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Integrantes do MST deixam fazenda que foi ocupada em Campos

Mais de 400 famílias acamparam na propriedade Santa Luzia que faz parte da Usina Sapucaia (Coagro) na segunda-feira

Geral
Por Redação
11 de fevereiro de 2025 - 7h47
Integrantes do MST na fazenda ocupada em Campos (Reprodução)

Os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) deixaram a fazenda Santa Luzia, em Campos dos Goytacazes, na noite de segunda-feira (10). Mais de 400 famílias acamparam na propriedade que faz parte da Usina Sapucaia (Coagro) no início da manhã. A alegação do grupo era pressionar o governo federal e o Incra por reforma agrária na região. A direção da usina repudiou a ação considerada como invasão. Entidades de classe e vereadores fizeram um manifesto criticando a ocupação.

Na noite de segunda-feira (10), o MST emitiu nota por meio de redes sociais. Segundo a assessoria da organização, houve pressões políticas e policial para a retirada do acampamento:

“As 400 famílias acampadas do MST deixaram a ocupação da Fazenda Santa Luzia, da Usina Sapucaia, em Campos dos Goytacazes, de forma pacífica diante das ameaças de um contingente policial desproporcional, incluindo mais de 20 viaturas, três ônibus e a tropa de choque da Polícia Militar, orientados a expulsar trabalhadores, crianças e idosos do terreno sob qualquer circunstância e sem a decisão judicial”.

Ainda segundo o MST, diversos parlamentares e representantes de órgãos públicos fizeram contato direto com o governador Cláudio Castro em busca de diálogo e negociação, incluindo a deputada estadual do Rio de Janeiro Marina do MST (PT), os deputados federais Lindbergh Farias (PT) e Jandira Feghali (PCdoB), o ministro Paulo Teixeira do Ministério do Desenvolvimento Agrário, além do Incra, do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública.

“O governador Cláudio Castro, no entanto, preferiu tratar a questão social como caso de polícia. As áreas em questão estão em processo de adjudicação devido a dívidas superiores a R$ 200 milhões, incluindo mais de R$ 90 milhões em débitos previdenciários não pagos aos trabalhadores. Atualmente, as áreas são arrendadas pela Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), empresa do vice-prefeito de Campos, Frederico Paes, que também deve mais de R$ 3 milhões em FGTS não pago aos trabalhadores da Usina. As famílias acampadas deixam as terras da Usina hoje com a certeza de que a luta continua e com a confiança de que as autoridades competentes se empenharão em concluir o processo de adjudicação nos próximos meses para a conquista da posse definitiva. Este é um compromisso firmado pelo ministro Paulo Teixeira, que garantiu que “vai adquirir essa área por adjudicação para a Reforma Agrária”.

Nota da Coagro

Na manhã de segunda-feira (10), logo após tomar conhecimento da ocupação da fazenda Santa Luzia, a direção da Coagro emitiu um comunicado em que repudiou a ocupação da propriedade feita pelos integrantes do MST, considerada como invasão de terra:

A COAGRO repudia veementemente a invasão de terras produtivas pertencentes à Usina Sapucaia e arrendadas à cooperativa desde 2013. Essas áreas, arrendadas em processo judicial, são fundamentais para a geração de empregos e o sustento de milhares de famílias em Campos e Região.

A ocupação indevida, de terras regularmente subarrendadas a cooperados, coloca em risco a produção em curso, prejudica os cooperados e ameaça a segurança dos trabalhadores.

Diante desse grave cenário, todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para garantir a integridade das atividades e os direitos assegurados em lei da COAGRO e de seus cooperados.

A COAGRO é uma cooperativa de produtores de cana-de-açúcar constituída há 22 anos, com mais de 10 mil pequenos cooperados, gerando três mil empregos diretos e indiretos.

Confiamos na Justiça e nas instituições para a rápida reversão da situação e reafirmamos nosso compromisso com o desenvolvimento do setor e o respeito à lei”.

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