O mais importante desta decisão é o recado que o prefeito passa, escrevendo em letras garrafais que a crise é grave. Ele poderia até parafrasear o presidente Bolsonaro dizendo que Campos está “quebrada”, mas felizmente não cometeu o erro de dizer “não consigo fazer nada”.
Ao usar a caneta para assinar o decreto que terá que ser apreciado pela Câmara, onde o prefeito tem esmagadora maioria, ele acena que vai conseguir fazer alguma coisa e este pode ser o ponto de partida para a recuperação financeira do município.
Também manda um recado para os fornecedores do município que terão que ter mais jogo de cintura ao negociar com a prefeitura. Não que o decreto proponha qualquer tipo de calote, mas renegociar e negociar em todos os níveis será uma premissa para os próximos 180 dias, prazo em que o decreto vigora.
De município com as contas gordas, cujo orçamento há 20 anos superava o de Curitiba, Campos se vê hoje nesta situação. Não com outras palavras, mas exatamente com essas palavras, o prefeito admite a profunda crise e expõe a fratura. De certa forma, o seu antecessor Rafael Diniz estava certo quando se queixava da falta de recursos.