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Sem a menor cerimônia, Lula muda tom de discurso sobre B. Central

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
30 de outubro de 2024 - 17h26
Foto: reprodução Internet

Mesmo antes de tomar posse, o presidente Lula da Silva fez severas críticas à política monetária do Banco Central, conduzida por Roberto Campos Neto, culpando os juros altos de impedir o crescimento da economia.No período inicial do governo, marcado por falas desastrosas do mandatário sobre os mais diferentes temas, Lula repetia que Campos Neto “não entendia nada de Brasil e de povo”, acrescentando que o presidente do BC “não era dono do Brasil”.

Lula defendia que era preciso colocar dinheiro na mão do povo para fazer a “economia girar” – entendimento que colidia frontalmente ao que pregavam os principais economistas do país, no sentido de que a política do Banco Central estava correta e que uma mudança naquele momento poderia ter consequências imprevisíveis.

Não cedeu – Apesar da pressão, Campos Neto só veio baixar a taxa de juros oito meses depois, em agosto de 2023, convencido que a manutenção da Selic nos momentos certos é que impedia que a inflação disparasse. Advertia, ainda que a maior dificuldade do Brasil está nas despesas públicas, “bastante acima da média do mundo emergente e desenvolvido”.

Agora, um ‘novo” discurso

Em recente declaração, o presidente Lula mudou o tom, enfatizando estar “satisfeito com os resultados de seu governo e que a inflação estava controlada”. Acrescentou, também, que há pouquíssimos países com a estabilidade e o crescimento do Brasil.Ora, o motivo da inflação ter se mantido sob controle e impedido que a economia entrasse em colapso foi a austeridade de Campos Neto, que, ao contrário do que queria o presidente, não baixou a Selic de forma desvairada e não colocou dinheiro ‘na mão do povo’, o que teria sido um erro de consequências imprevisíveis.

Acusações de Hoffmann – Há que lembrar, também, das falas da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, contra Campos Neto, a quem chegou a chamar de “especulador medíocre”, argumentando que ninguém aguenta mais a taxa “imposta pelo bolsonarista”. A petista chegou a pedir que o Senado interviesse na política de Campos Neto. Contudo, no governo Dilma, a Selic chegou a 14,25%, e a então senadora não disse nada.

Mudança no BC

Como o novo presidente do BC, indicado por Lula, deve tomar posse em janeiro, é hora de fazer o que antes queria: uma baixa radical da Selic. Só que agora o tom é outro, com o presidente considerando que a taxa de juros ainda é alta, “mas que haverá de ceder”. “Haverá” é bem diferente de baixar a qualquer custo….