Um lugar tranquilo, com estantes enormes. Dentro delas, um acervo que deixa qualquer um boquiaberto. A biblioteca do obstetra aposentado Wellington Paes é uma raridade que poucos campistas conhecem. E o que mais chama atenção: ela fica na própria casa do médico. Aos 85 anos e perto de completar 86 (seu aniversário é no próximo dia 28), o filho de Orbílio de Souza Paes e Anna Fernandes Paes é o terceiro de quatro irmãos – entre eles o ex-prefeito de Campos Wilson Paes. Nascido na Vila de Murundu, 14° distrito de Campos, e tricolor de coração, Wellington guarda com zelo e carinho tudo o que já foi produzido no jornalismo e na literatura da planície. E ele tem mesmo TUDO guardado. O conteúdo inclui obras desde trabalhos de colunistas, jornalistas, poetas, professores e historiadores até arquivos temáticos sobre carnaval, música, teatro, cinema e literatura, além de materiais inteiros de cidades como Campos, Itaperuna, Italva e Cardoso Moreira.
Muitos não têm ideia do material catalogado todos esses anos por Wellington, que, modesto, deixa claro não querer ser considerado um historiador. “Eu estou muito longe de ser um historiador. Muito menos poeta. Apenas considero importante deixar todas essas memórias para as gerações futuras”, conta o médico, que tem uma filha e nenhum neto. Na sua coleção, estão todos os exemplares do Jornal Terceira Via, desde a primeira edição, de setembro de 2016. Leitor ávido, Wellington inclui semanalmente em seu acervo as edições do impresso.
Avesso a tecnologia e às redes sociais, ele lembra que há poucos dias leu um texto sobre um sujeito que proibiu qualquer pessoa de visitá-lo levando o celular. Achou a ideia ótima e diz que, se pudesse, faria o mesmo. “Minha filha senta para almoçar e não desgruda do telefone. Isso me incomoda! Estão todos fissurados nesse aparelho”, reclama ele, que diz nem saber onde fica seu celular.
Mas o histórico aparelho de telefone fixo em estilo castiçal está lá, no mesmo lugar, e ele faz questão de testá-lo para quem não acredite que ainda funcione. E é no mesmo espaço do telefone que estão o aparelho de som e de TV. Assim, Wellington passa a maior parte do tempo na biblioteca, organizando todo o conteúdo da semana. Quando indagado sobre o que mais gosta na sua coleção, ele diz que os livros e materiais de medicina são o seu xodó. Tem registros de todos os hospitais da cidade, públicos e particulares. Mas também fala com carinho, e até se emociona, quando se lembra do irmão, o ex-prefeito Wilson Paes, falecido em 2009.
Todos os jornais que repercutiram a morte do irmão estão guardados em local separado, junto com tudo que guarda do irmão. Um apaixonado pela cidade Acostumado a receber a visita de muitos estudantes e pesquisadores da história de Campos, Wellington sabe da importância de preservar o espaço e deixá-lo sempre o mais atualizado possível. A biblioteca também possui pastas dos autores da cidade e aqueles que escrevem em algum veículo de forma periódica, e por isso tem sempre todos os exemplares dos jornais.
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Quem tem a oportunidade de passar alguns minutos na biblioteca dele sai de lá cheio de inspiração, conhecimento e certamente orgulho dessa cidade tão rica e historicamente importante. “Não sou escritor, não sou historiador e muito menos poeta. Memorialista, colecionador, arquivista, bibliófilo ou guardião da memória campista, são títulos que modestamente aceito. Sou mesmo um apaixonado pela nossa história, principalmente a da medicina campista e a de nossos médicos”.