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Cardio-Oncologia: O cuidado com o coração durante a jornada contra o câncer

Abordagem interdisciplinar busca a melhora na qualidade de vida dos pacientes

Saúde
Por Nelson Nuffer (Estagiário)
26 de fevereiro de 2024 - 7h00
Conselho|Dr. Elias Yunes recomenda estilo de vida saudável para evitar doenças cardiovasculares (Foto: Josh)

Os cuidados com o coração são importantes na busca de mais qualidade de vida, mas, para as pessoas que tem ou já tiveram câncer é necessário ter atenção redobrada à saúde cardiovascular. Para garantir o melhor cuidado dos pacientes oncológicos, o acompanhamento de um cardio-oncologista é imprescindível para se ter uma abordagem objetiva, especializada e interdisciplinar.

O Dr. Elias Yunes, cardiologista com especialização em cardio-oncologia, comenta sobre a proximidade entre a cardiologia e a oncologia. “Se levarmos em consideração que os fatores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares e das doenças oncológicas muitas vezes são os mesmos, conseguimos começar a entender a necessidade da relação estreita entre oncologista e cardiologista, a importância da avaliação cardiológica desses pacientes mesmo antes de iniciar o tratamento oncológico e do acompanhamento durante esse tratamento. Além disso, as doenças cardiovasculares e o câncer são as principais causas de mortalidade em todo o mundo. Elas fazem parte das doenças crônicas não transmissíveis, que representam 74% dos óbitos no Brasil”, informa.

De acordo com o Dr. Elias, o diagnóstico e tratamento de complicações cardíacas enfrentam desafios como a detecção precoce, já que muitas vezes as complicações podem ser assintomáticas inicialmente, e só se manifestam quando já estão em estágios avançados; o monitoramento contínuo, durante os diversos tratamentos do câncer; os efeitos tardios, que podem se manifestar anos após a conclusão do tratamento e, principalmente, a manutenção do tratamento oncológico. “Talvez, a maior missão do cardio-oncologista seja tentar mitigar as complicações cardiológicas que possam surgir com o uso dos quimioterápicos para que o paciente possa dar continuidade ao melhor tratamento escolhido pelo seu oncologista, sem que seja necessário suspender ou retardar a quimioterapia”, afirma.

Segundo o Dr. Elias, é importante destacar que tanto o câncer quanto seus tratamentos podem trazer complicações cardíacas, e os riscos e complicações mais comuns incluem: Cardiotoxicidade induzida por quimioterapia, radioterapia torácica, tratamento com terapias-alvo e cânceres hematológicos. “A avaliação do risco cardiovascular antes, durante e após o tratamento do câncer é crucial para identificar pacientes em maior risco de desenvolver complicações cardíacas e implementar medidas preventivas.”

Várias medidas preventivas podem ajudar a evitar problemas cardiovasculares durante e após a conclusão do tratamento do câncer. Entre as recomendações importantes do Dr. Elias estão a comunicação aberta e honesta sobre a sua saúde e histórico cardiovascular durante o  acompanhamento médico regular, com avaliações cardiovasculares que ajudam a identificar precocemente as alterações na saúde do coração, mesmo após o término do tratamento oncológico, e buscar ter um estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada, exercícios regulares, controle de peso, moderação no consumo de álcool e abstenção de tabagismo. “Isso pode ajudar a reduzir o risco de problemas cardiovasculares e melhorar sua saúde geral durante o tratamento. O estresse também pode desempenhar um papel significativo na saúde cardiovascular, por isso é importante gerenciá-lo adequadamente durante o tratamento do câncer”, finaliza.

No Hospital Dr. Beda, para Campos e região, o acompanhamento dos pacientes oncológicos conta com profissionais especializados para cuidar da saúde do coração. “Em Campos temos apenas no grupo IMNE, que é uma grande referência no tratamento de pacientes oncológicos, profissional com pós-graduação em cardio-oncologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia/Instituto Nacional de Cardiologia/Inca, além da disponibilidade de todo o parque tecnológico para procedimentos diagnósticos e terapêuticos em cardiologia. Inclusive já temos trabalho na área de cardio-oncologia apresentado em congresso brasileiro e no Congresso Mundial de Cardiologia”, conclui.