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Mudar para não complicar a travessia

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
11 de julho de 2024 - 14h45


O País enfrenta um período inusitado em que não é possível afirmar se caminha para o equilíbrio ou para ‘levar’ um tombo. Inusitado porque no turbilhão de informações contrastantes, o desconhecido prevalece em um cenário onde só o conhecido é seguro.Logo, estar na corda bamba significa dizer que o navio gigante chamado Brasil está com o leme emperrado e a bússola quebrada. Assim, na imensidão do mar de águas escuras, tanto pode avistar um porto seguro, como seguir perigosamente na direção de tempestade revolta. Inegável, está ao sabor do vento e das marés. Mas afundar, não vai.  É um gigante dos mares e já enfrentou ondas mais assustadoras. Porém, os danos de adentrar o oceano sem instrumentos de orientação podem ser desastrosos.Difícil não entender que está refém de um complexo trevo rodoviário sem placas indicativas. Para uns, a economia vai bem. Já outros especialistas dizem o contrário. Uma fatia de estudiosos aponta um futuro promissor; outra, que caminhamos para dias bem mais difíceis que os atuais. Então, é dizer: a imprevisibilidade é a única certeza.

Outras épocas

Observemos alguns exemplos. Nos oito anos do governo FHC, o Brasil teve altos e baixos, chegou a recorrer ao FMI, mas avançou sobremaneira e, como se esperava, deixou um saldo positivo. Da mesma forma, apesar do Mensalão, os dois mandatos seguidos de Lula da Silva atravessaram bons e maus momentos, deixando como saldo a inclusão social.Na sequência, já na reeleição de Dilma a crise econômica se prenunciava. E, como tal, o governo foi um desastre completo impondo ao país a maior crise econômica de sua história, interrompida pelo impeachment que seguiu todos os ritos constitucionais. Assumiu Temer e não tardou para que o governo sinalizasse, como viria a se confirmar, soluções para os graves problemas que levaram o país a avistar o precipício.

Já agora…

A administração Lula-3 ainda não nos remete a nada. Se vai ficar nisso, melhorar ou piorar. Afinal, as opiniões são para ‘todos os gostos’. Há tímidos sinais de que transcorridos quase 500 dias à frente do Planalto, o presidente vai parar de atrapalhar, o que já é um grande passo.Iniciou o mandato com falas desastrosas que perturbaram o mercado; milhares de empresas fecharam as portas e o presidente só sabia repetir que encontrou um país destruído – o que não é verdade absoluta, mas uma desculpa para o que prometeu, não cumpriu, e para escapar das cobranças.Só em ter montado o governo com 37 ministérios – depois acrescentou mais um – quando encontrou com 23, foi suficiente para desarrumar a administração federal por completo. Viagens com comitivas gigantes nos hotéis mais luxuosos, falas que ofenderam outros países, a prioridade no retrovisor via acusações a Bolsonaro, ataques agressivos à autonomia do Banco Central, à política monetária e ao presidente Roberto Campos Neto, foram a tônica.

Imagem

Até agora o presidente Lula mostrou-se mais preocupado com a imagem pessoal e em fazer velada campanha para seus aliados, do que tirar o Brasil do atoleiro. Com olhar otimista, talvez o tenha entendido que o risco da inflação e de uma crise econômica não estão nos juros, mas nas despesas públicas. Portanto, o anúncio da redução de R$ 25,9 bi em despesas obrigatórias para 2025 sinaliza que o mandatário vai, enfim, abraçar o arcabouço do ministro Haddad. Mas, de toda forma, muitas outras barreiras terão que ser superadas para que o país tenha um norte.