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Três pessoas morrem após incêndio em hospital do Rio

Causas do incidente estão sendo apuradas por peritos na unidade do bairro de Bonsucesso

Estado do RJ
Por Redação
28 de outubro de 2020 - 7h25

O incêndio que atingiu o Hospital Federal de Bonsucesso na terça-feira (27) causou a morte de três pacientes que estavam internados na unidade de saúde – a maior da rede pública do Rio de Janeiro.

No mesmo dia à noite, o Corpo de Bombeiros recomendou que o hospital esvaziasse dois dos seis prédios que formam o complexo hospitalar. Estavam internados nos edifícios quase 300 pacientes, que seriam transferidos para outras unidades de saúde.

Os bombeiros começaram a combater o fogo na manhã de terça. Uma “luta” que seguiu durante todo o dia. A corporação permanecia fazendo o rescaldo no Prédio 1 da unidade até as 20h, e a expectativa era de que o trabalho avançasse durante a madrugada.

O que se sabe, até agora, sobre o incêndio que provocou a morte de duas mulheres e um terceiro paciente não identificado, e também esvaziou uma das unidades de saúde mais importantes do estado.

Hospital de Bonsucesso foi cogitado para ser referência no combate à Covid-19, mas foi descartado por falta de condições. O Hospital Federal de Bonsucesso não possui certificação do Corpo de Bombeiros, diz comandante da corporação
As duas mulheres que morreram após o incêndio eram pacientes em estado grave internadas no 3º andar do Prédio. No espaço destinado a pessoas infectadas pelo novo coronavírus, estavam 23 pacientes hospitalizados quando o fogo começou.

Houve ainda uma terceira morte confirmada pelo Ministério da Saúde na terça à noite, mas não foram divulgadas mais informações sobre a vítima.

A primeira vítima a ser identificada foi a radiologista Núbia Rodrigues, de 42 anos. Moradora da Penha, também na Zona Norte, ela estava internada em estado gravíssimo do centro de terapia intensiva (CTI) da unidade de saúde com Covid-19.

O filho de Núbia, Patrick Machado, afirmou à TV Globo que a mãe tinha uma saúde boa, sem comorbidades, mas que começou a se sentir mal na quarta-feira (21), com sintomas do novo coronavírus. Depois, o estado de saúde dela piorou.

A segunda vítima, uma idosa de 83 anos, não teve a identidade revelada. A assessoria do hospital informou que ela estava no CTI coronariano da unidade já em estado grave. Ela também não teria suportado a transferência e morreu.

Início do fogo
A direção do Hospital Federal de Bonsucesso informou que o fogo começou no subsolo do Prédio 1, por volta das 9h45. No local, segundo o comunicado, ficava o almoxarifado da unidade de saúde, com mais de 30 mil fraldas descartáveis guardadas. Essa seria uma explicação para a dificuldade dos bombeiros em controlar as chamas.

O Prédio 1 é considerado o principal edifício do complexo hospitalar (veja abaixo o que funcionava em cada prédio). Lá funcionava a emergência e também ficavam pacientes internados. Além disso, era no edifício que eram realizados exames de imagem da unidade de saúde.

À tarde, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Leandro Monteiro, que foi acompanhar o trabalho dos militares, disse que o hospital “não estava adequado” e tinha duas notificações, além de dois autos de infração emitidos pela corporação. A unidade, concluiu o comandante, “não possui certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros”.

“Eu já tinha conversado com o diretor do hospital. O hospital possui duas notificações e dois autos de infração junto à corporação. É muito difícil, quase impossível, interditarmos um hospital com aproximadamente 600 leitos”, contemporizou Monteiro.

Relatório indicava problemas
Um alerta para um possível incêndio no Hospital de Bonsucesso já havia sido emitido pela Defensoria Pública da União (DPU) em ofício enviado à direção da unidade em meados de outubro.

No documento, a Defensoria pediu que os gestores dessem explicações sobre a estrutura de combate a incêndios da unidade. Um relatório de abril deste ano indicava que o prédio tinha diversos problemas que poderiam se transformar em um grande incêndio.

Em outro ofício, a DPU solicitou ao Corpo de Bombeiros que apurasse as condições de funcionamento do hospital, e checasse principalmente se havia planos de gerenciamento de riscos e combate a incêndios e situações de pânico.

Investigação
A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar as circunstâncias do incêndio, e o governador do Rio de Janeiro em exercício, Cláudio Castro, informou que o estado também deverá investigar o que ocorreu.

“O protocolo do estado é que, primeiramente, entre o Corpo de Bombeiro e a Defesa Civil apagando o incêndio e socorrendo as vítimas. Logo após, entra a Polícia Civil com todo o processo de perícia. A fase agora é de perícia. Após a perícia, podemos abrir inquérito para que possamos encontrar o que aconteceu”, comentou o governador.

Fonte: Portal G1