Ele, um militar de 27 anos. Ela, uma jovem empresária de 21. A conversa no bar de uma boate, o início de um relacionamento, o casamento cinco anos depois.
A história do romance entre Thiago de Barros e Suzielle Réquia poderia ser confundida
com a de milhares de pessoas, não fosse o inusitado fato de o primeiro encontro do casal ter
ocorrido em 27 de janeiro de 2013, dentro da boate Kiss. Naquela noite, 242 pessoas morreram
e 680 ficaram feridas após um incêndio provocado por um artefato pirotécnico durante o show
da banda Gurizada Fandangueira.
Após ouvir os primeiros gritos de “fogo!” e perceber a multidão forçando a passagem
em direção à saída, Suzielle correu até a porta, mas ficou presa na grade e caiu desmaiada. Foi
Thiago quem lhe prestou os primeiros socorros, levou-a ao hospital e fez contato com a família.
Assim é a vida: misteriosa. Por conta de algo que talvez nem tenha explicação, o
encontro entre Thiago e Suzielle terminou, entre sorrisos, no altar, porém poderia ter findado,
entre lágrimas, no cemitério de Santa Maria. Um detalhe, uma fração de segundo, uma decisão,
uma palavra é capaz de fazer todo o restante da nossa história mudar.
Uns chamam esse algo-que-talvez-nem-tenha-explicação de destino. Consideram que os
nossos dias já estão delineados; e o futuro, traçado de maneira fatalista. Quem tem fé coloca na
conta dos desígnios de Deus, esse ser superior, poderoso e soberano, capaz de promover
encontros e desencontros. Outros tratam isso como mera coincidência, uma soma de imprevistos
e eventualidades de alguma forma sincronizada (se você é dos que, como o poeta, acham que o
acaso vai protegê-lo enquanto andar distraído, talvez você tenha fé no acaso e não saiba).
Independentemente de qualquer coisa, todos nós passamos a vida fazendo planos, dos
mais simples aos mais complexos. O início de cada ano é sempre propício para novos projetos:
a busca por um outro emprego, a dieta sempre adiada, o curso de francês, o tratamento na pele,
a matrícula na ioga. De jeito mais sistemático uns, de modo mais desorganizado outros, ainda assim, em alguma medida, procuramos deixar as nossas vidas ordenadas com um mínimo de