O suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo todo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, por ano são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, então são estimados mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.
O Setembro Amarelo é a campanha de prevenção ao suicídio criada em 2013 pela Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com o Conselho Federal de Medicina. Em 2024, o lema é “Se precisar, peça ajuda!”. A médica psiquiatra Laura Damian, membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria/AMB, conversou com a equipe do J3News para falar sobre esse assunto. Laura é capacitada ao atendimento de adultos, idosos, adolescentes e crianças e pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental.
Segundo a psiquiatra, os transtornos mentais representam 96,8% dos casos de morte por suicídio. “Os transtornos comumente ligados a episódios de suicídio são o transtorno depressivo, transtorno de humor bipolar, transtornos relacionados ao uso de drogas lícitas ou ilícitas, esquizofrenia e transtorno de personalidade”, pontua Laura.
Laura Damian explica que a maior parte das pessoas que cometem suicídio é jovem, entre 15 e 30 anos, e idosos acima de 65 anos, e que os homens são os mais suscetíveis, embora as mulheres tentem três vezes mais. “Outros fatores de risco são doenças crônicas debilitantes; perdas recentes; desemprego e problemas financeiros; história familiar e genética; eventos adversos na infância e na adolescência; ser viúvo, divorciado ou solteiro; não ter filhos; já ter tentado o suicídio; isolamento social; falta de rede de apoio; ter um transtorno mental; ser impulsivo e ter tendência para agir sem pensar; abuso de álcool ou drogas”, enumera.
O diagnóstico e o tratamento adequado dos transtornos mentais evitariam que muitos casos acontecessem. “A Psiquiatria é a especialidade médica que tem como objetivo o diagnóstico, tratamento, prevenção e reabilitação dos mais variados transtornos mentais. Quanto mais precoce for feito o diagnóstico e o tratamento adequado de um transtorno mental, melhor será o prognóstico e menor risco de suicídio”, destaca Damian.
A médica pontua que o trabalho da Psiquiatra deve ser aliado ao da Psicologia nesses casos. “É de fundamental importância que haja o diagnóstico correto do transtorno mental vivenciado pelo indivíduo para que este receba o tratamento adequado e individualizado. Na maioria dos casos há a necessidade do tratamento medicamentoso associado à psicoterapia”, explica.
Laura destaca, ainda, que os familiares e amigos têm um papel fundamental para ajudar pessoas que passam por um transtorno depressivo com ideação suicida. “É importante ter uma escuta ativa e sem julgamentos, mostrando que está disponível para ajudar e demonstrando empatia, mas principalmente levando-a ao médico psiquiatra, que vai saber como manejar a situação e a tratar adequadamente”, aconselha a médica.