A segunda noite dos desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro, realizada nesta segunda-feira (3), foi marcada pelo brilho da Beija-Flor de Nilópolis e do Acadêmicos do Salgueiro. Em uma noite dominada por enredos com temática afro, Unidos da Tijuca e Unidos de Vila Isabel também se destacaram com apresentações envolventes na Marquês de Sapucaí. Nenhuma das escolas ultrapassou o tempo limite de 80 minutos e, com o novo modelo de apenas quatro desfiles por dia, a Vila Isabel encerrou sua apresentação às 4h24, antes do amanhecer.
A Unidos da Tijuca, que terminou em 11º lugar em 2024, apostou em um enredo sobre o orixá Logun-Edé para buscar seu quinto título no Grupo Especial. O desfile explorou a dualidade da entidade, com integrantes grávidas representando sua gestação sagrada no abre-alas e a juventude do Morro do Borel integrando a narrativa. A proposta foi bem recebida pelo público e pela crítica especializada, consolidando a escola entre as candidatas ao título.
Um dos momentos mais emocionantes da noite foi protagonizado pela Beija-Flor de Nilópolis. Em seu último desfile como intérprete oficial da escola, Neguinho da Beija-Flor conduziu um samba-enredo que homenageava Laíla (1943-2021), lendário carnavalesco responsável por diversos dos 14 títulos da agremiação. A comissão de frente trouxe uma representação do artista como criança, sendo abençoado por santos, e uma alegoria com velas eletrônicas emergindo do chão emocionou os espectadores.
O adeus de Neguinho, após 50 anos de trajetória na Beija-Flor, foi marcado por uma performance arrebatadora do samba-enredo e da bateria, que empolgou a Sapucaí com longas paradas. O último carro alegórico relembrou o icônico Cristo coberto do desfile de 1989, trazendo a faixa com os dizeres “De orum, olhai por nós”, que não conseguiu ser completamente desenrolada durante a apresentação.
Depois de um quarto lugar em 2024, o Salgueiro tenta seu décimo título do Grupo Especial com um enredo sobre o corpo fechado por amuletos e outros rituais de proteção da cultura popular brasileira.
Seguindo a comissão de frente, que “botou fogo” em um terreiro alegórico na avenida, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira representaram Xangô e Iansã, dois orixás guerreiros.
A Vila Isabel, por sua vez, apostou em inovação e tecnologia para contar a história do homem que enganou o diabo, com o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece!”. A comissão de frente contou com os atores Amaury Lorenzo e José Lorenzo, além de um drone que deveria representar a transformação do herói em uma abóbora voadora. No entanto, o equipamento enfrentou problemas e caiu logo no início da apresentação, gerando um contratempo inesperado para a escola.
O desfile da Vila Isabel ocorreu em meio a um contexto de debate sobre enredos afro, impulsionado por declarações polêmicas do carnavalesco Paulo Barros. Apesar das controvérsias, a escola apostou em uma narrativa forte e uma estética marcante, reforçando a predominância do tema nas apresentações do Grupo Especial em 2025.
Os desfiles do Grupo Especial continuam nesta terça-feira (4), quando Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio e Portela fecham a maratona carnavalesca da Sapucaí. O clima de expectativa segue alto para a definição das notas e a consagração da campeã do Carnaval do Rio de Janeiro.