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O Farol que nem todos conhecem

Atrações com potencial turístico da praia campista e seu entorno surpreendem visitantes

Clube J3news
Por Ocinei Trindade
28 de janeiro de 2024 - 0h01
Foto: Arquivo J3News

Durante o verão, a praia do Farol de São Thomé, em Campos dos Goytacazes, reúne milhares de visitantes no período de férias. Atrações musicais, esportivas e de lazer são programadas pela Prefeitura Municipal. O mar da única praia campista e o farol vermelho, inaugurado em 1882, costumam ser os pontos mais lembrados por quem visita a localidade. No entanto, há vários lugares ainda pouco conhecidos ou explorados no litoral e, também, nas cercanias da Baixada Campista a caminho do mar. Apesar do potencial turístico, ainda há dificuldades de acesso a alguns locais, como o Parque Estadual Lagoa do Açu.

As áreas verdes, vários canais, lagoas, banhados e o Parque Estadual com vegetação preservada integram a paisagem no entorno do Farol de São Thomé. Logo na chegada à localidade pela RJ-216, o visitante consegue contemplar pradarias e canais que costumam atrair muitas garças e pescadores. Há fartura de peixes na vastidão da terra encharcada. Ainda há alguns poucos búfalos na região. Eles foram trazidos da Amazônia nos anos 1980 para um projeto pecuarista que acabou fracassando. Os animais foram incorporados ao habitat que conta com muitas espécies de pássaros, serpentes e roedores nativos.

Lagoa do Açu|Foto: Silvana Rust

Lagoa do Açu
O aspecto selvagem do litoral e a vegetação com diversas espécies de cactos e árvores típicas contam com áreas preservadas pelo Parque Estadual Lagoa do Açu. A unidade de conservação na região da praia do Farol de São Thomé foi criada em 2012. A área de 8.251 hectares protege os remanescentes de Mata Atlântica: restinga, mangue e área alagada. A região envolve o Banhado da Boa Vista, a Lagoa do Açu e a Lagoa Salgada. Pelo litoral, são 13 quilômetros de extensão.

Apesar dessa riqueza natural, nos últimos meses o acesso a alguns locais como a Lagoa do Açu (Maria Rosa), se tornou inviável devido ao avanço do mar pela costa. Parte da estrada de chão que existia desapareceu por completo. A Prefeitura de Campos iniciou uma intervenção para criar um desvio e acesso à lagoa e a estrada do Açu, em São João da Barra, mas ainda não foi concluída.  O português José Aníbal Vasques é casado com a campista Ieda Cardoso Vasques, eles tentaram percorrer a costa de carro até à Lagoa do Açu, mas desistiram pela falta de acesso. “Nós moramos em São Paulo, mas temos uma casa em Farol. Sempre vimos no verão. É uma pena não podermos prosseguir com o passeio. É uma região muito bonita, mas precisa melhorar muito as estradas no entorno. Também tivemos dificuldade de chegar à praia do Farol de São Thomé pela Barra do Furado, no limite com o município de Quissamã. É quase impossível transitar e arriscado com tantos buracos”, diz o casal que prefere viajar pelo litoral do Norte Fluminense em suas vindas ao Farol.

A Secretaria Municipal de Obras, por meio de nota, informou que o atraso para aprovação da LOA afetou a recuperação de estradas na região. “As obras tiveram que ser paralisadas por não haver prévio empenho para as despesas com novos volumes de massa asfáltica. Com a aprovação, o Poder Executivo poderá abrir o orçamento 2024 para que as obras sejam retomadas”.

Farolzinho|Foto: Silvana Rust

Bosques e Farolzinho
A extensa faixa da praia apresenta muitos bosques com casuarinas e outras árvores para além da região do Xexé, uma praia vizinha ao Farol. A vendedora Alda Chagas tem casa na cidade de Campos, mas passa parte do ano no Xexé. “Apesar de ficar bem esvaziado fora do verão, é um lugar com muita tranquilidade e beleza natural. As árvores, tão perto do mar, encantam as pessoas o ano inteiro”, diz.  

Nesse trajeto entre o Xexé e a Lagoa do Açu, outro monumento pouco conhecido chama à atenção de visitantes: o Farolzinho. Este possui cores preta e branca, tem proporções bem menores que a do outro famoso Farol de 45 metros de altura. Ambos são de propriedade e controle da Marinha do Brasil no Cabo de São Thomé, auxiliando a navegação de grandes e pequenas embarcações que circulam pela costa campista. Luiz Antônio mora perto do Farolzinho. “As pessoas se surpreendem quando descobrem outro farol em Campos”, diz.

Secretária de Turismo| Patrícia cordeiro (Foto: Josh)

Turismo no entorno do Farol
Para conhecer outros lugares além da área urbana da Praia do Farol de São Thomé, os visitantes precisam reservar um dia para cada passeio. A secretária de Turismo de Campos, Patrícia Cordeiro, sugere localidades que estão próximas ao balneário para visitação. “Há muito o que conhecer na região do Farol e Baixada Campista”.

Lagoa Feia
Ponta Grossa dos Fidalgos, localidade que fica às margens da Lagoa Feia, maior reserva natural de água doce do Brasil, é uma sugestão que ela gosta de destacar.  “De feia, nossa lagoa não tem nada. O encontro do Canal das Flechas com a Lagoa é um belo espetáculo da natureza. É uma excelente opção para um dia tranquilo de contemplação e oportunidade de saborear um delicioso peixe vendido no local.

Santo Amaro
Outra opção, alternativa à agitação do Farol, é passear no distrito de Santo Amaro, tomar sorvete na bucólica pracinha, conhecer o Santuário, ouvir as histórias e tradições da Baixada contadas pelos moradores da localidade e comer a pizza mais famosa da região”, aponta.

Mosteiro de São Bento|Foto: Silvana Rust

Mosteiro de São Bento
No distrito de Mussurepe, o Mosteiro de São Bento é outra atração na Baixada Campista que vale a pena ser visitado. Fundado pelo Frei Bernardo de Montserrat, no século XVII, sua construção primitiva data de 1648. “O Mosteiro de São Bento de Mussurepe hoje é habitado e cuidado pelos Monges Beneditinos que, no cumprimento de sua vocação eclesiástica, trabalho, estudo e oração, são excelentes anfitriões. Eles estão sempre dispostos a contar a história do prédio e da vida de São Bento. Visitar o Mosteiro é uma experiência para se guardar no coração”, diz Patrícia Cordeiro.

Igrejas e ruínas

Outros edifícios na região do Farol de São Thomé despertam a curiosidade de visitantes, como a Igreja Nossa Senhora das Rosas que fica na praia. Um morador ousou construir uma casa em forma de castelo com estilo medieval. Apesar de ainda em obras, o prédio já chama à atenção. Quem percorre a Baixada Campista, esbarra, ainda, nas ruínas da Usina de Baixa Grande, e pode observar as várias torres dos fornos de olarias da região. Há capelas erguidas dentro de chácaras e fazendas, às margens da RJ-216, que integram o projeto “Caminhos da Fé” até o distrito de Santo Amaro. A combinação arquitetônica e a natureza se fundem, provocando novos e velhos olhares para esta importante e bela região de Campos dos Goytacazes.