Em 2 de março de 2023, o caso de Letycia Peixoto Fonseca, grávida de oito meses assassinada a tiros, chocou Campos dos Goytacazes e trouxe à pauta a violência contra a mulher e o feminicídio. Dois anos após o crime, o caso avança na Justiça, com três réus prestes a enfrentar o tribunal do júri em maio, enquanto o suposto mandante, Diogo Nadai, segue preso aguardando decisão sobre recursos.
Crime
Letycia tinha 31 anos e aguardava o nascimento do primeiro filho, o bebê Hugo, quando foi baleada cinco vezes ao chegar à casa da mãe, no Parque Aurora. Uma câmera de segurança gravou o momento em que o carro onde estava a vítima estacionou em frente à casa de sua tia, e Letycia é surpreendida por dois homens em uma moto, que abriram fogo. Ela foi atingida por um tiro na face, dois no tórax, um no ombro e um na mão esquerda. A mãe de Letycia, fora do veículo, tentou segurar a moto, mas foi baleada na perna.
As duas foram socorridas para o Hospital Ferreira Machado (HFM). A mãe foi atendida, submetida a exames e teve alta. Letycia não resistiu aos ferimentos e morreu. O bebê Hugo nasceu de 30 semanas, pesando 1,7 kg, após uma cesariana de emergência.
A criança foi encaminhada para o hospital da Beneficência Portuguesa, onde deu entrada na UTI Neonatal às 22h. O menino faleceu às 8h da manhã de sexta, 3 de março de 2023, em consequência de insuficiência respiratória e distúrbio cardiovascular.
Diogo Viola Nadai é o pai do bebê Hugo. Ele tem 40 anos e, além de professor universitário, foi denunciado como mandante do crime.
Processo
Em 19 de fevereiro de 2024, foi assinada pelo juiz Adones Henrique Ambrósio Vieira, titular da 1ª Vara Criminal do Tribunal do Júri de Campos, a Sentença de Pronúncia que definiu que os réus vão a júri popular. De acordo com o processo, Diogo Viola Nadai responderá por homicídio qualificado (parágrafo 2º do artigo 121 do código penal) de Letycia, cometido mediante paga ou promessa de recompensa (inciso I); por motivo fútil (inciso II); através de emboscada, ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima (inciso IV). Também responderá por feminicídio, com o agravante do crime ter sido cometido durante a gestação, podendo aumentar a pena. Por fim, Diogo também responderá pelo homicídio qualificado do bebê Hugo, nos incisos I e IV, com o agravante de ser pai da vítima, além de ser réu por tentativa de homicídio de Cíntia Fonseca, mãe de Letycia.
Outros três homens são réus no processo. Fabiano Conceição da Silva, apontado como executor do assassinato; Dayson dos Santos Nascimento, indicado como condutor da moto usada no crime; e Gabriel Machado Leite, intermediador entre o mandante e a dupla executora do homicídio. Os três vão à júri popular no dia 21 de maio.
Gabriel, intermediador do crime, foi preso na manhã do dia 21 de fevereiro deste ano. Ele descumpriu as medidas da prisão domiciliar, decidida por conta dos dois filhos com deficiência de Gabriel.