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Mesmo diante da catástrofe humana, Brasil não abandona mesquinhez e oportunismo

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
20 de maio de 2024 - 14h28

Falando de forma genérica, as autoridades brasileiras, em especial detentores de cargos eletivos das esferas municipal, estadual e federal – bem como os nomeados para funções de confiança das prefeituras, do estado e da União – ‘trabalham’ pelos interesses próprios em detrimento do exercício da atividade pública para a qual são remunerados. Em outras palavras, o Brasil segue como país fortemente enraizado quando diz respeito à coisa pública. No geral, não conhece e tampouco exerce o ideal republicano. Uma vergonha que nos afunda e nos mantém longe das nações evoluídas onde a coisa pública é uma questão de honra e de prática inafastável.

Por aqui, grande parte dos políticos está bem longe disso, preso às âncoras da ‘Lei de Gerson’. Ocorre que em momentos de infortúnio como a tragédia sem precedente que se abateu sobre o Rio Grande do Sul, que destruiu casas, ruas e cidades; desmoronando sobre milhares de desabrigados que passaram a depender do Estado e da ajuda do próximo para ter o que comer, bem como de um lugar para dormir e, ainda, no quadro mais trágico da catástrofe, tirando vidas cujo número ainda está sendo contabilizado – é que se constata a burocracia, a lentidão e a incompetência no trabalho assistencial. Isso, sem falar, também, na responsabilidade criminosa de não terem cumprido a tarefa de investir na prevenção, o que evitaria que a destruição das enxurradas fosse tão devastadora.

Foto: Divulgação

Evidente, não falamos de todos. Possivelmente, apenas de uma minoria. Contudo, fazer o mal e o desonesto, tirar vantagem da desgraça alheia – ir ao encontro da infâmia – anula cem vezes as ações assistenciais que é dever das autoridades e de toda sociedade.

As águas do Guaíba vão descer, é certo. Mas quando? Com que nível de devastação? E a que preço? A destruição da economia do Rio Grande do Sul levará anos para se recuperar e irá afetar todo o Brasil. Mas a duras penas será refeita. Contudo, as vidas que se perderam não têm volta, bem como o sofrimento indescritível de suas famílias.