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CCTA da Uenf se destaca em pesquisas e projetos de extensão

O diretor do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Manuel Vazquez, avalia os 30 anos de atividades da instituição

Ciência
Por Ocinei Trindade
31 de agosto de 2023 - 10h02
Professor e pesquisador Manuel Vazquez dirige
o CCTA da Uenf (Foto: Acervo Pessoal)

Os 30 anos da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, em Campos dos Goytacazes, comemorados no último 16, foram destacados pelo J3News em reportagens e em uma série de entrevistas em agosto. Nesta quinta-feira (31), o Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Uenf é destacado com a entrevista do diretor do CCTA, Manuel Vázquez. De acordo com o professor e pesquisador, as pesquisas e projetos de extensão desenvolvidos pelo setor têm contribuído e influenciado significativamente a economia da região nas últimas décadas.

O que poderia destacar sobre o CCTA nessas três últimas décadas?

O CCTA tem suas peculiaridades na Uenf. Quando nós olhamos o sistema estadual de ensino de nível superior, a Uerj, a Uenf, a Ueso recentemente encampada pela Uerj, o CCTA nessas três instituições, duas ainda remanescentes, é o único que tem cursos ligados ao meio rural. No caso nosso aqui, a zootecnia, a agronomia, a medicina veterinária. Também quando a gente olha para o Estado do Rio de Janeiro como um todo, a outra única instituição pública que tem cursos na área de zootecnia e agronomia é a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, situada em Seropédica, um pouco mais ao Sul da capital.

Temos, sim, alguns cursos públicos de veterinária, tanto na Rural quanto na Uenf. No caso da veterinária, temos, então, três cursos públicos, mostra que é uma universidade que tem essa peculiaridade. O Estado do Rio de Janeiro, quando cria a Uerj ele não olha tanto para esse meio rural, do agronegócio, da produção rural familiar, da relação dos quilombolas com a agricultura, da relação das pequenas propriedades com agricultura, com a pesca, com a pecuária. Há 30 anos atrás, no surgimento da Uenf, isso é resgatado no Estado.

Como funciona o CCTA?

Passamos a ter um centro que milita no ensino, na pesquisa. E na extensão nessas áreas. apesar de que a gente fala em área rural, esses três cursos têm uma vocação urbana também. A veterinária, talvez, mais claramente. Quando você imagina clínicas veterinárias na cidade. Há relação também com os produtos da inspeção sanitária, os produtos que vão para o consumo humano. A agronomia também tem uma relação com o meio urbano pelo paisagismo, por uma série de atividades que os estudantes se capacitam a realizar quando formados.

E na zootecnia, na produção de pets, trabalha-se com adestramento, com produção de cães, com produção de gatos, produção de rações para esses animais em ambiente urbano, não necessariamente rural. Há essa vocação para o ambiente rural, mas também ligado ao ambiente urbano.

Que memórias cultiva sobre o início do CCTA?

O prédio principal do CCTA é o P1. É o primeiro prédio da universidade, o primeiro prédio que foi construído. é o mais antigo. A obra que efetivamente tem 30 anos é esse prédio aqui. Prédios não constroem pessoas. Pessoas constroem prédios. Aqui no CCTA estão aproximadamente 95 professores, quase 300 técnicos de níveis superior, médio, elementar, fundamental. Temos graduação e pós -graduação, as pesquisas e os trabalhos de extensão.

São muitos profissionais formados. Comente

Nesses 30 anos nós temos aqui um grande número de zootecnistas, veterinários e agrônomos que se formaram. Estes impactaram muito a sociedade ao nosso redor. Temos entre os nossos egressos pessoas que estão nas secretarias de agricultura, da maior parte dos municípios do nosso entorno, na Emater, em várias clínicas veterinárias de Campos e das cidades próximas. Nelas trabalham médicos veterinários formados na Uenf.

Eu acho que um dos grandes impactos é a formação de recursos humanos. Tem um outro segundo impacto mais difícil de medir, que vai mais longe, que é a produção científica. Esta não se limita a produzir algo que vá ser imediatamente absorvido na região. Como se sabe, nós produzimos e publicamos em revistas internacionais. Mas, ao produzir ciência, se produz ciência olhando basicamente para o seu entorno, para as necessidades da região.

O CCTA vem estudando muito, por exemplo, na área de zootecnia, a questão da ovinocultura, a questão da seleção de cultivares de forragens que melhor se adaptam à região. A própria questão da administração da empresa rural e a própria economicidade dessa empresa são temas de estudos na Uenf. São aspectos muito relevantes.

Há doenças comuns aqui na nossa região em pets, como a esporotricose e outras zoonoses estudadas aqui na área de veterinária. Já a agronomia, principalmente agora que o campo ao nosso redor vem mudando um pouco o seu perfil de produção, cada vez mais estão sendo utilizadas informações que a Uenf vem gerando há muito tempo. São novos cultivares de milho, pipoca, de mamão, informações com feijões tradicionais, pimentas. Isso tudo vem sendo utilizado pela população.

São muitas pesquisas relevantes também na pós-graduação, não é?

Temos três programas de pós -graduação, inúmeras teses de doutorado e dissertações de mestrado. Acho que um destaque muito interessante do CCTA é a extensão. Nós temos o principal evento de extensão da universidade. O centro já realizou por 16 vezes a Semana do Produtor, que oferece cursos voltados a produtores e trabalhadores rurais, pessoas que querem empreender no meio rural. Alguns cursos são um pouco mais urbanos, mas a principal tônica é o meio rural. Geralmente, em torno de 60 cursos são oferecidos a um valor simbólico. Temos tido bastante procura. A sociedade organizada nos procura para esses cursos, assentamentos, secretarias. Muitas vezes, secretarias de agricultura de outros municípios organizam uma pequena caravana e trazem um ônibus, dois ônibus, com interessados. Durante a semana, consegue-se fazer até uns nove cursos, com quatro a oito horas de duração cada um.

Quantos projetos de extensão existem?

Os projetos de extensão do CCTA ficam em torno de 60 atualmente. São das mais diversas áreas. Dentro do centro tem um projeto de extensão que não é propriamente algo ligado ao meio das ciências agrárias e tecnologias agropecuárias. Trata-se do cursinho pré-vestibular Teorema, que tenta fortalecer a competência dos que têm interesse em ingressar na Uenf.

Há programas e projetos mais clássicos de extensão. Temos um projeto com peixes ornamentais. Há produtores de peixes com projetos que estão ligados a questões de extensão. Destaco a rotina sanitária dos animais soltos em pequenas comunidades, como cães e gatos; projetos que estão ligados ao desenvolvimento de tecnologias que vão facilitar a vida no meio rural, como o uso de inteligência artificial e drones. Há uma vocação do CCTA que é trabalhar com o ensino e fazer a pesquisa com know how, colocar a extensão à disposição da sociedade local através das publicações, globalizando para o mundo inteiro.

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