica Espanhola, Nacional de Novela do Peru e Rómulo Gallegos. Em 1993, tornou-se cidadão espanhol e, em 2021, foi o primeiro autor de língua espanhola a ocupar uma cadeira na Academia Francesa.
Apesar da reverência universal à sua obra literária, suas posições políticas liberais, em contraste com o pensamento predominante no meio intelectual de esquerda, provocaram polêmicas e rupturas — inclusive com antigos companheiros de geração.
Mario Vargas Llosa deixa um legado imortal. Sua literatura, marcada por lucidez, paixão e crítica aguda, continuará ecoando nas bibliotecas, nas salas de aula e no coração dos leitores ao redor do mundo.