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Morre Sebastião Salgado, ícone da fotografia mundial, aos 81 anos

Fotógrafo mineiro eternizou dramas humanos e belezas naturais com imagens em preto e branco; seu legado uniu arte e ativismo ambiental

Obituário
Por Redação
23 de maio de 2025 - 12h30

Sebastião Salgado (Instagram)

Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia contemporânea, morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização ambiental fundada por ele e por sua esposa, Lélia Deluiz Wanick Salgado. A causa da morte não foi divulgada. O fotógrafo mineiro deixa um legado que transcende a arte e se inscreve na história da luta pela justiça social e pela preservação ambiental.

“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade”, destacou o Instituto em nota oficial.

Nascido em Aimorés, Minas Gerais, em 1944, Salgado era formado em economia, mas trocou os números pela imagem nos anos 1970, quando descobriu a fotografia. A partir de 1973, iniciou uma carreira marcada por reportagens profundas em mais de 120 países. Seu trabalho é reconhecido pela delicadeza e força com que retratou o trabalho humano, os fluxos migratórios e a exuberância da natureza, sempre em preto e branco.

Entre seus projetos mais emblemáticos estão “Trabalhadores” (1993), um épico visual sobre a labuta em diversas partes do planeta; “Êxodos” (2000), uma denúncia visual das crises migratórias; e “Gênesis” (2013), uma celebração da beleza ainda intocada do planeta. Suas imagens, amplamente premiadas e expostas, emocionaram plateias em museus e galerias pelo mundo.

Em 1998, já consagrado como fotógrafo, fundou com Lélia o Instituto Terra, voltado à recuperação de áreas degradadas na Mata Atlântica. A iniciativa conseguiu reflorestar mais de 600 hectares no Vale do Rio Doce, em Minas, e se tornou exemplo global de recuperação ambiental.

Salgado declarou em diversas ocasiões que não se via como artista, mas como testemunha e emissário do mundo. “A fotografia é o espelho da sociedade”, afirmou ao receber uma homenagem da Organização Mundial de Fotografia, em Londres. Ao anunciar sua aposentadoria em 2024, disse ao The Guardian que seu corpo já sentia os efeitos de décadas em campo: “Sei que não viverei muito mais. Mas não quero viver muito mais. Já vivi tanto e vi tantas coisas”.

Com sua lente sensível e militante, Sebastião Salgado documentou não só o mundo, mas a alma humana em suas múltiplas dimensões. Seu trabalho permanece como um apelo visual à empatia, à justiça e à preservação do planeta.