Hospital Beneficência Portuguesa em Campos (Foto: Silvana Rust)
O diretor do Hospital Beneficência Portuguesa, Jorge Luiz Miranda, se posicionou a respeito da contradição nos diagnósticos de câncer no estômago do aposentado João Pinto dos Santos, divulgada pelo Jornal Terceira Via na terça-feira (17). Segundo ele, “não há dúvidas quanto ao diagnóstico do hospital” e o paciente, de fato, “tem a doença”.
De acordo com o diretor, após a divulgação da reportagem, o setor de Patologia do Beneficência Portuguesa iniciou uma apuração detalhada nas biópsias gástricas ocorridas 20 dias antes e 20 dias depois do exame do aposentado, quando “foi descartada qualquer hipótese de erro no diagnóstico”. “Temos toda a documentação que comprova a veracidade do resultado emitido pelo hospital”, disse.
O diretor apresentou algumas conjecturas para a contradição entre o diagnóstico do Beneficência Portuguesa e o do Álvaro Alvim, emitido pela Prolab. Segundo ele, a lesão no estômago era “precoce” e “pode ter ocorrido de, durante a biópsia, ter sido retirada parte dessa lesão e cicatrizado”, no entanto, “não é possível afirmar que houve cura”. Outra possibilidade levantada pelo diretor é que “a segunda biópsia pode não ter sido feita no local exato da primeira, gerando resultados diferentes”.
— É importante frisar que o prontuário pertence ao paciente e não à instituição, por esse motivo não posso divulgar detalhes sobre o diagnóstico. Mas, de qualquer forma, afirmo que, ao contrário do que disse a família, a bactéria H Pylori não foi encontrada no estômago do paciente e sim o câncer. Além disso, nós orientamos que o paciente fosse acompanhado por um médico e não sabemos se isso está acontecendo — declarou.
Jorge Miranda também destacou a importância da população manter a confiança no Hospital Beneficência Portuguesa. “Muitas pessoas dependem da nossa instituição e, por isso, é importante que a confiança seja mantida. Não podemos deixar a população preocupada, com medo de ter um diagnóstico errado, porque isso não aconteceu”, concluiu.
Quanto à demissão da filha do paciente, Kíssila, o diretor disse que “não apurou a situação”.
Entenda
O aposentado João Pinto dos Santos, de 85 anos, foi diagnosticado com câncer pelo Hospital Beneficência Portuguesa em 2015. Devido à gravidade do diagnóstico, os médicos pediram para que os exames fossem feitos com urgência e, por isso, não poderiam ser executados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Os filhos precisaram gastar cerca de R$ 8 mil com biópsia, ressonância magnética, exame de sangue, entre outros.
Após desconfiar de um dos exames que estaria com nomes trocados, a família decidiu procurar outro médico no Hospital Escola Álvaro Alvim. Lá, ele refizeram os exames onde foi descartada a doença. Ao invés do câncer, o exame apontou uma bactéria e uma úlcera em estado primário, que já foram tratadas. A filha do aposentado, que era lactarista no Beneficência, disse ter sofrido represálias após o corrido e foi demitida meses depois.