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Mercado Municipal: 101 anos de muita história

O local é um Patrimônio Histórico de Campos dos Goytacazes

Patrimônio
Por Redação
15 de setembro de 2022 - 12h32
Mercado Municipal (Silvana Rust)

Neste 15 de setembro, o Mercado Municipal, patrimônio histórico de Campos dos Goytacazes, completa 101 anos. Localizado na Avenida José Alves de Azevedo, no centro da cidade, conta com 469 boxes e 450 permissionários atualmente e faz parte de um complexo que inclui o Shopping Popular Michel Haddad e a Feira Livre. A presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Auxiliadora Freitas, afirma que o “mercado é uma parte essencial do comércio do Centro da cidade e vem mantendo a sua função  principal, de comércio e de servir à sociedade”.

Ainda de acordo com Auxiliadora, o Mercado não é apenas um ponto de encontro para os campistas, mas também para quem vem a Campos.

“A história do Mercado Municipal, este patrimônio centenário de nossa cidade é um desfilar de emoções e significados coletivo, familiar, social, econômico e arquitetônico de nossa cidade. O mercado é um território histórico cultural significativo porque nele se estabeleceram laços sociais,  comerciais,  familiares, de afeto, de pertencimento, de histórias que continuam sendo escritas pela sociedade e famílias de nossa Campos dos Goytacazes e visitantes”, completou.

Arquitetura histórica foi inspirada no Mercado de Nice, na França

Mercado Municipal (Foto: Reprodução)

O Mercado foi construído na gestão do então prefeito Luiz Sobral e foi inspirado no Mercado de Nice, na França. A obra foi inaugurada em 1921 pelo prefeito à época, César Tinoco. O prédio possui boxes internos e externos, galeria central e uma torre. A historiadora Rafaela Machado explica que a inspiração da arquitetura francesa veio em decorrência das políticas higienistas importadas da Europa, que eram muito fortes naquele momento.

“O mercado foi erguido para ser símbolo das políticas higienistas importadas da Europa, ele foi levantado em um momento que Campos quer transmitir esse ar de progresso e modernidade. Temos que pensar que, politicamente, a cidade tem um destaque nacional. Desde o século 19 tenta ser a capital do estado. Então, além disso, no ponto de vista econômico, na década de 20, temos a pujança da economia açucareira. Era muito importante que Campos demonstrasse o progresso de uma cidade desenvolvida que precisava ser”, explicou.

Professora e Historiadora, Rafaela Machado (Foto: Reprodução)

A historiadora ainda conta que a obra foi “um marco da arquitetura na época”, por Campos “inspirar ares de modernidade naquele momento”.

“A arquitetura foi pensada desde o início de uma forma muito organizada, limpa e clara. As feiras e os boxes eram bem divididos. Na parte externa, tinha o açougue e a peixaria com todo um processo de refrigeramento e de limpeza diária. Os banheiros que ficavam fora do local justamente como símbolo do higienismo. O Mercado simboliza isso, a incorporação dos valores europeus, e mostrar o grande potencial que a cidade tinha naquele momento”, explica.

Rafaela conclui afirmando que “o mercado existe não só pela arquitetura, mas também pelo comércio e pelas pessoas que dão vida ao local, esse é o sentido de um Mercado Municipal.”

História do mercado se faz com seus permissionários e clientes

A história do Mercado Municipal é marcada pelas histórias individuais de seus 450 permissionários e dos diversos clientes que frequentam o local assiduamente. José Ribeiro, de 79 anos, e Ananias Ribeiro, de 77, trabalham no local há mais de 50 anos. Eles celebram essa data histórica em mais um dia de atividades para ambos.

José Ribeiro (Foto: Silvana Rust)

“É uma marca muito expressiva e alegre para todos nós. A população sempre está aqui nos ajudando a manter o trabalho por tanto tempo. Isso nos faz continuar trabalhando e lutando. O mercado significa só coisas boas para mim. Cultivei grandes amizades e uma boa relação com os outros trabalhadores daqui. É uma irmandade”, agradeceu José, proprietário, há 51 anos, da loja A Pioneira.

Ananias, que tem, há 57 anos, a Banca do Ananias, lembra com orgulho a evolução do local.

“O mercado mudou muito ao longo desses anos. Antes, era uma barraca de lona e a gente tinha que montar e desmontar todos os dias. Hoje, conseguimos ter nosso box de madeira e deixar tudo aqui. Graças a Deus, construímos uma clientela fiel que nos mantém por todos esses anos. É uma data para celebrar, pois meu comércio também completa aniversário hoje”, contou.

Valdéia Rosa Pereira(Foto: Silvana Rust)

Cliente assídua do Mercado, Valdéia Rosa Pereira, de 76 anos, conta que frequenta há anos o Mercado Municipal e lembra com nostalgia sua relação com o local.

“O mercado me remete a minha infância, esse cheiro, os alimentos frescos. Venho comprar verduras e frutas aqui a vida inteira, inclusive prefiro vir aqui no Mercado Municipal do que ir aos super-mercados”, afirmou.

Auxiliadora Freitas (Foto: Carlos Grevi)

Tombamento e revitalização estão sendo discutidos

Para Auxiliadora Freitas, o tombamento e preservação do espaço se faz “urgente”.

“Damos uma atenção especial a esse assunto por ser um espaço importante na preservação da história do município. Esta questão já está sendo encaminhada com o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e na secretaria de Planejamento que tem competência técnica para planejar atendimento de restauração  aos prédios históricos da cidade”, revelou.

Em nota, a secretaria municipal de Planejamento Urbano, Mobilidade e Meio Ambiente, informou que trabalha em um projeto de revitalização do Mercado Municipal e da feira que compõem o espaço.

Confira a galeria de fotos do Mercado Municipal