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Mataram a música brasileira

Neste artigo, Paulo Cassiano Jr. aborda a decadência da música brasileira

Opinião
Por Paulo Cassiano Júnior
31 de março de 2019 - 12h42

Quando recebi a notícia, chorei, chorei, até ficar com dó de mim. Espero que eu possa me acostumar a viver sem você.Eu teria tanto para lhe falar, mas com palavras não saberia dizer. E agora fecho os olhos pra não ver passar o tempo. Sinto falta de você. Anjo bom, amor perfeito no meu peito, sem você não sei viver.

Mas tudo passa, tudo passará, e nada fica, nada ficará. É preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre. O pulso ainda pulsa. Andar com fé eu vou, que a fé não costuma “faiá”.Bobeira é não viver a realidade, e eu ainda tenho uma tarde inteira.

Tudo nasceu assim: meu coração, não sei por quê, bateu feliz quando te viu. E os meus olhos ficaram sorrindo, e pelas ruas foram te seguindo. Você era a coisa mais linda, mais cheia de graça. Seus olhos, meu clarão, me guiavam dentro da escuridão. Teu olhar não me dizia exato quem tu eras, mesmo assim eu te devorava. Te devoraria a qualquer preço.

Todos sabem, você foi o maior dos meus casos; de todos os abraços, o que eu nunca esqueci. Você era linda, mais que demais, você era linda, sim, onda do mar do amor que bateu em mim. Você era algo assim, era tudo pra mim, era como eu sonhava, baby.

Os invejosos diziam que eu era exagerado, jogado aos teus pés.E que eu não podia alimentar a esse amor tão louco (que sufoco!). Não sabem que daqui até a eternidade nossos destinos foram traçados na maternidade. Pois o homem que sabe o que quer, ele faz desse amor sua vida, a comida, a bebida, na justa medida.E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?

Porém, quando me disseram que você estava segurando o tchan e ralando na boquinha da garrafa, fiquei desconfiado de que alguma coisa não estava bem. Antes que eu visse, você disse, e eu não pude acreditar. A semana inteira ficava esperando pra te ver sorrindo, pra te ver cantando, mas você já não era mais a mesma. Ficava dentro do meu peito sempre uma saudade. Só pensando no teu jeito eu amava de verdade.

Eu procurei qualquer desculpa pra não te encarar. Pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa, falar só por falar. Queixei-me às rosas (mas que bobagem! As rosas não falam). E o meu erro foi crer que estar ao seu lado bastaria. Mas você me disse que era eu que amava o passado e que não via, que o novo sempre vem. Que novo?! “Nossa! Delícia! Assim você me mata! Ai, se eu te pego! Ai, ai…”Era isso o “novo”?! Você já estava doce igual caramelo, tirando onda de Camaro amarelo. Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia.

Chegou o dig-dig-joy, dig-joy-popoy, depois o lepo-lepo, mais tarde o quadradinho de oito e muito mais! Agora veio a Jenifer, que você encontrou no Tinder. Logo eu, que cheguei um dia a acreditar que tudo era pra sempre… Sem saber que o pra sempre sempre acaba.Foi quando ouvi um estampido: “Pá!”. Que tiro foi esse?! Que tiro foi esse que tá um arraso?! Era o fim.Quem te viu, quem te vê… Quem não a conhece não pode mais ver pra crer. Ainda vai levar um tempo pra fechar o que feriu por dentro.

E eu gostava tanto de você, gostava tanto de você… Não sei por que você se foi. E de tristezas vou viver, e aquele adeus não pude dar. Enquanto houver sol, enquanto houver sol, ainda haverá…