A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou em primeira votação o tombamento do que resta do parque fabril da Usina Cambahyba, em Campos, agora o projeto vai para uma segunda votação.
A proposta acerta no sentido de que é preciso manter preservado um exemplar desta indústria do açúcar, que já foi o segmento produtivo mais importante do estado do Rio de Janeiro, com Campos figurando como o maior produtor do país nos chamados áureos tempos.
Soma-se a isso, o que está no bojo do projeto que é a versão de que corpos teriam sido incinerados no curso da Ditadura Militar. Qualquer que seja a motivação, preservar um símbolo que já foi de riqueza ou até de horror, vale o esforço.
Independentemente das motivações do projeto a preservação contempla dois olhares: a de um fato que jamais pode ser esquecido ou repetido, bem como uma lembrança de um período rico da nossa economia. Sob qualquer ângulo parece interessante a manutenção das instalações.
Fato é que o relato de páginas infelizes da nossa história, que concentra um período muito curto da atividade de uma usina, feito por quem ajudou a escrevê-la, neste caso o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) do Espírito Santo, Cláudio Guerra, ainda precisa ser apreciado à luz da história.
Na época em que essa história foi revelada, em um livro escrito por Guerra, a família dona da usina, negou veementemente a possibilidade do fato horrendo ter ocorrido. Então, não se pode esperar o tempo passar, para que historiadores debrucem sobre os fatos buscando exatidões.
O tombamento das ruínas da usina pode ser encarado como um cuidado com a história, que o sítio de história seja preservado, para que ao seu tempo ela possa ser decantada. Independente de qualquer coisa, as ruínas da usina formam um ponto importante da nossa história.