Sair de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, e pisar na Amazônia. A distância é só um dos obstáculos para se chegar às cidades cercadas pela grande floresta. Dois jovens seminaristas católicos campistas, Raphael Ferreira e Fabrício Reis, começaram o ano de 2020 em um território até então desconhecido. Eles partiram em um voo para Belém, no Pará. Depois, em outro avião, seguiram para a cidade de Altamira. Em seguida, tomaram um barco e navegaram por horas pelo Rio Xingu até chegarem à comunidade de Medicilândia. A fé move.
Raphael Ferreira e Fabrício Reis cursam teologia no Seminário Diocesano Maria Imaculada, em Campos. Eles foram escolhidos pela Diocese para fazerem parte de uma missão no Pará. A viagem é feita em parceria com religiosos de outra instituição, o Seminário Arquidiocesano de São José, do Rio de Janeiro. Os seminaristas desembarcaram em Altamira no primeiro dia de janeiro. Por se tratar de uma região relativamente remota da cidade, a comunicação é limitada. Sinal de internet, por exemplo, só quando estão em Altamira, à noite.
Em pouco mais de uma semana, os jovens religiosos puderam compartilhar algumas experiências na Amazônia pelas redes sociais. O Whatsapp é o aplicativo mais utilizado para enviar mensagens e informações da rotina na Amazônia para amigos e familiares que ficaram em Campos. Fotos e vídeos foram exibidos para àqueles que acompanham de longe um pouco da rotina dos missionários.
Para o reitor do Seminário da Diocese de Campos, padre Alexandre Mothé, trata-se de uma experiência de missionaridade na vida dos dois seminaristas. “Eles estão conhecendo a região, divididos em dois grupos. Ao longo deste mês, irão observar diferentes realidades, além de atenderem às comunidades ribeirinhas e terrestres. A Diocese Xingu-Altamira é uma das maiores do Brasil em extensão territorial”, afirmou o padre Alexandre.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o seminarista Fabrício Reis relatou sua ida para o primeiro local da missão.
“Nós estamos navegando pelo Rio Xingu, para iniciar a experiência missionária, rezem por nós para que essa nossa experiência seja proveitosa para a região do Xingu. Nós temos pouca área de internet. À medida que tivermos, iremos compartilhar”, relatou.
Em um dos relatos dos religiosos, o primeiro dia da viagem pela Amazônia surpreendeu. No meio da floresta, longe das facilidades dos centros urbanos, eles encararam muita lama pelas estradas até chegarem à sede do projeto missionário católico. Ali, conheceram algumas famílias que integram a paróquia local. A dona de casa Julia Mattos contou que ficou feliz com a missão realizada pela igreja. “Nossa região precisa de uma presença mais forte dos missionários junto às famílias”, afirmou.
As mulheres desempenham um importante papel para o funcionamento do cristianismo nessa região do Pará, conhecida também pela violência e pelos conflitos agrários que ameaçam vidas humanas e a sustentabilidade da floresta amazônica. Sônia Teresa Federicci, por exemplo, atua como ministra da eucaristia na Paróquia Imaculada Mãe dos Pobres, na cidade de Medicilândia.
“Nós acolhemos os seminaristas. A visita dos missionários é muito produtiva para os moradores daqui, principalmente pelo aprendizado”, explica.
A experiência missionária dos jovens católicos na Amazônia durante o mês de janeiro deve ser a primeira de várias. Antes mesmo de regressarem a Campos para a conclusão dos estudos teológicos, uma viagem de volta ao Pará já está sendo programada. A fé remove montanhas e distâncias, além de comover os corações de quem espera levar e receber boas notícias, como é o caso do evangelho, literalmente.