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Reconstrução mamária inédita é feita no Hospital Dr. Beda

Procedimento realizado pela Drª. Maria Nagime combina diferentes métodos reconstrutivos

Saúde
Por Ocinei Trindade
29 de setembro de 2025 - 0h02
Inovação|Caso exigiu uma combinação de vários métodos (Fotos: Josh)

Um procedimento inédito de reconstrução mamária foi realizado em Campos dos Goytacazes pela médica mastologista Maria Nagime, no Hospital Dr. Beda. A cirurgia trouxe para a região uma técnica que até então só estava disponível em grandes centros e abriu novas perspectivas para o tratamento de mulheres que enfrentaram o câncer de mama. O caso exigiu a combinação de diferentes métodos reconstrutivos. O diferencial esteve na aplicação da lipoenxertia, associada ao sistema de filtragem Langstem, em uma mama previamente irradiada.

“Foi uma cirurgia de difícil solução, em que a lipoenxertia viabilizou o procedimento em uma pele que, até pouco tempo, seria considerada inviável”, explicou Maria Nagime. A mastologista destacou que a técnica utilizada faz parte da chamada medicina regenerativa.

“Nós utilizamos fatores de crescimento derivados da gordura, o que melhora a qualidade da pele e permite resultados que antes não eram possíveis”, disse. Segundo ela, a lipoenxertia já é usada pela cirurgia plástica em contorno corporal, mas ganha especial relevância na oncologia mamária.

Dra. Maria Nagime

Para Maria Nagime, o procedimento em Campos representa um avanço significativo para a medicina no interior fluminense. “Quando fiz residência em mastologia, sonhava em trazer para minha cidade o que houvesse de mais moderno. Hoje, podemos oferecer procedimentos semelhantes aos grandes centros”, afirmou. Ela ressaltou ainda que nada disso seria possível sem a estrutura tecnológica do Hospital Dr. Beda. “É preciso que haja investimento em tecnologia para que possamos realizar cirurgias de alta complexidade.”

A segurança da paciente começa no pré-operatório, com equipe multidisciplinar, e segue no acompanhamento pós-cirúrgico. “Além disso, a capacitação do cirurgião envolve pós-graduação, estágios em serviços de referência dentro e fora do país, e cursos práticos em técnicas específicas”, explicou.

A paciente que passou pelo procedimento já se recupera em casa. Nagime diz que muitas mulheres chegam à reconstrução depois de resultados insatisfatórios. “Algumas apresentam formatos desfavoráveis das mamas, o que exige novas cirurgias de refinamento ou reconstrução. A lipoenxertia é como um ‘Photoshop da mama’. Ela melhora a qualidade da pele e possibilita reconstruções antes impensáveis. Isso impacta diretamente na autoestima e na qualidade de vida das pacientes.”

Apesar das vantagens, a médica alerta que existem limitações. “Pacientes tabagistas ou com algumas comorbidades podem não ser candidatas ideais”, ponderou. Ainda assim, ela acredita que o avanço tende a se tornar referência em outras unidades de saúde do interior. “A região só tem a ganhar com novas tecnologias nesse cenário do câncer. Cada inovação amplia as possibilidades”, comenta.

 Prevenção
Maria Nagime destacou a importância da prevenção. Em setembro, o Ministério da Saúde ampliou a faixa etária para realização da mamografia de rastreamento, agora indicada entre 40 e 70 anos. “Foi uma medida muito acertada. Estimativas mostram que 22% dos casos de câncer de mama no Brasil ocorrem em mulheres com menos de 50 anos”, afirmou.

Além do rastreamento, a médica reforça cuidados essenciais. “Visitas médicas regulares, atenção às alterações no aspecto da mama e a realização de exames de imagem são fundamentais. Para mulheres com histórico familiar, o ideal é uma avaliação personalizada e, se possível, até um teste genético.”, conclui.